Neste sábado, 11 de agosto, completa-se um mês desde que parlamentares de oposição ao governo Sebastião Viana (PT) se reuniram com o presidente Michel Temer (MDB), no Palácio do Planalto, para entregar o pedido de intervenção federal na Segurança Pública do Acre. A solicitação ocorreu após o estado ter registrado, à época, 20 execuções em menos de duas semanas.
Na reunião, os parlamentares passaram um diagnóstico da situação vivida pelos acreanos, e pediram ajuda federal nos moldes da intervenção adotada desde o começo do ano no Rio de Janeiro. Do presidente e dos ministros presentes, eles receberam a promessa de ajuda por meio da atuação dos serviços de inteligência federais e da apresentação de um plano de ação.
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Entrevistado por ac24horas na ocasião, o deputado Major Rocha (PSDB) informou que, dali 15 dias, os ministros Raul Jungmann (Segurança Pública) e o general Sérgio Etchegoyen (Segurança Institucional) viriam ao Acre apresentar a estratégia de atuação das forças federais. Um mês depois, nem um nem outro colocou os pés no estado.
A reportagem procurou a Secretaria de Segurança Pública do Acre para saber qual ajuda de fato o estado recebeu de Brasília após a barulheira política ocasionada pelo pedido de intervenção. Segundo o titular da pasta, Vanderlei Thomas, o Acre não teve nenhum reforço federal para as ações de combate à criminalidade.
“O que nós temos de novo durante este período é exatamente nada. Nós não tivemos nenhum contato oficial com o governo federal se disponibilizando. Pelo contrário, as emendas de bancada que estavam em condições de ser liberadas não foram liberadas antes do período eleitoral”, diz Thomas.
Sobre a promessa de envio de soldados da Força Nacional para reforçar as fiscalizações nas regiões de fronteira, o secretário afirma que o Acre não contou com este aporte. Segundo ele, os membros da força federal que estão no estado são um pequeno efetivo que veio apenas para ministrar cursos aos policiais acreanos, e cuja vinda estava prevista antes do pedido de intervenção.
“Não tem nenhuma relação com aplicação efetiva de operações de rua.” A ação federal mais expressiva que ocorreu no período foi a Operação Ajuricaba 3, do Exército, organizada pela 17º Brigada de Infantaria de Selva, sediada em Porto Velho, que teve atuação no Acre e em Rondônia.
A atuação dos militares também já estava programada para ocorrer antes do pedido de intervenção federal, e já teve suas atividades encerradas. Vanderlei Thomas destaca que o único reforço concreto ocorrido foi das próprias forças estaduais. “Enquanto secretário de Segurança, estou nas ruas junto com as polícias há mais de 30 dias.”
Ele dá como exemplo a Operação Ilha Grande, realizada em Cruzeiro do Sul, que prendeu mais de 100 pessoas envolvidas com as facções criminosas e o tráfico de drogas. Apesar de certa redução no número de assassinatos no período, as facções continuaram sua guerra que resulta na execução de rivais a qualquer hora do dia e da noite.
Até 31 de julho último, o estado teve registrados 253 assassinatos; pouco menos da metade do observado em todo o ano passado, de 530. Uma das retóricas do governo Sebastião Viana (PT) para explicar a atual crise de violência no Acre é a omissão do governo federal em não patrulhar as áreas de fronteira com a Bolívia e o Peru.
O controle das rotas da droga produzida e exportada pelos dois vizinhos é o principal motivo da disputa sanguinária entre as facções criminosas, que usam o tráfico como sua grande fonte de financiamento.
A reportagem do ac24horas entrou em contato com as assessorias de imprensa do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e do Palácio do Planalto para apresentar quais ações foram elaboradas para o Acre após o pedido de intervenção, mas não houve o envio de respostas até o momento.
O senador Sérgio Petecão (PSD), coordenador da bancada no Congresso Nacional e autor do pedido de intervenção, não foi localizado para comentar a questão.
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