Analisar o contexto eleitoral e não citar o governador petista Sebastião Viana como o principal culpado da grande derrocada do PT, seria um desatino a consciência alheia. Infelizmente, como o PT vive de aparências, ninguém terá a coragem de vir a público apontar o dedo, mas sim, o chefe do Palácio Rio Branco teve peso primordial para que as forças políticas do PT fossem varridas do Acre.
PESADO DEMAIS
Ele teve a capacidade de destruir tudo – veja bem -, tudo o que foi feito de bom pelos governos da Frente Popular nos últimos 20 anos. O cenário de terra arrasada é tão complicado, que seus principais programas de governo – Ruas do Povo e Cidade do Povo -, são exemplos de políticas públicas que infelizmente não cumpriram suas metas. As ruas do Acre não foram totalmente asfaltadas e as que foram se acabaram com as chuvas. A Cidade do Povo se tornou uma “Cidade de Deus”, a maior favela custeada com dinheiro público que se conhece na história do Acre, onde as facções predominam e ditam as leis.
SEM CONTAR A ZPE
E não poderia deixar de citar a Zona de Processamento de Exportação que nunca saiu do papel de fato. Isso gerou milhões em prejuízo para os cofres públicos. Além disso, o empresariado foi um dos mais prejudicados nos últimos oitos anos. Não se sabe se o Governo foi parceiro.
ESCALOU MAL
Pesou muito também o fato de Sebastião escalar Emylson Farias como vice de Marcus. Um dos pontos da derrota com certeza foi este, que inclusive foi bastante explorado pela oposição nos debates e nos programas eleitorais. Emylson, apesar de ter uma história até agora limpa, foi uma manobra que custou caro. Causou transtornos nos arranjos dos partidos da FPA e não somou em nada na campanha majoritária, tanto que foi escondido pelos marqueteiros.
IMPOPULARIDADE
Outra coisa que foi fundamental no fim do “Vianismo’ no Acre, é o fato de Sebastião ter um governo impopular e muito mal avaliado na opinião pública. Todas as pesquisas sérias colocam o governo do petista como ruim ou péssimo pela maioria. Mas eu não poderia esquecer: A CULPA É DO TEMER!
PONTO POSITIVO
Mas não destacarei apenas pontos negativos de Sebastião. Tem um que sempre me chamou atenção e faço questão de salientar nas prosas sobre política. Não conheço político “mais macho” do que governador. Ele peitou Deus e o Mundo para fazer sua vontade valer, seja certa ou errada. Ele sempre teve lado. Nunca aceitou pressões. Exerceu o poder com vontade e como poucos. Não tinha medo de expor opiniões por mais contraditórias que fosses. Sempre foi um amigo leal aos seus. Ele vai fazer falta a partir de 2019. Pelo menos para as manchetes do ac24horas.
CAIM E ABEL
É notório. A queda de Jorge Viana teve participação efetiva de seu irmão Sebastião Viana. Assim como no livro de Gênesis, Sebastião foi responsável pelo “homicídio político” de JV. E não sabe ainda os estragos que tal feito poderá ter na relação dos dois daqui para a frente.
A MÁGOA DE JV
Por falar de JV – ele não admite -, ele tem razão de ficar magoado. Jorge é uma patrimônio político do Acre. É alguém que conhece o Estado e sua história afinco e com certeza deve ter sido humilhante perder a cadeira do senado para Marcio Bittar. Eu concordo. Vou mais além, que se fosse para perder, que fosse para o Minoru Kinpara, pessoa idônea e que conta com prestígio em todas as castas da sociedade.
O JAPONÊS DA FEDERAL
Apesar de não eleito, Minoru Kinpara ficou no mesmo patamar de votação de Jorge Viana e Ney Amorim. Com poucos recursos financeiros e apenas com sua história de vida e de gestão frente a Universidade Federal do Acre, o ex-reitor se colocou como uma das principais forças políticas do Acre. A votação foi tão expressiva que o nome dele já é até mesmo cogitado para disputar a prefeitura de Rio Branco em 2020. É um bom nome com toda certeza.
PETECÃO 100%
O senador Sergio Petecão (PSB), dono de mais de 244 mil votos, de fato é 100% popular. Não se tem conhecimento na história do Acre de um político que ganha voto brincando, com bom humor e humildade. Petecão é merecedor da vitória e o desejo deste blogueiro é que ele faça valer a votação e nos represente bem no Congresso a partir de 2019.
