De 17 a 24 de novembro, a cidade de Rio Branco, no Acre, receberá a IX edição do Festival Internacional Pachamama – Cinema de Fronteira. O evento se consagra culturalmente e cinematograficamente como um dos maiores de continuidade na agenda local do estado e da Região Amazônica, além de se constituir como um espaço de resistência política e artística.
Desde sua primeira edição, em 2010, o Pachamama se consolida como uma vitrine e uma ponte de conexão para o cinema latino-americano, com a particularidade de ser um evento de iniciativa civil e privada, unindo apoio público e privado não apenas do Brasil.
As centenas de filmes e atividades paralelas que já passaram pelo Pachamama, não só permitiram ao público local e aos convidados desfrutarem da diversidade cinematográfica do nosso continente, mas também trocar experiências e conhecimentos que contribuem diretamente para a formação de público, consolidação e criação de mercados e circuitos audiovisuais, produção e intercâmbio de conhecimento e fomento ao trabalho artístico cinematográfico.
Nesse entendimento, o Festival não é apenas uma vitrine, mas, acima de tudo, um cenário de criação, produção, discussão e reflexão cinematográfica em inter-relação com outras áreas do fazer humano.
A IX edição
A rigorosa curadoria selecionou para esta IX edição quase 60 produções de 10 países, após uma seleção entre mil filmes submetidos, entre curtas e longas que passeiam por diversos gêneros e propostas, abordando uma variedade de temas e provocações.
Como todos os anos, a principal sede do Festival será o histórico Cine Teatro Recreio, que dividirá a programação com outros espaços, como a Biblioteca Pública Estadual e o Anfiteatro Garibaldi Brasil, da Universidade Federal do Acre.
Já a tela itinerante do Festival visitará seis bairros da cidade: Base, Cidade do Povo, Polo Benfica, Tancredo Neves, Estrada da Sobral e Recanto dos Buritis, exibindo cinema ao ar livre, com o objetivo de descentralizar e democratizar a atividade cultural em prol da população acreana.
Com 12 mostras, entre competitivas, paralelas e sessões especiais, o Pachamama também receberá filmes de estreia mundial, internacional, latino-americana e brasileira. Contará, ainda, com importantes obras que circularam durante este ano por festivais de renome, como Cannes, Locarno, Rotterdam, Bafici, Valdivia e o Festival de Brasília, entre outros, muitos deles premiados e aclamados pelo público em todo o mundo.
Convidados
Como não poderia ser diferente, a festa do cinema no Acre receberá a presença de importantes convidados, entre homenageados, jurados e diretores, entre outros, como as atrizes Lucélia Santos e Christiane Torloni. A primeira, como homenageada por sua trajetória artística e compromisso social com a luta ambientalista; e a segunda para apresentar seu filme Amazônia – O Despertar da Florestania, uma jornada pela história política brasileira em sua luta pela preservação da maior floresta tropical do mundo. Outro homenageado é Vicente Rios, fotógrafo do cineasta Adrian Cowell, que acompanhou a luta seringueira do ativista ambientalista Chico Mendes.
O júri da Mostra Competitiva Oficial de Longa-metragem será composto por Marcela Gamberini, de nacionalidade argentina, autora de vários livros, professora universitária e crítica de cinema, colaboradora de importantes revistas, entre elas, a mítica El Amante Cine; pela diretora e artista visual brasileira Fernanda Pessoa, que em 2017, ganhou o Troféu Pachamama de Melhor filme por “Histórias que nosso cinema (não) contava”; e completa o corpo de jurados Alfredo Manevy, pesquisador e professor com doutorado em audiovisual pela Universidade de São Paulo. Foi Secretário Nacional de Políticas Culturais na gestão de Gilberto Gil, e Secretário Executivo do Ministério da Cultura na gestão de Juca Ferreira.
Entre outros convidados que o Festival receberá, está o distribuidor brasileiro Ibirá Machado, da empresa Descoloniza Filmes, e a cineasta brasileira Jorane Castro, como representante da CONNE – Conexão Audiovisual Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
Abertura e encerramento
O filme de abertura será “Excelentíssimos”, do diretor Douglas Duarte, que mostra uma fotografia da democracia brasileira, por meio do registro dos bastidores do Congresso Nacional. Duarte também dará uma palestra sobre Cinema e Política.
Entre outros destaques que o Pachamama apresentará neste ano, pode-se
destacar “Chuva e Cantoria na Aldeia dos Mortos”, filme que recebeu da mão de Benício Del Toro o Prêmio Especial do Júri, na mostra Un Certain Regard, no Festival de Cannes; e “Winaypacha”, que chega como estreia brasileira, considerado um marco na cinematografia peruana, premiado em vários festivais e representante do Peru para o Oscar de 2019.
O festival fechará sua IX edição com chave de ouro, exibindo o filme “Bixa
Travesti”, com a presença da cantora Linn da Quebrada. Após a exibição do longa, a artista se apresentará na já tradicional Pachafesta, na Usina de Arte João Donato.
Atividades Paralelas
Entre as atividades paralelas do Festival Pachamama, estão oficinas, seminários e palestras, dentre as quais destaca-se o “Ambiente de Mercado Audiovisual (Região Norte)”, destinado à cineastas, empresas produtoras de audiovisual, canais de TV, estudantes, pesquisadores e público em geral interessado em conhecer os bastidores da mercado cinematográfico.
Já entre as oficinas oferecidas gratuitamente, estão a de “Efeitos Especiais em Maquiagem”, com o renomado diretor brasileiro de cinema de terror, Rodrigo Aragão. A atividade é patrocinada pelo Sesc.
Além deste, terá o curso “Mídia, Ativismo e Cobertura Colaborativa”, com o Mídia Ninja. E por fim, o técnico de som Luís A. Villagomez ministrará a oficina “Introdução ao som direto para audiovisual”. As inscrições foram feitas online, e todas as vagas foram preenchidas.
As mesas de conversa percorrerão uma variedade de temas, como crítica e jornalismo cinematográfico, cinema e política, cinema e ditadura, cinema e direitos humanos, mulher e cinema, meio ambiente, entre outros.
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