Se há um ponto que marcou a disputa polarizada pelo Palácio Rio Branco entre Gladson Cameli (PP) e Marcus Alexandre Viana (PT) foram as críticas, feitas pelo petista, da não ida do adversário ao Tribunal Regional Eleitoral para o ato de registro de candidatura, outorgando a seus advogados a missão. Alexandre disse que Cameli “terceirizou” um dos momentos mais importantes da campanha, fato que por vezes recorria para enfraquecer o oponente.
A tentativa não deu certo e Cameli ganhou ainda no primeiro turno. Faltando poucos dias para o eleito assumir o cargo de governador do Acre pelos próximos quatro anos, o tema terceirização volta a ganhar força, desta vez como uma das características da equipe de transição.
Além de ter passado os últimos meses longe do convívio com a sociedade e a imprensa – colocado como que numa bolha desde o pós-eleição – Gladson Cameli deixou transparecer aos seus eleitores que praticamente terceirizou toda a condução do gabinete de transição para seus homens de confiança: o conselheiro Antônio Malheiros, do Tribunal de Contas do Estado (TCE), e seu futuro chefe da Casa Civil, Ribamar Trindade, indicação de Malheiros.
Inexperiente nas funções do Poder Executivo, o ex-deputado federal e ex-senador viu na entrega dos trabalhos de transição para Trindade e Malheiros uma forma de “atestado de qualidade” pela ampla formação e experiência dos dois. Ao praticamente conceder carta-branca ao próximo chefe da Casa Civil, Gladson Cameli transferia a responsabilidade de formar uma equipe técnica, além de fazer um prognóstico fidedigno da atual situação fiscal do Estado.
O problema é que essa terceirização acabou por causar desgastes políticos para o governador eleito antes mesmo da posse. Houve até mesmo ameaça de rompimento do vice-governador eleito, Major Rocha (PSDB), que ficou insatisfeito com a interferência do gabinete de Trindade em suas indicações para a alta cúpula da Segurança.
Após muitas negociações, Cameli teve que controlar seus auxiliares técnicos, partindo para a negociação política, deixando Rocha à vontade para compor o time da Segurança, que indicou do secretário ao comandante dos Bombeiros. Os problemas não paravam por aí. Os tucanos também queriam a Agricultura, pasta almejada pelo PSD do senador Sérgio Petecão.
O parlamentar perdeu a queda de braço e a secretaria ficou com o partido de Rocha. Mais uma vez ameaças de rompimento, agora do “senador 100% popular”, o mais votado para o Senado em 2018. Até agora ainda não se sabe como o PSD será acomodado, mas nos bastidores a informação é de que tudo estaria apaziguado entre Petecão e Cameli.
Outro ponto que marcou a transição foi a pouca transparência e exposição do governador eleito. Ao contrário do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), que com frequência concede entrevistas até nos momentos mais desconfortáveis, os assessores de Gladson Cameli (PP) parecem ter o colocado numa caixa blindada.
Não se soube as opiniões pessoais de Cameli sobre temas importantes como a atual situação financeira do Estado, como pretende controlar o déficit da Previdência, como colocará em prática seu plano de abrir o Acre para o agronegócio num contexto ambiental amazônico conturbado.
Quem perdeu diante dessa postura foi o cidadão acreano, que não teve ideia de, ao menos, especular como será o estilo do próximo governador, que é comedido até mesmo em suas redes sociais – outra diferença em relação a Bolsonaro e tantos outros políticos da atualidade.
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