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Quem mais divulga Jair Bolsonaro nas redes sociais é a própria esquerda

Por
Nelson Liano Jr.

Sabem aquela máxima do marketing político de falem mal, mas falem de mim? Pois é, parece que os adversários do Bolsonaro (PSL) ainda não entenderam esse simples axioma. A sua polêmica entrevista para o programa Roda Viva da TV Cultura, na noite de segunda-feira, teve enorme repercussão nas redes sociais impulsionada pela própria “esquerda”. Parece que eles levam mais a sério os disparates do presidenciável do que os seu próprios aliados. Assim acabam fazendo uma divulgação gratuita para o candidato da extrema-direita. Não é à toa que a sabatina com o Bolsonaro teve a maior audiência comprovada da história do Roda Viva, segundo vários sites especializados. E a rodada de perguntas dos jornalistas se tornou mais uma militância anti-Bolsonaro do que uma entrevista técnica e imparcial. Acabaram ajudando o cara que debaixo do maior “fogo cerrado” manteve-se tranquilo nas suas convicções fundamentalistas conservadoras. Ele não se abalou em nenhum momento. Dessa maneira conseguiram muito mais “vitimizar” o candidato que defende torturadores do que estigmatiza-lo. Os preconceitos exalados nas falas de Bolsonaro parecem ter virado de lado devido a ânsia dos jornalistas em querer aniquilá-lo. Estratégia desastrosa. Numa equação rápida do resultado dessa entrevista, quem já ia votar no Bolsonaro ficou mais convicto ainda e alguns que estavam em dúvida devem ter tido a certeza do voto. Isso porque jornalistas pseudos intelectuais quiseram exibir os seus “talentos” perante a maior audiência que já tiveram na vida. Para completar o quadro os militantes esquerdistas foram para as redes sociais lembrar das ideias do “Militar” para quem não viu o programa. Uma tragédia. Mesmo porque entre os eleitores de Bolsonaro existem muitos que se identificam com propostas que soam racistas, antifeministas e discriminatórias para os homossexuais. Se queriam destruir o Bolsonaro conseguiram fazer exatamente o contrário.


Chance Real
Até essa entrevista eu achava que as chances do Bolsonaro se tornar presidente eram mínimas. Mas o cara ficou inabalável diante de uma entrevista que mais parecia uma “inquisição”. Ou seja, a sua performance nos debates entre candidatos na televisão não será um “desastre” como muitos estão prevendo.


Espaço
Os marqueteiros do Bolsonaro sabem que é no espaço virtual que podem fortalece-lo. Sem nenhuma coligação, Bolsonaro praticamente não terá tempo de rádio e TV nos programas eleitorais. Mas vai usar os debates e entrevistas televisivas para promover as suas ideias fundamentalistas que têm eco em parte da sociedade brasileira.


Voto de vingança
Um outro aspecto importante é que muitos irão votar no Bolsonaro para se “vingarem” do PT e dos partidos de esquerda. Então para esses eleitores quanto mais mal falarem dele ou atacarem o Bolsonaro, mais convictos estarão da sua escolha. Simples assim.


Mesmas armas
Então se a esquerda atacar o Bolsonaro usando armas como o preconceito e a descriminação estará trilhando o mesmo caminho do adversário. As falas do Bolsonaro que para muitos são pura estupidez agradam um outro tanto de gente numa sociedade adoecida pela dúvida e a incerteza. Será que ainda não entenderam isso?


Até tu Brutus?
O ex-presidente da Aleac, Élson Santiago (PTC), será candidato a deputado estadual numa coligação com o Progressistas que tem Gladson Cameli (PP) como candidato ao Governo. Além de duas vezes presidente da ALEAC, indicado pelo próprio PT, Élson foi assessor especial do governador Tião Viana (PT), durante quase todo o seu segundo mandato. Mesmo assim vai pedir votos para a oposição. Só lembrando que Élson ganhou sete eleições seguidas para a ALEAC, perdeu uma, justamente quando foi o presidente da Casa, e entra no jogo com chances reais.


Rota de fuga
Se as pesquisas continuarem mostrando o Gladson na frente do Marcus Alexandre (PT), como a mais recente do Data-Control , o PT pode se preparar para as defecções. Eu já conversei com alguns candidatos a deputado estadual de partidos da FPA que não irão pedir votos para o Marcus. Nos bastidores, e não tão em silêncio assim, apoiam o candidato da oposição nas suas visitas pessoais.


Perspectiva de poder
Se o jogo continuar a virar podem esperar pela “noite das facas longas”. O que vai ter de político que “mamou” durante os governos da FPA mudando de lado, sem o menor escrúpulo, não será brincadeira. Talvez seja esse o erro do PT, tanto a nível local quanto nacional, ter deixado faz muito tempo de escolher os seus aliados pela régua ideológica. Preferiram apostar na manutenção do poder colocando oportunistas pra dentro que não têm o menor compromisso com a lealdade de projetos programáticos. A fatura poderá vir com juros e correções monetárias nas eleições de 2018.


A hora errada
Marcus Alexandre deveria ter esquecido a política em 2015. Mas entrou naquela pantomima de quatro postulantes ao cargo de governador da FPA. Perdeu tempo precioso que deveria ter sido dedicado à gestão de Rio Branco. Acabou deixando a prefeitura no final do inverno amazônico quando os problemas urbanos se tornam naturalmente mais agudos. Marcus é um político em formação e mostrou ser um bom gestor, mas criaram um script equivocado para lança-lo candidato em 2018.


Ainda no jogo
Evidentemente que não estou falando que a eleição já está decidida. Muito pelo contrário, teremos dois meses intensos pela frente em que cada dia conterá a eternidade. Muita água ainda vai passar pelas pontes dos rios acreanos durante a campanha e o Marcus está trabalhando bastante como candidato. Erros acontecem de todos os lados e podem mudar o espectro atual de favoritismo dessa eleição. Mas mesmo que o Marcus venha a vencer isso não muda a minha opinião sobre o equivoco da maneira como o jogaram no fogo.


Tábua de salvação
O esforço do PT será para a eleição ir para o segundo turno. Então zera tudo e os debates se tornam de um contra um. Tempos iguais de TV e rádio e uma nova oportunidade para os eleitores pensarem sobre a escolha de quem vai ser o próximo governador do Acre. Sem falar no rosário de mágoas dos candidatos derrotados ao Senado, deputado federal e estadual que podem mudar de lado conforme as suas conveniências de futuro. Como aparentemente não surgiram candidatos, segundo os números das pesquisas, que possam romper a polarização entre Gladson e Marcus, a não unidade da oposição ajuda o PT. Se por ventura o outro candidato de oposição, Major Ulysses (PSL), vier a desistir da sua candidatura, o resultado final da eleição será já conhecido no dia 7 de outubro. Claro que eleição só se decide com os votos nas urnas. Então Ulysses, Janaína Furtado (Rede) e David Hall (Avante) continuam no jogo com possibilidades de vitória. Mas será que os eleitores acreanos acreditam nessas possibilidades?


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Nelson Liano Jr.

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