Após toda a confusão ocasionada em torno da indicação feita pelo vice-governador eleito, Major Rocha (PSDB), para a Secretaria de Segurança Pública do governo Gladson Cameli (PP), os tucanos querem ficar de fora, oficialmente, da indicação de um nome para a pasta, preferindo emplacar o futuro chefe da Agricultura.
No segundo escalão, outro desejo do partido, é ficar no comando da área cultural, por meio da presidência da Fundação de Cultura Elias Mansour, que ficará subordinada à Secretaria de Educação.
Nos bastidores, tucanos resmungam da composição do primeiro escalão do governo eleito, afirmando que o PSDB não vem sendo contemplado conforme seu tamanho. Eles afirmam que o senador Gladson Cameli não foi eleito sozinho, mas numa chapa formada por 12 legendas. Num governo de coalizão, comentam, os aliados precisam estar contemplados.
O tucanato afirma respeitar a decisão da equipe de transição de se basear muito mais em critérios técnicos do que políticos para compor o primeiro escalão dos próximos quatro anos, mas que os partidos devem ser levados em consideração.
Sobre a pasta da Segurança, os tucanos dizem se tratar muito mais de um acordo pessoal de Cameli com Rocha, e que qualquer indicação não será atribuída à conta do partido.
Conforme um interlocutor tucano ouvido pela reportagem, desde o início da campanha o então candidato Gladson Cameli vendia a imagem de Rocha como solução para a crise de violência no Acre por sua experiência como policial militar.
Dias antes do governador eleito anunciar parte do seu secretariado, o nome do procurador de Justiça João Marques Pires tinha sido “apresentado” por Rocha como o novo comandante da Segurança Pública. Alegando problemas pessoais, ele desistiu do cargo.
Nos bastidores, contudo, havia queixas pelos tucanos de que Rocha e seu secretário não teriam autonomia completa para indicar os chefes das áreas subordinadas à pasta, como o Detran, o Gabinete Militar, mais os comandos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.
A insatisfação chegou a provocar até rumores de rompimento de Rocha com Cameli antes mesmo de assumir o Palácio Rio Branco. O racha, porém, foi negado pelo senador, dizendo ser mais fácil ele ser deixado por sua mulher, Ana Paula Cameli, do que pelo vice tucano.
Agricultura de Mara Rocha
Passada toda a confusão na área da Segurança – porém não equacionada – o PSDB está de olho na futura pasta da Agricultura. Este setor o tucanato quer assumir, de fato, como atribuição da legenda, colocando na cota da deputada federal eleita Mara Rocha (PSDB), irmã do vice-governador e a campeã de votos na disputa para a Câmara dos Deputados.
Para Pedro Corrêa, presidente do PSDB no Acre, Mara Rocha tem histórico de atuação no setor rural – por muito tempo liderou um programa de TV voltado para o campo – com parte de sua campanha focada no fortalecimento do agronegócio acreano.
Os tucanos precisarão enfrentar o PP de Cameli, já que este também foi um dos carros-chefes da campanha do senador. O futuro da Agricultura ainda é desconhecido. Além de não se ter o nome do secretário, é incerto como ficará a sua estrutura.
Atualmente o setor está dividido em duas pastas: a de Agricultura e Pecuária (Seap) e a Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof). Com a política adotada pela equipe de transição de enxugar o número de secretarias, os auxiliares de Gladson Cameli analisam se farão uma fusão, ou cada uma com vida própria.
Caso sejam fundidas, ela passa a ter status de supersecretaria responsável por não fazer naufragar uma das principais promessas de campanha de Cameli: escancarar o Acre para o agronegócio. A tarefa dos tucanos não é nada fácil. Eles colocaram o nome de um técnico da Embrapa para ser o chefe da secretaria.
Gladson Cameli ainda não definiu o titular de três secretarias, sendo duas motivo de desentendimento com o partido do vice: Segurança e Agricultura. Outra que ainda está órfã é a do Meio Ambiente. A tendência é que o trio seja apresentado ao público após 15 de dezembro.
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