Tenho conversado com pessoas das mais diferentes classes sociais que têm simpatia pelo presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) no Acre. Depois de ouvir vários depoimentos na Capital e também no Vale do Juruá cheguei a conclusão que o principal motivo da escolha é a violência. A situação da segurança pública no Estado se deteriorou com a chegada das facções criminosas e a falta de uma estratégia eficiente de combate à criminalidade. A sensação de insegurança se tornou um pesadelo para o cidadão comum que deseja uma solução imediata. Em situações extremas a tendência das pessoas é acreditar num “salvador da pátria” que possa num “passe de mágica” resolver a questão. E quem conseguiu encarnar esse “personagem” foi exatamente o deputado federal Bolsonaro, pelo fato de ser capitão do Exército e prometer liberar o porte de armas para pessoas comuns enfrentarem a bandidagem. Ainda que isso possa representar, na verdade, um aumento sem precedentes da violência, muita gente acredita que com uma pistola na cintura conseguira intimidar os bandidos que colocam em risco o seu patrimônio e a sua vida. A realidade é que Bolsonaro conseguiu vender aos eleitores a imagem do “herói” que vai acabar com a criminalidade e devolver a segurança às pessoas. Então no Acre, até pouco tempo um lugar tranquilo em que se dormia com as janelas abertas, esse discurso colou mais do que em outros lugares do Brasil. Todas as pesquisas têm mostrado que Bolsonaro deverá ser o presidenciável mais votado no Estado.
Voto de vingança
Um outro aspecto que ajuda Bolsonaro entre os eleitores acreanos é a rejeição ao atual modelo de Governo do Estado. O desgaste natural do PT depois de 20 anos no poder gerou um acumulo de insatisfações em relação a segurança pública, a saúde e a geração de emprego. Então a tendência de parte significativa do eleitorado é votar exatamente em quem representa a antítese daquilo que é apregoado pelos petistas.
Ideologia
Também o discurso de que “nada presta” e o Brasil é “terra arrasada” com a corrupção acabou fazendo eco entre os eleitores. Eles acreditam que pelo fato de Bolsonaro ser um militar poderá fazer um “justiçamento” com os corruptos. Dai segue-se o discurso anti-esquerda e anti-liberal.
Devagar com o andor…
Mas apesar de ser evidente a tendência de vitória do Bolsonaro no Acre, nenhuma pesquisa até agora mostrou o presidenciável com mais de 35% das intenções de votos. O que significa que dificilmente chegará aos 50%. Sem falar que o Acre a nível nacional representa apenas 0,3% dos votos.
Ainda atrás
Os institutos nacionais como DataFolha e Ibope mostram que nas projeções de segundo turno, por enquanto, Bolsonaro só venceria o Haddad (PT) num segundo turno para presidente. Perderia para Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alkmin (PSDB).
Influência
No entanto, a onda Bolsonaro no Acre irá interferir diretamente na disputa ao Governo do Estado. A tendência é a maioria dos seus eleitores escolherem entre Gladson Cameli (Progressistas) e Coronel Ulysses (PSL).
Segundo turno
Atualmente o debate é se o fator Ulysses, que é o candidato oficial de Bolsonaro no Acre, irá levar a eleição ao segundo turno. Na pesquisa da Rede Record, na projeção do segundo turno, Gladson aparece com 50% contra 40% de Marcus Alexandre (PT). A tendência são os eleitores do Bolsonaro votarem contra o PT.
Fim da novela
Como o TSE indeferiu a candidatura do Lula (PT) vamos entrar numa nova fase das eleições presidenciais. Esse impasse poderia gerar uma instabilidade jurídica nas eleições que atrapalharia todo o processo. Ou seja, os eleitores só saberiam sobre a validade dos seus votos depois de esgotado todos os recursos em relação a candidatura Lula. Agora, o clima vai esquentar entre os concorrentes.
Herança
Fernando Haddad (PT), ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da educação, será o substituto de Lula. Resta saber se conseguirá herdar os votos do ex-presidente. Acredito que parte dos eleitores migrarão para a sua candidatura. Mas terá a concorrência de Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT).
Disputa imprevisível
É certo que teremos segundo turno na corrida presidencial. Mas quem serão os dois candidatos que chegarão lá? Acredito que os concorrentes com maiores chances são Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alkmin (PSDB). No entanto, não dá ainda para descartar as possibilidades de Haddad. Vai depender de como os eleitores vão reagir ao “impedimento” de Lula.
Na Justiça
O deputado estadual Jenilson Leite (PC do B) conseguiu a sua nomeação pelo Estado como médico, na Justiça. Ele passou num concurso público em 2014 e ainda não havia sido contratado. O interessante é que Jenilson poderia ter usado a sua influência de parlamentar para conseguir a sua nomeação, mas preferiu o caminho dos simples mortais.
Não entendo
O atual Governo do Estado fez vários concursos e não chamou os aprovados, tanto na saúde quanto na segurança. Isso é falta de planejamento. Se o Estado está promovendo um concurso público é de supor que tenha os recursos para as contratações ao final do processo. Só que não. Muitos concorrentes investiram nas taxas de inscrições e em exames, depois de aprovados, mas continuam no compasso de espera. Um absurdo.
Erro dos outros
É inegável que os erros do atual Governo do Estado recaem nas costas do candidato petista Marcus Alexandre. Não há como separar um do outro. Para os eleitores acreanos Marcus representa a continuidade de uma gestão que tem, segundo o Ibope, apenas 23% de aprovação pela população. Marcus ainda está forte na Capital beneficiado pelo trabalho que realizou na prefeitura. Mas no interior as pesquisas mostram uma vantagem considerável de Gladson Cameli. Como em Rio Branco também não deverá haver uma diferença de votos muito grande, para nenhum dos dois lados, o favoritismo da oposição está se consolidando a cada dia. Ainda que, na minha opinião, a eleição esteja longe de estar decidida. Falta mais de um mês para a votação e a intensidade das campanhas e o resultado dos debates é que definirão quem será o próximo governador do Acre.
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