Jovem, mulher e prefeita. Esse é o perfil de Fernanda Hassem (PT) que terá mais dois anos a frente da gestão de Brasiléia com um quadro político partidário desfavorável. Depois de uma eleição em que o seu partido, o PT, foi derrotado em praticamente todos os níveis, Fernanda, precisará de muita habilidade política para dar continuidade ao seu trabalho à frente da prefeitura do município de fronteira, com cerca de 25 mil habitantes. Conversei por cerca de uma hora com a prefeita no seu Gabinete, em Brasiléia, sobre as suas avaliações das mudanças que devem acontecer no Acre e também no plano nacional depois dos resultados das urnas.
ac24horas – Prefeita qual a avaliação que a senhora faz do resultado das eleições tendo em vista que o Gladson Cameli (PP), considerado oposição, venceu no Acre e o Jair Bolsonaro (PSL) venceu no nível federal? Como a senhora pensa em sobreviver com dois gestores que não pertencem ao seu grupo político do PT?
Fernanda Hassem – A gente precisa fazer uma reflexão da resposta popular. Eu sempre digo que as urnas são sábias e estão dando a sua lição. Acredito que os eleitores escolhem os seus candidatos avaliando os seus representantes que trabalham. Na atualidade o que se destaca é o trabalho e as pessoas gostam de se verem nos seus representantes. Foi se o tempo em que o representante era distante. É na porta prefeitura que as pessoas vêm fazer as suas cobranças. Não é na porta do presidente eleito, do governador, de um senador ou de um deputado federal. É dentro dos municípios que os problemas acontecem. Então quando se tem um prefeito que caminha junto aos anseios populares e está presente resolvendo os problemas acredito que dá pra fazer a diferença. Eu, inclusive, quando ganhei a eleição o meu partido vivia um momento muito delicado. A presidente Dilma (PT) estava sendo “impichimada” e havia muitos problemas a nível nacional. E mesmo com o PT passando por todos os desgastes naturais do tempo consegui uma representação através do voto direto. Acredito que a sabedoria popular é muito grande. O meu trabalho nesses dois anos esteve voltado para a população. Aquilo que é preciso, as ruas, os ramais, as pontes, etc. Quem não lembra de Brasiléia há dois anos atrás? Quem não percebia a baixa autoestima dos moradores? Uma prefeitura endividada e com problemas muito graves. A gente seguiu trabalhando com a nossa equipe sem ficar olhando para o retrovisor ou achando culpados. Nossa preocupação foi dar uma resposta para o povo.
ac24horas – A senhora acha que será possível estabelecer parcerias entre a sua prefeitura do PT com o governador Gladson Cameli que é do Progressistas?
FH – Sim. Buscarei o governador eleito. Assim que ele tomar posse serei uma das primeiras prefeitas a estar lá com todas as reivindicações do nosso município. Brasiléia, inclusive, foi muito generosa com o Gladson que teve uma votação expressiva no nosso município mesmo eu sendo uma prefeita do PT. Todas as vezes que ele esteve em Brasiléia fez anúncios do que será o seu Governo. A gente passou por duas grandes enchentes, uma em 2012 e outra em 2015, e Brasiléia ainda precisa ser reconstruída dos desastres naturais e também do desastre administrativo que antecedeu a nossa gestão. É preciso que a gente se dê a mão para trabalhar e não haver isolamento. Brasiléia está dentro do Acre e vou procurar o novo governador com a esperança que possamos caminhar juntos para atendermos a população. Brasiléia que está cima de qualquer sigla partidária.
ac24horas – A Bancada Federal acreana eleita é quase toda de partidos da oposição no Acre. E a gente sabe que as prefeituras passam por grandes dificuldades para conseguirem recursos. Assim as emendas parlamentares e os recursos extra-orçamentários se tornam importantes para as gestões. Como a senhora pretende dialogar com essa bancada mesmo sendo do PT?
ac24horas – A senhora é uma política ainda bastante jovem. Passou pela vereança e agora é prefeita do seu município. A quê a senhora atribui essa derrota significativa do PT e da FPA que foi além do Governo, chegando também aos cargos proporcionais? Qual foi o motivo, na sua opinião, dessa derrota tão acachapante nas eleições de 2018?
