A não participação do Progressistas do governador Gladson Cameli na gestão do presidente Jair Bolsonaro pode levar o Palácio Rio Branco a enfrentar dificuldades na busca por recursos federais que são vitais para o funcionamento da máquina pública. O PSDB do vice Major Rocha também ficou de fora do composição ministerial de Bolsonaro.
Entre os partidos que compõem a aliança de Gladson Cameli, apenas o DEM do deputado federal Alan Rick obteve espaço mais privilegiado. A legenda ficou com dois importantes ministérios: o da Saúde e o da Agricultura. Os democratas também terão participação direta na elaboração da política do governo Bolsonaro, já que ocupam a Casa Civil com Onyx Lorenzoni.
Outro partido aliado de Gladson abrigado na nova Esplanada é o MDB, que ocupa o Ministério da Cidadania.
Apesar desta boa entrada do DEM no primeiro escalão de Bolsonaro, Gladson Cameli sabe que não terá a mesma influência e facilidade dos tempos em que o PP ocupava ministérios importantes nos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, além do emedebista Michel Temer.
Até dezembro sua legenda estava no Ministério da Saúde, chefiada por Gilberto Occhi, aliado próximo do governador acreano. Durante o mandato de Dilma, Occhi ocupou o Ministério das Cidades e a presidência da Caixa Econômica Federal.
Foi neste período em que o então deputado federal progressista obtinha grande facilidade para liberar suas emendas parlamentares aos municípios do Acre, principal bandeira eleitoral usada para concorrer ao Senado, em 2014, e para o governo em 2018.
Com o partido fora do governo Bolsonaro, até o momento, Gladson Cameli sabe que precisará de muita articulação política para o Acre contar com um bom volume de verbas federais. Essa articulação se fará ainda mais necessária ante a tendência do ministro da Economia, Paulo Guedes, fechar a torneira dos gastos públicos, incluindo os investimentos.
Durante seu discurso de posse nesta quarta (2), ele já deixou claro que uma de suas prioridades será passar a tesoura nos despesas federais para conter o déficit nas contas da União. A medida prejudica estados pobres como o Acre, que dependem diretamente dos repasses federais.
O estado já sente as consequências do repasse menor de recursos por parte de Brasília. Nos últimos três anos, segundo dados do governo passado, o Acre deixou de receber R$ 400 milhões, apenas do Fundo de Participação dos Estados.
Ao novo governador caberá reforçar ainda mais a política do pires na mão pela Esplanada dos Ministérios para reaver este dinheiro e obter mais. Desta vez, contudo, ele terá a desvantagem de não contar com a retaguarda do Progressistas.
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