Segundo dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a taxa de evasão escolar entre meninas de 15 a 17 anos com pelo menos um filho alcançava 68% em 2015, contra 22% entre as jovens da mesma idade que ainda não haviam sido mães. A pesquisa, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela ainda que existiam 5,2 milhões de meninas na respectiva faixa etária. Destas, aproximadamente 6% tinham pelo menos um filho e 203 mil precisaram deixar os estudos.
Conciliar a maternidade e a universidade não é tarefa fácil para as mulheres, especialmente quando são chefes de família. “Por experiência, o maior desafio foi me manter presente na universidade – tanto por causa da demanda da própria, por conta de atividades curriculares que eu deveria cumprir, quanto pelo lado financeiro, uma vez que precisava de dinheiro para transporte e outras atividades”, sinaliza Daiana Consuelo, de 32 anos.
Atualmente mãe de dois filhos, Laila Maia e Yan Miqueias, Consuelo destaca que já tinha vivenciado a maternidade antes de entrar na universidade, mas a segunda gravidez veio ainda no primeiro semestre do curso de Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas. “É muito difícil para uma mulher que tem dois filhos estruturar a própria carreira, especialmente após os 30 anos. Até hoje enfrento desafios. O que parece é que mulheres nessas condições não servem mais para o mercado de trabalho”, avalia.
Considerando as barreiras vivenciadas diariamente por essas pessoas, a Organização não Governamental Soroptimist abriu inscrições para a bolsa de estudo Viva o Seu Sonho: Prêmios de Educação e Treinamento para Mulheres (Live Your Dream: Education & Training Awards for Women). O objetivo é conceder até US$ 10 mil (dólares) para que chefes de família do sexo feminino aperfeiçoem as habilidades e ampliem as perspectivas de emprego. De acordo com a organização, o prêmio da Soroptimist “revela um efeito cascata poderoso em que essas mulheres corajosas se superam através das grandes adversidades”.
A organização destaca que o termo “soroptimist” faz referência às mulheres que buscam o seu melhor desempenho para que outras também alcancem o seu pleno potencial. Existente desde 1972, a iniciativa já contribuiu para o desenvolvimento educacional de mais de 30 mil mulheres por meio de aproximadamente US$ 30 milhões em prêmios em dinheiro. Anualmente, mais de R$ 2 milhões são distribuídos em forma de bolsas de educação para cerca de 1,5 mil pessoas em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Inscrições
As inscrições estão abertas até 15 de novembro. É necessário preencher a ficha de inscrição disponível no site da ONG, encaminhar duas cartas de recomendação (modelo já disponível), informar dados sobre rendas e despesas, entre outros requisitos.
É preciso também que a candidata esteja matriculada ou tenha sido selecionada por uma universidade e resida em um dos países ou territórios membros da Soroptimista Internacional das Américas. São eles: Brasil, Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Guame (Guão), Japão, Coréia, México, Ilhas Marianas do Norte, Palau, Panamá, Paraguai, Peru, Filipinas, Porto Rico, Taiwan, Estados Unidos da América e Venezuela.
Caso já tenha sido contemplada com outras bolsa de estudo, o valor poderá ser redirecionado para outras despesas.
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