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MDB lança o engenheiro candidato a deputado federal: “As obras públicas precisam ser feitas com capricho. No Acre, elas não são bem feitas”

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Apesar de todos os partidos tradicionais falarem da necessidade de renovação de seus quadros, o que ainda prevalece é o caciquismo. Mas como toda regra tem exceções, foi justamente o controverso MDB que apresentou uma novidade nas eleições deste ano. Na lista dos candidatos proporcionais homologada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), aparece o nome do engenheiro civil Roberto Feres, de 57 anos.


Nascido no interior de São Paulo e formado pela Universidade de São Carlos, ele chegou ao Acre no início da década de 80 para compor o quadro técnico da prefeitura de Rio Branco. Pouco tempo depois, Feres já era do corpo docente da Universidade Federal do Acre (UFAC), instituição onde permaneceu por 23 anos. “Fiz muitos amigos, notadamente alunos”, disse ele, que sempre conciliou o trabalho técnico com a sala de aula.

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Em 2007, Roberto Feres ingressou na Polícia Federal como perito criminal. Apesar da pompa do cargo, ele não mudou de amigos nem a forma de se comportar. “Sou apenas cuidadoso porque o meu trabalho requer dedicação e discrição”.


Político das antigas, Feres vê na crise atual uma oportunidade para o Brasil irromper, quebrar paradigmas e, como ele mesmo diz, jamais nega a política como principal ferramenta de transformação social. “O sistema político brasileiro está muito doente e precisa ser tratado com seriedade e qualidade No entanto, não podemos aprofundar o ceticismo e o pessimismo quanto às possibilidades da democracia brasileira”, afirma o candidato.


Mestre em Engenharia Urbana e doutor em Ecologia dos Recursos Naturais, Roberto Feres é casado há 33 anos com a acreaníssima Nazle Maria Fecury de Mello Feres, como quem teve três filhas, uma engenheira civil, uma arquiteta e a terceira, engenheira de alimentos. Em uma das salas do diretório do MDB, ele conversou com a reportagem e falou sobre o Acre, os 20 anos do petismo e, principalmente, de suas propostas. Veja os principais trechos:


ac24horas – Por que o senhor é candidato a deputado federal?


Feres – Eu sempre tive uma vida atribulada e cheia de compromissos. Compromissos com trabalhos técnicos, como a minha carreira na Ufac e família. Neste momento esses compromissos estão resolvidos, ou seja, eu tenho disponibilidade. Tenho quase três décadas de acúmulo de experiências e críticas à politica como ela é. Essas críticas são como profissional e fiscal, principalmente na atividade policial, vendo chegar erros grosseiros que acontecem, muitas vezes, por má gestão política. Eu tenho conhecimentos acumulados que posso usar nas criticas, nas proposições e na construção daquilo que considero novo.


ac24horas – E o que é novo?


Feres – Muitas coisas na forma de conduzir a política precisam ser novas, principalmente na forma de representar o eleitor e cobrar as ações dos governos. Não concordo com essa dicotomia de que se você for da oposição tem que falar mal; se for da situação, tem que só falar bem. Você tem que contribuir, independentemente do lado em que estiver, trazendo propostas de como melhorar, servir melhor e fazer bem feito. O meu papel como parlamentar é não deixar errar. O chefe do executivo tem que fazer o melhor para o país, o estado ou o município. Para renovar o congresso é necessário eleger pessoas que acreditam que política é um local de honestidade, diálogo e dedicação. Sou candidato porque defendo propostas que o eleitor acredita.


ac24horas – Quais são as suas propostas?


