A vida da enfermeira Sandra Stracke mudou quando o filho foi diagnosticado com autismo. A criança apresentava dificuldades e até fobia social. Hoje, ao nove anos tem uma nova perspectiva pela frente. “A melhora com a Constelação Familiar foi incrível. Hoje, meu filho conversa e se desenvolve como uma criança normal. Os sete profissionais que o acompanham não conseguem mais dar o mesmo diagnóstico”, celebra a paranaense.
Na última semana, Sandra se uniu a profissionais de várias partes do mundo para conhecer mais sobre a aplicabilidade dos conhecimentos do filósofo e professor alemão, Bert Hellinger. O 1º Congresso Internacional da Hellingerschule — DNA da Constelação Familiar aconteceu entre os dias 6 e 9 de dezembro, no Espaço Hakka, em São Paulo. O evento teve como presidentes de honra, o filósofo e pedagogo alemão, Bert Hellinger e sua esposa, Sophie Hellinger.
Durante os quatro dias de encontro, o tema da constelação familiar foi abordado em amplas áreas da saúde, jurídicas, empresariais, familiares e pessoais. Através de palestras e dinâmicas, o público pode vivenciar experiências que comprovam como esta ciência se aplica nas mais variadas relações humanas.
Uma delas pode acontecer na sala de aula proporcionando incontáveis benefícios para estudantes e suas famílias. “De modo geral, os pedagogos estão muito interessados na transmissão de conteúdo quando deveriam estar preocupados no olhar que estão tendo com as crianças que acompanham”, sinaliza Angelica Olvera, diretora Corporativa Acadêmica e de Investigação Educativa da Universidade Emílio Cárdenas, no México.
Á luz das reflexões de Bert Hellinger, educadores têm sido desafiados a colocar em prática as leis da Ordem do Amor. São elas: o pertencimento, a ordem hierárquica e o equilíbrio entre o dar e o receber. A Pedagogia Sistêmica tem ajudado professores, pedagogos, diretores, pais e outras pessoas ligadas ao universo da educação, especialmente quando envolve crianças.
A transferência da visão sistêmica da terapia familiar para a docência permite perceber as pessoas, não como indivíduos isolados, mas como parte de uma estrutura inter-relacionada. A chamada Pedagogia Sistêmica vem de encontro com a necessidade de gerar e fortalecer o vínculo entre os professores e os alunos incluindo o sistema familiar de origem.
“O grande pecado que pode ser cometido por professores em todas as partes do mundo é querer ocupar o lugar dos pais dos alunos”, alerta a especialista lembrando que, quando o professor percebe na criança a ausência materna ou paterna e se sente no dever de assumir esse papel, a aprendizagem é prejudicada.
O desafio de educar hoje exige uma nova visão sobre os relacionamentos humanos e a forma de ensinar. É preciso também aprender a respeitar o tempo de aprendizagem de cada criança. “A escola pode ser um campo de inclusão ou de exclusão”, destaca Olvera.
A experiência da Pedagogia Sistêmica é ainda escassa no Brasil. Recente, o método vem despertando o interesse de profissionais de diversas áreas. Em uma das escolas de formação, a Hellingerschule, em São Paulo, 600 alunos, de diferentes campos do conhecimento, estão em processo de formação. Fundada em 2016, cem outros já foram graduados.
Fernanda Carvalho – Agência Educa Mais Brasil