Aquilo que era previsto já se pode notar nos bastidores da ALEAC. Alguns deputados estaduais eleitos pela FPA devem mudar de lado para apoiar o novo governador Gladson Cameli (PP). As urnas deram diretamente ao grupo que vai comandar o Estado 13 parlamentares, mas até o começo do ano legislativo, em fevereiro, esse número deverá crescer. Conversei longamente com o presidente acreano do PDT e deputado estadual eleito Luiz Tchê (PDT). Ele demonstrou estar muito preocupado com a situação que o Gladson irá encontrar o Estado. “Não sou da turma do quanto pior melhor. Acho que o governador eleito deve mostrar rapidamente à população a situação em que encontrou a gestão estadual para não criar falsas expectativas aos seus eleitores. Porque milagres não acontecem do dia pra noite e o Gladson terá muito trabalho para colocar a Casa em ordem,” afirmou. Também indaguei se a sua tendência será de apoiar o novo Governo. Apesar de não ter confirmado, Tchê deixou nas entrelinhas que as possibilidades de engrossar as fileiras da próxima base governista são enormes. “Agora, o que teremos é uma questão coletiva e não individual. Vai precisar de muita união para o Acre vencer os problemas que enfrenta,” disse ele.
Reaproximação
Também, na semana passada, conversei com o ex-prefeito Dêda Amorim (PROS), que estava na ALEAC. Marido da deputada estadual reeleita Maria Antônia (PROS), ele deixou transparecer que poderá costurar um apoio ao novo Governo. Acredito que esteja procurando interlocutores para abrir o diálogo nesse sentido. Dêda me disse que não tem nenhum problema com o governador eleito e que se a Maria Antônia o apoiar será integralmente como fez com a FPA.
Oposição consciente
Não acredito que no primeiro ano do novo Governo os deputados eleitos pela FPA façam uma oposição agressiva. Os deputados estaduais Daniel Zen (PT), Jonas Lima (PT), Edvaldo Magalhães (PC do B) e Jenilson Leite (PC do B) são parlamentares de diálogo. Todos estão conscientes que a situação econômica do Acre não é das melhores e que existem muitos problemas que afetam a população para serem resolvidos com urgência. Pelo menos, num primeiro momento, não acho que haverá resistência para aprovação de projetos essenciais.
Problema sério
Conversei ainda com a deputada estadual Eliane Sinhasique (MDB) que integra a comissão de transição do novo Governo na área de segurança ao lado de Joelson Pontes. Ela alertou que muitos contratos da segurança devem expirar no dia 31 de dezembro. E se não encontrarem uma maneira legal de prorrogá-los, por pelo menos mais 30 dias, poderá haver uma “paralização” no sistema de segurança.
Fome zero
Esses contratos são de alimentação dos presos nas penitenciárias e de aluguéis terceirizados de viaturas. O novo Governo precisará de tempo para novas licitações. Imaginem milhares de presos nas penitenciárias sem alimentos? Isso poderá gerar rebeliões no sistema prisional o que certamente não interessa à nova gestão.
Mais uma questão
Pelas informações que tenho a Companhia de Selva, que faz a publicidade do atual Governo, terá mais seis meses, em 2019, de contrato. A empresa se notabilizou pelos estreitos laços com as gestões petistas durante longo tempo. Será que o novo Governo aceitará continuar com a empresa que trabalhou para os seus adversários? Isso ainda vai gerar muitas notícias.
Polêmica
O presidente do Sindicato dos Urbanitários e Eletricitários Marcelo Jucá está empenhado em sensibilizar os atuais deputados estaduais para aprovarem um projeto de interesse da categoria. A PEC de autoria do deputado Manoel Moraes (PSB) prevê o retorno de cerca de 350 funcionários da Eletroacre para o Estado. Todos se tornariam servidores estaduais. A manobra acontece porque a empresa está sendo privatizada e existe o temor de desemprego em massa dos eletricitários. Segundo Jucá, esse funcionários eram originalmente do Estado e estariam voltando.
Questão de tempo
Não sei se atual legislatura teria tempo suficiente para aprovar esse projeto. Tampouco, como o governador eleito irá entender receber mais centenas de trabalhadores vindos da Eletroacre como novos funcionários do Estado num momento que a ordem é enxugar a máquina. Apesar de Jucá e o deputado Manoel Moraes afirmarem que eles estão ligados ao INSS, portanto, não entrariam na já alquebrada Previdência Estadual, acredito que possa haver reações.
Desabafo
O ex-secretário de turismo no Governo de Binho Marques (PT), Cassiano Marques, não poupou a política para o desenvolvimento do setor no atual Governo do PT. Publicou uma postagem nas redes sociais intitulada “Fim Melancólico do Turismo no Acre”. Especialista no assunto, Cassiano se mostrou muito contrariado com alguma decisões tomadas. Veja alguns trechos:
“Lamentavelmente fomos informados que a Pousada Ecológica do Seringal Cachoeira, de iniciativa público – comunitária, fechou suas atividades por ordem da SETUL. O sistema de arvorismo já estava fechado por falta de manutenção. Era a única pousada de floresta que tínhamos no Acre…
Na atual gestão do governo estadual também tivemos o encerramento da Pousada do Bom Destino. O empreendedor concessionário alegou descumprimento sistemático por parte do governo em relação às condições previamente estabelecidas e entregou as chaves. Os recursos do BNDES deixados em caixa na gestão Binho Marques para estruturação da Trilha Chico Mendes, se foram aplicados, não se tem notícia.
O Sitio Histórico do Quixadá está em precaríssimas condições, com o museu da minissérie Amazônia interditado, sem qualquer manutenção pela Fundação Elias Mansour.
O Sítio Histórico do Amapá, onde Plácido de Castro, herói da Revolução Acreana, foi alvejado e logo após veio a falecer, teve um investimento que sequer foi inaugurado e está completamente abandonado e sem acesso. E passados oito anos, a ‘ilha’ do Lago do Amapá não teve seu processo de desapropriação, iniciado no governo Binho Marques, concluído… Ah, mas ia esquecendo, o governo atual fez o Lago do Amor …”
Comentário sobre turismo no Acre
Primeiro que desde já está aberto o espaço para os comentários sobre a postagem do Cassiano para a atual secretária de turismo Raquel Moreira. Segundo que é uma pena que as atividades econômicas ligadas ao turismo não sejam levadas a sério, segundo o que se lê na postagem do ex-secretário. O Acre tem todas as condições de desenvolver uma política para atrair turistas do mundo inteiro. Uma floresta vasta, aldeias indígenas, rios e lagos exóticos, culinária e artesanato de qualidade, além de uma população amazônica hospitaleira. Sem falar na proximidade com os países andinos que poderia proporcionar roteiros atraentes. Ao contrário do que muitos gestores podem pensar, turismo não é “perfumaria”, mas um setor que poderá gerar emprego e renda para muita gente. Só é preciso investimento e dedicação.