JENILSON, UM MONSTRO
Impossível não ficar abismado com a vitória acachapante do deputado estadual Jenilson Leite (PCdoB) que teve mais 8 mil votos, sendo o campeão da chapa da morte formada por PT e PCdoB). O “indiozinho de Tarauacá” se coloca como uma das principais lideranças políticas do Acre ao desbancar Leila Galvão (PT), Lourival Marques (PT), Jakson Ramos (PT), Nil Figueiredo (PT). A chapa da morte elegeu ainda Jonas Limas, Edvaldo Magalhães e Daniel Zen.
CONTRA TUDO E CONTRA TODOS
É salutar lembrar que Jenilson era uma espécie de azarão na chapa do PT e sempre foi visto como inimigo do atual governo, por ter se posicionado contra a terceirização do Pronto Socorro de Rio Branco. O deputado comunista teve muitas portas fechadas durante o processo eleitoral, indo com a cara e a coragem para o fronte de batalha. Lembro ainda que Jenilson sempre foi fiel ao projeto da FPA, mas nunca recebeu o devido reconhecimento por isso.
GIGANTE DE FORA
O deputado Léo de Brito (PT), que contava com as bênçãos do governador Sebastião Viana, Carioca e cia, milhares de comissionados e pelo menos cinco secretarias do Estado, foi varrido da câmara federal. Aliás, é bom lembrar também que César Messias (PSB), com derrota mais do que merecida, também deverá cair no ostracismo por não ter se reelegido.
UMA PENA
Fica o registro para o deputado federal Raimundo Angelim (PT). Uma das poucas almas que não merecia a balsa no contexto atual. Angelim sempre foi uma pessoa correta e não tem nada que desabone sua conduta em toda sua história política. Ele foi vítima do “fogo amigo” e assim como o senador Jorge Viana, que também não conseguiu a reeleição, pagou um preço caro. Muito caro por sinal.
SIBÁ
Sem apoio do governo, sem apoio do PT e minado politicamente, Sibá Machado deixará a Câmara dos deputados como o parlamentar que destinou mais de 60% de suas emendas para educação. Tirando suas declarações sobre a CIA e a Lava Jato, Sibá teve um mandato produtivo e sempre foi muito bem assessorado por Michel Marques, seu principal articulador político. Mas ser candidato pelo PT é complicado demais. Ele sabe disso.
APOSTA ERRADA
Considerado o “Menino de Ouro” do Pastor Agostinho, dono da Igreja Batista do Bosque, o ex-secretário de Saúde, Gemil Junior, foi parar na balsa com apenas 2.870 votos. Com grande estrutura e apoio financeiro, ele não foi capaz de transformar o apelo político de quando passou pela Sesacre em voto.
COMPOSIÇÃO NA ALEAC
Dos 24 deputados estaduais, apenas 11 conseguiram a reeleição. Gladson Cameli deverá contar uma bancada de apoio de 18 deputados. Pelo menos até agora. É possível que Jonas Lima (PT) se alie ao governador eleito após algumas conversas e deixe o partido.
FORÇA EM BRASÍLIA
Gladson contará também com um exercito de parlamentares em Brasília. Pelo menos três senadores e cinco deputado federais estarão a sua disposição em busca de recursos para ajudar o Acre.
PDT e PRB
Os deputados eleitos Jesus Sergio (PDT) e Manuel Marcos (PRB) devem deixar a Frente Popular também. É provável que os novos parlamentares participem da base de apoio de Cameli. A oposição, teoricamente, ficará a cargo da Perpétua Almeida (PCdoB), a única que se salvou da degola do chapão da FPA.
ERRO DE NEY AMORIM
O presidente da Aleac, Ney Amorim, candidato ao senado derrotado pelo PT, deu um passo maior que a perna. Com base nos números divulgados pelo TRE após a apuração das urnas, Ney deveria ter sido candidato a deputado federal. Teria uma eleição tranquila, com grandes chances de ser o mais votado, compondo a legenda para eleger até mais dois deputados da FPA. Infelizmente não foi assim.
UM NOVO TEMPO
O Acre passará por grandes mudanças a partir de 2019. Não se sabe ainda se serão boas. Não sabemos nomes dos postulantes aos cargos do primeiro escalão do governo Gladson Cameli. A única coisa que existe é uma boa vontade para que as coisas deem certo. Acredito que isso seja o desejo dos 223 mil eleitores que escolheram Gladson governador.
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