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Daniel Zen: O PT fará uma oposição responsável ao Gladson sem revanchismos

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O PT que governou o Acre por 20 anos deverá passar por uma grande reformulação depois da derrota nas urnas em 2018. As circunstâncias do partido afastado do poder proporcionará o surgimento de novos protagonistas para conduzirem os rumos da legenda. Entre os nomes que devem se destacar no processo de renovação do PT acreano está o deputado estadual reeleito Daniel Zen (PT). Um jovem advogado que já passou por cargos executivos na Cultura e Educação e é o líder do atual Governo petista na ALEAC.


Zen conversou comigo com exclusividade e apregoou uma mudança de atitude dos membros do seu partido. Acredita que é preciso abandonar a arrogância e a soberba, no entanto, sem abaixar a cabeça. Argumenta que o PT passou por uma campanha difamatória na mídia e nas redes sociais sem precedentes, mas que deixou uma obra de avanços sociais no país e no Acre que ao tempo certo será reconhecida pela população. Preferindo o estilo diplomático Zen reafirmou que o partido fará oposição ao Governo de Gladson Cameli (Progressistas) com responsabilidade e sem revanchismos e boicotes. Acompanhe a entrevista:


ac24horas – Quem vai liderar o PT do Acre no próximo ano?

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Daniel Zen – O PT, assim como toda a esquerda, deve passar por um processo de profunda reflexão. A mim não interessa tanto quem vai liderar e sim como será exercida essa liderança. Me interessa um processo de debate e de condução partidária plural, inclusivo e participativo, que não suprima ou passe por cima de nenhuma instância partidária, mas que saiba ouvir e respeitar a posição das lideranças maiores: os que já exerceram ou continuarão exercendo mandatos, por exemplo. Mas, tem que incluir a todos os filiados, movimentos sociais, militantes e simpatizantes. Nada de “capismo”, ou seja, decisões apenas dos “capas-pretas” e “cardeais do partido”.


ac24horas – Tem possibilidades do senhor voltar a ser o presidente do partido?


DZ – Não retornarei a presidência do diretório regional, por achar que ela deve ser exercida, nesse momento, por alguém que não esteja no exercício de um mandato e que possa se dedicar, exclusivamente, e com muito afinco, a esse processo de construção e reorganização do partido.


ac24horas – Qual a postura que o PT deve adotar em relação ao novo Governo do Estado comandado por Gladson Cameli?


DZ – A postura deve ser de oposição, mas não uma oposição irresponsável, raivosa ou cheia de rancores e mágoas. Longe disso. Deve ser uma oposição cujo debate siga pelo caminho da contraposição de ideias e posturas. Nada de revanchismos ou boicotes.


ac24horas – Qual o caminho para a renovação interna do partido no Acre?


DZ – O caminho para a renovação é saber respeitar e dialogar com os movimentos sociais, com a juventude, com a velha guarda, enfim, com todos. É preciso reconhecer as falhas e erros sim, mas, sobretudo mudar de postura e dar o exemplo. Como fizemos agora, recentemente na ALEAC, em que fui o redator e relator da Lei Complementar que extinguiu o auxílio-moradia e outros privilégios de deputados.


ac24horas – A quê o senhor atribui a derrota eleitoral do PT no Acre, em 2018?


DZ – Atribuo a derrota ao conjunto de nossas falhas e erros, acumulados ao longo de 20 anos, somados à onda conservadora, nacional e global, que elegeu Trump (EUA), Macron (França), Macri (Argentina) e, agora, Bolsonaro no Brasil. A decepção e o desencanto das pessoas com a política, os políticos e os partidos tradicionais tem alçado ao poder os chamados outsiders. Claro que, no nosso caso, tem as questões locais. Afinal, 20 anos no poder foram responsáveis por muitas conquistas, vitórias e acertos, melhorias concretas na qualidade de vida do povo acreano. Mas, também houve muitos erros, falhas e equívocos. E chega uma hora que o acúmulo disso satura a população. Junta isso tudo com a onda conservadora nacional e mais as falhas na condução da campanha eleitoral, deu no que deu.


ac24horas – Qual a autocrítica interna que o PT acreano deve fazer depois do resultado eleitoral de 2018?


DZ – Mais importante do que a autocrítica é a mudança de posturas, atitudes, estratégias… Não basta reconhecer os erros. Há que se trabalhar pra que eles não sejam mais cometidos. Mas, devemos ter consciência também de que, no plano nacional e também local, houve uma campanha sórdida, da grande imprensa, aliada a setores do Judiciário, MP, Polícias e poderosos da economia, que gerou um ódio ao PT e um movimentos de anti-petismo na sociedade. Veja: o partido que mais tem políticos envolvidos na Lava-Jato é o Progressistas (antigo PP) e não o PT. São 21 contra 6. No entanto, as pessoas criaram ranço do PT e não do PP. Por que isso? Por conta dessa campanha sórdida de anti-petismo, patrocinada por ricos e poderosos, tanto na imprensa quanto nas redes sociais. São fake news e uma série de coisas espalhadas para criar na cabeça das pessoas que o problema é o PT e não os outros partidos, que sempre agiram de modo muito pior. Autocrítica é importante. Mas, não sejamos ingênuos. E nem queiram que nós adotemos uma postura de judeus diante do holocausto, porque não vamos abaixar a cabeça: houve trapaça e sordidez dos adversários para conosco. Temos de abaixar o nariz, e deixar de lado a arrogância, a prepotência e a soberba. Mas a cabeça tem de permanecer erguida com altivez. Porque fizemos muito pelo povo brasileiro e pelo Acre. E o povo soube reconhecer isso. E, na hora certa, saberá reconhecer, mais uma vez.


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