O uso de uma empresa fantasma para desviar recursos do Fundo Eleitoral por parte de candidatos do Partido Republicano Brasileiro (PRB) pode ser constatado na prestação de contas entregues à Justiça Eleitoral pela deputada estadual reeleita Juliana Rodrigues e o deputado federal eleito Manuel Marcos.
Essa é a principal acusação da Polícia Federal que resultou no pedido de prisão preventiva da dupla, acatada pela Justiça Federal e cumprida na última terça-feira (11) durante a Operação Santinhos.
Segundo a PF, a ML Serviços emitia notas fiscais como se tivesse produzido material gráfico de campanha dos dois candidatos – santinhos, daí o nome da operação -, sendo que ela nunca tinha adquirido uma única resma de papel.
Chamou a atenção dos investigadores a nota que especificava a impressão de 18 milhões de santinhos, para um estado com pouco mais de 500 mil eleitores. Análise feita por ac24horas junto à prestação de contas da deputada e do presidente da Câmara de Rio Branco aponta que, sozinha, a empresa chegou a abocanhar 90% dos recursos do fundo enviado pela direção nacional do PRB.
A deputada Juliana Rodrigues declarou receitas de R$ 601 mil, sendo a quase totalidade de verba do fundão bancado com recursos públicos. Desse montante, R$ 577 mil foram para a conta da ML Serviços, empresa que tinha como proprietário Thaisson de Souza Maciel, preso na Operação Santinhos em Manaus.
Outros R$ 650 mil também foram transferidos para a ML Serviços pela campanha de Manuel Marcos, de um total de R$ 850 mil declarados como receitas. Como segunda maior despesa da dupla está a compra de combustível, mas bem longe do gasto estrondoso com material gráfico.
A movimentação atípica chamou a atenção dos investigadores tanto pelo volume de recursos transferidos para a empresa como pelo de santinhos impressos – ou não impressos. Em tempo de campanhas voltadas para as redes sociais, poucos candidatos preferem fazer investimentos vultuosos em material gráfico ante sua pouca eficácia midiática.
Segundo as investigações da PF, o esquema desviou R$ 1,5 milhão, dinheiro que teria sido usado para a compra de votos. O valor representa quase a totalidade dos recursos do fundo eleitoral repassados pela direção nacional do PRB. Apenas o diretório estadual recebeu R$ 540 mil, sendo outros R$ 700 mil para a campanha de Manuel Marcos e mais R$ 260 mil para Juliana Rodrigues.
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