Uma denúncia enviada na noite de segunda-feira (15) pelo técnico em informática Leandro Cavalcante, de 29 anos, escancara o colapso no sistema público de saúde do Acre. Ele relata que no setor de traumatologia do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) estaria faltando médicos e materiais para realizar cirurgias nos pacientes que por falta de espaço estão internado em corredores da maior unidade de saúde do Estado.
Leandro Cavalcante destaca que fraturou a tíbia durante um acidente no dia 12 de outubro e permanece internado na unidade de saúde à espera de uma cirurgia que ainda não tem data certa para acontecer. Nos dias em que continua no Huerb, ele descreve que a situação é de caos. De acordo com o paciente, os corredores funcionam como depósito humano, com várias pessoas deixadas em macas e sofrendo com dores dos mais variados tipos de fraturas.
“A situação aqui é a de derrotado. Cheguei no dia 12 de outubro, me parece que acompanham meu caso através de laudos e relatórios do acidente e de chegada ao PS. Os médicos atendem os pacientes de forma interativa. Quando entram médicos no quarto, passam pelo leito e dizem: Este é o paciente X, chegou no dia Y com fratura em tal osso, aguardando cirurgia, mas não param para falar com o paciente e coletar sobre como está a evolução do problema”, diz Leandro.
O paciente ressalta que os médicos não param pra olhar a fratura e “sequer usam luvas, para nem se darem ao trabalho de toca-los”. A informação que teria chegado através de um médico residente é que as cirurgias não estariam sendo agendas por falta de material. “Tem uma enorme fila da semana anterior aguardando, ou seja, mesmo que esse material chegue, terão que começar a sanar os atrasos, para depois iniciar as que chegaram depois”, destaca.
Os agendamentos das cirurgias, quando há material para os procedimentos, estaria acontecendo de acordo com a fila de espera, a partir da data de internação do paciente. A mãe de Leandro Cavalcante, a jornalista Lenilda Cavalcante informa que se ofereceu para comprar o material para cirurgia de seu filho, mas recebeu resposta negativa para o apelo que fez junto a médicos e a direção do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco.
Lenilda Cavalcante destaca que recebeu a informação que não há previsão de chegada do material para realizar os procedimentos e se os insumos que estariam para chegar daria para resolver o problema dos pacientes que estão na fila de cirurgias do setor de traumatologia do Huerb. “Não se sabe nada sobre essa agenda de cirurgias. As pessoas estão sofrendo, mas ninguém informa nada aos pacientes e muito menos aos parentes que estão aflitos”, enfatiza.
Segundo a jornalista, a situação de seu filho agravou porque ele passou o dia inteiro com a perna fora da imobilizadora. “O médico mandou abrir a e não mandou colocar outra. Ao notar a demora, eu consultei a enfermeira sobre novamente imobilizar o membro. Ela disse que sem as ordens do médico não seria possível. Porém, o profissional do dia o que fez? Pegou minha perna pelo calcanhar e ergueu, mesmo sabendo de minha fratura na tíbia”, disse Leandro.
O paciente documentou em fotografias, que todos casos de ortopedia, incluindo um idoso com fratura no fêmur não estariam sendo priorizados. “Como ele é lúcido, consegue avisar para esposa sobre suas necessidades fisiológicas. E ela usa uma garrafa de álcool, cortada na parte de cima para o marido urinar e saco de lixo para fezes. Ela não recebe ajuda de nenhum profissional para essas tarefas”, informa Leandro Cavalcante, que revela o caos no setor.
A reportagem tentou contato com a diretora do Huerb, mas ela não atendeu nenhuma de nossas ligações.
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