O governador eleito Gladson Cameli (PP) passou pela primeira saia justa após a eleição. Em entrevista concedida a um veículo de comunicação local, questionado sobre a pensão vitalícia de mais de R$ 30 mil que beneficia ex-governadores, ele teria informado que encaminharia projeto ao Legislativo para acabar com o benefício, mas a verdade é que uma PEC aprovada há dois anos na Casa, revogou integralmente o artigo 77 da Constituição Estadual e acabou com a gorda aposentadoria dos chefes de estados que vierem depois de Sebastião Viana.
O curioso da episódio é que a PEC foi apresentada pelo deputado Gerlen Diniz, que é correligionário de Gladson Cameli. O deputado petista Daniel Zen tratou a questão com ironia. “Me surpreendi com a matéria dizendo que a primeira medida do governador eleito será encaminhar um projeto de lei que extingue a pensão de ex-governador. Gostaria de informa a assessoria do governador eleito que essa PEC já foi aprovada no ano de 2017 – no plenário, não cabendo a essa assembleia deliberar sobre quem recebeu ou recebe”, destaca o petista.
Zen ressalta que a PEC foi aprovada em uma votação unanime, todos os deputados concordaram que nós não poderíamos mais prosperar com o benefício. Existem desdobramentos que não cabem a essa assembleia deliberar sobre isso. Cabe ao Poder Executivo. Não cabe ao plenário dizer se existe direito adquirido ou não. O que nós poderíamos fazer foi feito. A Assembleia já votou. Não há nada que possa ser encaminhado do Executivo para cá tratando deste assunto”, diz o petista que trata o assunto como falta de conhecimento.
O autor da proposta, o deputado Gerlen Diniz tentou defender Gladson Cameli. De acordo com ele, a assessora do governador eleito informou que ele estaria fora do Estado e que não teria dado nenhum tipo de declaração sobre a pensão de ex-governadores. Diniz afirma que chegou a acionar o Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) para que recomendasse a suspensão do pagamento de pensões de todos os ex-governadores. “Fizemos a nossa parte e aconteceu a revogação integral do artigo 77 da Constituição Estadual”, enfatiza.
Segundo o correligionário de Gladson Cameli, o fim do benefício estaria dependendo apenas de um simples ato administrativo do próprio chefe do executivo para suspender os pagamentos. “E aquele que achar que tem direito que acione o Poder Judiciário. O que a Aleac poderia fazer ela fez. Depende agora de um ato administrativo do governador para cortar de todos. Conversei com a assessoria do Gladson, que informou que o governador está fora do Estado. A assessoria disse que foi um ato falho de um jornalista”, dispara Gerlen.
Com a possiblidade de o governador eleito apresentar o ato administrativo sugerido pelo deputado Gerlen Diniz, a esposa do ex-governador Orlei Cameli, Beth Cameli, que é tia de Gladson Cameli, também seria atingida pela medida, juntamente com um filho menor de idade do falecido ex-chefe do executivo. O gestor progressista teria que cortar na própria carne para atingir o objetivo que seria de cortar o benefício de Jorge Viana, Binho Marques e Sebastião Viana. A medida também prejudicaria lideranças de oposição que recebem a pensão.
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