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Eleição coloca políticos do Juruá como maiores lideranças do Acre

Por
Nelson Liano Jr.

Definitivamente subestimaram a herança política deixada pelo falecido governador Orleir Cameli. Ele estava mais vivo do que poderiam imaginar. Tanto que o seu sobrinho Gladson Cameli (Progressistas) se tornou o governador com uma votação histórica que garantiu a vitória em primeiro turno. Mas outros políticos do Juruá se saíram bem no pleito. O ex-prefeito Vagner Sales (MDB) conseguiu eleger a esposa, Antônia Sales (MDB), deputada estadual e a filha Jéssica Sales (MDB) como federal pela segunda vez. Não é pouco para quem deixou a prefeitura de Cruzeiro do Sul na mão de alguém que se tornou seu adversário político. Por outro lado, a única deputada federal eleita pela FPA foi Perpétua Almeida (PC do B) que tem parte significativa das suas base no Juruá, inclusive, sendo nascida em Porto Walter. Se a gente for verificar os estaduais eleitos teremos o Josa da Farmácia (Podemos), Nicolau Júnior (Progressistas), Maria Antônia (PROS), Jonas Lima (PT), Luiz Gonzaga (PSDB), Chico Viga(PHS) e Edvaldo Magalhães (PC do B). Contando com Antônia Sales uma bancada de oito parlamentares na ALEAC com origem na região que representará um terço dos 24 eleitos. Não é pouca coisa. Portanto, acredito que a formação da chapa que disputou o Governo pela FPA com Marcus Alexandre (PT) errou feio em não escolher um vice do Juruá.


Reclamação
Pelo menos dois importantes militantes do PSB reclamaram da performance do deputado federal César Messias (PSB) nas eleições. Por não ter sido reeleito alguns alegam falta de empenho. Uma das mais revoltadas chegou a me dizer: “Quero ver como o César vai explicar isso para o diretório nacional”.  


Cabeça fria
Acho o César o político mais “mineiro” do Acre. Costuma fazer campanha silenciosamente. Mas dessa vez a tática usada em outras eleições parece não ter funcionado. A minha impressão é que o César, que já ocupou quase todos os cargos de importância no Acre, não estava realmente preocupado.


Mudança radical
O deputado federal Major Rocha (PSDB) jogou errado nas eleições municipais de 2016. Mas parece ter aprendido, se corrigido e saiu-se muito bem em 2018. Além de ser o vice-governador eleito, a sua irmã, Mara Rocha (PSDB) teve mais de 40 mil votos para deputada federal, sendo a mais votada. O PSDB ainda elegeu Luiz Gonzaga e o Sargento Cadmiel (PSDB). Uma performance brilhante dos tucanos.


Erro de foco
O Bocalom ou não dá sorte ou faz as escolhas erradas. Teve votos mais que suficientes para se eleger deputado federal, mas acabou ficando de fora. Se tivesse optado em acompanhar o bloco maior da oposição, comandado pelo Gladson, estaria com o terno passado e pronto para assumir uma cadeira na Câmara Federal.


Prêmio de consolação
Mas como Bocalom faz parte do grupo que apoia o presidenciável Bolsonaro (PSL), no Acre, ainda poderá ter uma saída. Caso o militar se eleja presidente poderá reivindicar um cargo público federal no Estado. Mas aguardemos o desfecho da eleição.  


Nem tão PT assim
O PT só elegeu dois deputados estaduais, Daniel Zen (PT) e Jonas Lima. No caso de Jonas não podemos dizer que seja um petista de carteirinha. Muito pelo contrário, o que o deputado sofreu de “fogo amigo” durante a campanha não está no gibi. Desafeto do articulador Carioca e não muito “confiável” para o governador Tião Viana (PT), Jonas deve a vitória a si próprio. Ser da DS e não da DR sempre foi um problema para ele.  


Ideológico
Restou ao PT a liderança de Zen. Um jovem político com muita estrada pela frente. O interessante é que ele não cria personagens mentirosos para vencer eleição. Não nega o seu partido e nunca se articulou com ninguém da oposição. É preparado e pode conduzir o PT para os caminhos mais “iluminados” do diálogo e da tolerância.


Culpa da CIA?
Sibá Machado (PT) o candidato flamenguista como ele costumava postar nas redes sociais deve ter tido muitos votos contra de torcedores de outros times. Mas deve estar achando que a CIA pode ter influenciado na sua derrota.


Quem será?
Na primeira sessão da ALEAC os jornalistas já debatiam quem poderia ser o próximo presidente da Casa. Os nomes mais citados foram do Luiz Gonzaga (PSDB), Gehlen Diniz (Progressistas) e José Bestene (Progressistas). Mas alguns ainda falaram em Roberto Duarte (MDB).  


Toque acreano
O ex-governador Binho Marques (PT) é um dos técnicos que ajudou a elaborar o plano de educação do presidenciável Fernando Haddad (PT) que disputa o segundo turno. O interessante é que Binho não foi chamado para ajudar no plano do derrotado Marcus Alexandre ao Governo do Acre. É aquela história, santo de casa não faz milagre.


Base forte
Gladson terá 14 deputados estaduais na sua base de apoio na ALEAC. Mas além disso acredito que ao menos mais três devem migrar de partidos da FPA para os braços do novo governador. Quem tem a caneta na mão é que angaria mais fidelidade.  


Céu de brigadeiro
Um outro aspecto importante na eleição de Cameli é que não teve que “vender a sua alma” aos partidos aliados para vencer. Poderá nomear quem bem entender. Acredito que vai optar por uma gestão mais técnica do que política. Preparem-se para a gritaria de políticos “aliados” quando começarem as nomeações.


Único caminho
Gladson passou a eleição avisando que não faria um loteamento partidário da sua gestão. Serão indicados às secretarias aqueles que tiverem conhecimento técnico e não simplesmente apadrinhamento político. Se seguir por esse caminho terá sucesso na empreitada.


Nada a ver
Conversei com a deputada estadual Leila Galvão (PT), que perdeu a eleição, se a prefeita de Brasiléia, Fernanda Hassem (PT) fez “corpo mole” na sua campanha. Ela me disse que não. Mas é inegável que a prefeita trabalhou com um leque grande de candidatos a todos os cargos. Na minha avaliação, Fernanda acertou em cheio em ter aberto politicamente a prefeitura. Afinal, terá mais de dois anos ainda pela frente na espinhosa missão de gestora. Vai precisar de apoio do novo governador, dos novos senadores e deputados federais, a grande maioria de oposição. Tem que privilegiar os recursos para Brasiléia e não ficar naquela ladainha de “Lula livre” e outros penduricalhos ideológicos.  


 


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Nelson Liano Jr.

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