O jornalista acreano Pitter Lucena denunciou nesta sexta-feira (23) que estaria recebendo ameaças de morte após o início de uma investigação sobre o massacre de Pando, na Bolívia, em setembro de 2008, que resultou na morte de 17 camponeses, dezenas de prisões, além da fuga de centenas de bolivianos para o Brasil.
O banho de sangue na fronteira do Acre foi atribuído ao então governador de Departamento de Pando, Leopoldo Fernandez, mas informações privilegiadas apontam para um plano arquitetado pelo presidente Evo Morales para aniquilar seus adversários políticos em vários estados do País vizinho O jornalista quer escrever um livro sobre o episódio.
As ameaças estão sendo feitas através de ligações telefônicas, cujos números e nomes são de pessoas amigas do jornalista, desta forma se esconde as verdadeiras identidades dos ameaçadores. Numa dessas ligações feitas no dia 20 de novembro, um homem afirmou que o repórter estaria “mexendo onde não deveria” e, que em breve, receberia visitas para colocar um ponto final sobre o assunto.
“Vejo isso como ponto de intimidação para não prosseguir com o trabalho que venho fazendo com os refugiados que fugiram da prisão ou morte da ditadura boliviana. Comuniquei o caso a um delegado da Policia Federal, em Brasília, para saber de onde são originadas essas ameaças”, disse Lucena.
As ligações de ameaças tiveram início logo depois que o jornalista teve contato com um alto funcionário do Poder Judiciário boliviano, refugiado no Brasil. Lucena afirma não ter dúvida de que os refugiados estão sendo monitorados em território brasileiro, resta saber quem controla a vida dessas pessoas.Em setembro o jornalista esteve na cidade de Cobija, palco do massacre, para levantar informações e fazer contato com os refugiados que residem na fronteira brasileira.
O objetivo, depois de todo o material coletado, será a produção de um livro sobre a vida dessas famílias que fugiram da morte na Bolívia e, que vivem em situação de miséria no Acre. Dois políticos, principais opositores de Evo Morales, estão fora de combate. O ex-governador Leopoldo Fernandez, acusado pelo presidente de ser o mentor do massacre, está preso em La Paz; o ex-senador Roger Pinto Molina, está morto, vítima de um acidente aéreo nos arredores de Brasília, em agosto de 2017.
A morte do ex-senador Molina em acidente aéreo é outro ponto em questionamento pelo jornalista. A aeronave era nova, fabricada em 2010, além do político ser piloto e dono do avião. Além das investigações do acidente pelas as autoridades brasileiras, Lucena busca outras versões para o fato no Brasil e nos Estados Unidos da América. O livro deverá estar concluído em dezembro de 2020.
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