Feres – O desenvolvimento não ocorre se você não pensar no município. Eu sou municipalista. Uma das coisas que a gente tem que resolver no país é a distribuição de recursos. Estes ficam sem nada e com o chapéu na mão em Brasília, enquanto o governo federal fica com tudo e liberando recursos só para quem lhe interessar. Um dos papéis de um deputado federal é inverter essa lógica. Outra proposta é fazer funcionar, de forma eficiente, as agências reguladoras que viraram cartéis das empresas aéreas, da indústria farmacêutica, dos planos de saúde e das telefonias, por exemplo. É preciso fiscalizar muito. Elas precisam ser aliadas do consumidor. A segurança é uma questão de estado. Não é local para distribuir cargos. Embora comece prendendo o bandido, a segurança é ampla. Precisamos ressocializar o sujeito que fez a coisa errada. Ninguém está olhando para o sistema penitenciário no Brasil, que virou um barril de pólvora e um formador de mais bandidos. As soluções estão restritas a construção de presídios e à contratação de agentes penitenciários. Eu pretendo contribuir para implantar muitas propostas já existentes, ou seja, tirá-las do papel. Precisamos também rever toda a legislação penal e as suas subsidiárias, que estão ultrapassadas. Essa legislação não é boa para a integração dos órgãos. Por estarmos em uma região de fronteira, precisamos ainda mais dessa união. Os nossos crimes, em sua maioria, estão ligados ao consumo e tráfico de drogas.


ac24horas – Segundo alguns especialistas, cada real gasto em saneamento economiza nove em saúde. Comente sobre isso?


Feres – O país gerou muitas fontes de recursos para serem usados no saneamento básico. Cidades que souberam usar isso estão com cem por cento de esgoto tratado. Nestes locais, existe uma cultura de cuidar das obras. Hoje, todos os municípios do Acre já receberam recursos que dariam para tratar os resíduos sólidos. Só Rio Branco possui um bom tratamento de lixo, mas, efetivamente, nossa capital não trata cinco por cento do seu esgoto. Já investiu recursos para tratar cem por cento. Rio Branco não consegue recolher o seu esgoto, que se mistura com as águas drenadas, que vão para o igarapé e chegam ao Rio Acre. As obras são mal feitas e não funcionam. Já foi feito esgoto para a metade da cidade, mas não é recolhido e tratado. Nesta época do ano, o Canal da Maternidade vira um esgoto a céu aberto. A obra pública tem que ser feita com capricho para solucionar. Existe muito dinheiro, mas é usado para fazer obra mal feita.


ac24horas – Quase 20 anos depois, o governo petista sequer iniciou um processo de desenvolvimento no estado. Como o senhor analisa isso?


Feres – Antes mesmo de precisar de governo, o setor privado precisa de segurança: “Eu vou conseguir escoar a minha produção ou a estrada vai fechar? Tem energia para eu me instalar? Eu tenho que ter a segurança de que o estado não vai querer ser meu sócio ou competir comigo. Eu não vou querer político mandando na mina empresa”. Não existe essa segurança no Acre. Além disso, o financiamento público não pode ser moeda de troca para isso. O estado não faz o seu papel e os agentes políticos querem ser sócios. Quando chega uma campanha eleitoral, eles vão achincalhar os empresários pedindo dinheiro para a campanha. O que é vocação econômica? O trabalho do zoneamento não é dizer o que você tem que colocar lá. O trabalho é dizer: quais são as fragilidades e potencialidades de cada local. O empresário é quem vai decidir. Além de garantir uma infraestrutura adequada, o estado deve ajudar na formação de mão de obra, criando e mantendo escolas técnicas em cada região.

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ac24horas – Atravessamos a pior crise já registrada na história brasileira, quer seja ela econômica, moral ou institucional. O que senhor vai dizer aos eleitores?


Feres – Eu tenho uma história. Existem muitas pessoas que trabalharam comigo. Eu não tenho vergonha de pedir votos. Eu não sou nem me sinto um político tradicional. Eu não tenho medo de ser diferente. Tem muito político bom. Eu tenho que me juntar a eles. A negação da política jamais. Se dissermos que é todo mundo igual, estaremos estimulando a bandidagem.


ac24horas – Mesmo tendo virado mera peça de retórica, é possível fazer politica com ética?


Feres – Ética é você falar a verdade, ser você mesmo e ouvir muito. É preciso sentir o problema de quem está sendo representado. Ninguém pode entrar na política para se autorepresentar. Nos EUA, os parlamentares são conhecidos como representantes. Eu, com certeza, serei da bancada dos chatos. Vou analisar cada caso, entrando no mérito de cada um e tratar com bom senso cada discussão. Eu não vou defender interesses corporativos de grupos. O slogan da minha campanha é renova com segurança.


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