FH – O PT dirigindo a FPA ficou no Governo durante 20 anos. É muito tempo e a política é feita de ciclos. Assim como anteriormente a oposição também governou o Estado e, naquele cenário lá de trás, também tiveram derrotas acachapantes. Quando o Jorge Viana (PT) assumiu o Governo a oposição também ficou sem representação. O desgaste do tempo contou nessas eleições. Os políticos precisam caminhar de acordo com os anseios populares. Não dá para do alto do seu gabinete tentar imaginar o que a população está ansiando. Não basta só planejar e não andar junto com as pessoas. Certamente os eleitos se não se atentarem a isso também viverão o final de um outro ciclo. Quando eu fui vereadora assumi num cenário que havia pouca representação feminina em Brasiléia. Coloquei o meu nome e tive essa oportunidade. Agora, como prefeita se eu não corresponder aos anseios populares certamente se tiverem a oportunidade nas urnas também mudarão.
ac24horas – O PT do Acre vai passar naturalmente por mudanças. A senhora acha que falta humildade e autocrítica para o PT se reinventar?
FH – A gente ainda não teve um momento dentro do PT para fazermos a autocrítica do que foi o resultado das eleições. Mas acredito que é necessário pegarmos um espelho para nos enxergarmos. Porque é muito fácil colocar a culpa em A, B ou C. O partido passará por esse momento. Eu não passei por esse processo eleitoral e perdi solidariamente, mas estou fazendo uma autocrítica da nossa gestão e da minha postura como prefeita. Todos precisam fazer essa auto-avaliação senão é melhor deixar a política.
ac24horas – O quê a senhora projeta politicamente para os próximos anos? Tendo em vista que daqui a dois anos a senhora poderá ser ou não candidata à reeleição?
FH – Eu ajo de forma natural. Pedi para a população há dois anos um mandato de prefeita do município que me viu crescer. Eles me deram essa oportunidade e me sinto muito grata e honrada por isso. É muito bom ser filha de Brasiléia e poder construir a história desse lugar. Isso é um privilégio para poucos. É muito cedo para se falar qualquer coisa sobre eleições municipais. O que eu garanto é que esse mandato eu farei muito bem. Eu não tenho feito outra coisa desde que assumi a não ser me dedicar a essa gestão. Trabalho de domingo a domingo tanto na cidade como na área rural. Brasiléia hoje é o terceiro maior município do Acre com ramais, são mais de 1.800 quilômetros. Quase 60% da Reserva Extrativista está no nosso município. Então tem muito a se fazer. Quero no final dos quatro anos olhar pra trás e poder dizer que ajudei o nosso povo e a nossa cidade dando a minha parcela de contribuição para resgatar a autoestima dos nossos moradores. Eu ouço pastores, padres, vereadores, professores porque sozinha não vou a lugar nenhum. Quero entrar para história com o reconhecimento que uma filha de Brasiléia ajudou a reconstruir o nosso município e o resto é consequência.
ac24horas – O jogo da política mudou prefeita. E se fosse necessário mudar de partido para viabilizar recursos para ajudar a população de Brasiléia com obras? A senhora mudaria de partido?
FH – Eu acredito que para a questão de obras à população não vão olhar para as siglas partidárias. Mas sempre acompanharei a vontade popular. Não pretendo mudar de partido nesse momento.
ac24horas – O que a senhora espera dessa passagem de ano com tantas mudanças políticas que estão em curso no Brasil e no Acre?
FH – Só posso desejar o melhor. A Bíblia diz que toda a autoridade é instituída por Deus. Eu sou uma sementinha para que o nosso Estado seja cada vez melhor. Desejo um bom governo para o Gladson Cameli assim como para os deputados federais e senadores eleitos. Brasiléia precisa de muita ajuda. Agora é um momento que todos precisam sair do discurso e irem à prática. Tenha certeza que aquilo que for para beneficiar a população de Brasiléia eu farei. Já disse em outras oportunidades que tenho as minhas convicções partidárias, mas Brasiléia está acima de tudo isso. Ninguém vera na minha postura política e de gestora estar com picuinhas partidárias e deixar o anseio popular para trás. Isso não aconteceu nesses dois anos e não acontecerá no futuro. Só posso desejar à equipe que está entrando no Governo boa sorte. A gente precisa de muita sabedoria. A população foi para as urnas e disse não ao PT. Mas não disse sim a nenhum partido seja MDB,PP, PSDB ou qualquer outro. O que as urnas disseram é que a população quer mais trabalho, mais dignidade, mais segurança, mais paz. As pessoas querem se ver nos seus representantes.
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