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Fracasso da cavalgada da Expo mostra o final de um ciclo político no Acre

Por
Nelson Liano Jr.

Em 2018 aconteceu exatamente o contrário do que em outros anos de eleições. A cavalgada da Expoacre foi um fracasso enorme. Consequentemente é de se imaginar que a Feira que acontece em Rio Branco deverá seguir pelo mesmo rumo. O interessante é que a Expo sempre serviu de “cavalo de batalha” eleitoral para os Governos do PT durante 20 anos. Uma festa grande na Capital depois seguida de outra em setembro no Juruá. Mas parece que as coisas mudaram e a crise econômica acompanhada do clima de final de gestão desanimaram os participantes do tradicional evento do Estado. Um outro detalhe é que as Expoacres dos anos eleitorais sempre tiveram maior investimento por parte do Governo. Agora, nem isso e o povo não deu a menor bola. Pode ser que nos dias dos shows a Exposição receba um público mais significativo. Mas o evento está fadado ao fracasso. Muitas empresas que dependem exclusivamente da generosidade dos cofres públicos estão com seus pagamentos atrasados e passando por dificuldades. Os investimentos públicos-privados como a Peixe da Amazônia S/A, Natex, ZPE, entre tantos outros, redundaram em prejuízos e não geraram os empregos e oportunidades esperadas. O atual Governo abriu mão do modelo econômico florestal e preferiu a tentativa de uma industrialização que efetivamente não aconteceu. A verdade é que o Acre continua a procurar uma alternativa para fugir da economia de contracheques.


A visão dos candidatos
A coluna ouviu os dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenções de votos para o Governo sobre o “fracasso da Cavalgada da Expoacre”.


Marcus Alexandre (PT) afirmou tratar-se de um evento em que as pessoas decidem sobre o seu rumo. “Se eu for o governador, na próxima Expoacre, irei abrir um edital com a inscrição para os cavaleiros, veículos e comitivas. Conforme o número de inscritos vamos planejar a organização do evento. Iremos incentivar mais as comitivas familiares e não só as comerciais,” afirmou. Quanto ao resultado da Expoacre, Marcus disse o seguinte: “A Expoacre é uma feira de negócios e de entretenimento. Mas o setor privado precisa se mobilizar para que tenhamos uma vitrine da produção do Estado, senão, fica só o entretenimento. Como governador irei incentivar o envolvimento das empresas para que essa função primordial de vitrine da nossa produção se torne uma realidade.”


O outro lado
Já o senador Gladson Cameli (PP), que também postula do Governo, adotou um tom mais crítico em relação ao esvaziamento do evento.


“O fracasso da Expoacre é uma prova que o atual Governo está regredindo em todos os aspectos. Se pegarmos as mais importantes secretarias de segurança, saúde e educação, todas são problemáticas. E o Governo não tem a humildade reconhecer as suas falhas na gestão. Se a gente olhar para a Expoacre, que é uma festa tradicional dos acreanos e reconhecida em toda a Região Norte, vemos um esvaziamento. Quem esse Governo está querendo enganar com esse discurso de produção ultrapassado? Temos que pensar num Acre que acabe com a burocracia para quem quer produzir. Num próximo Governo que tenham pulso e gestão com as pessoas certas nos lugares certos. Ninguém pode tampar o Sol com a peneira. Infelizmente nós temos um grupo político no poder que teve os seus acertos, mas a realidade é que teve muito mais erros. Então cabe a nós mostramos à população que já detectamos os erros e apresentarmos a fórmula de como corrigir. E a prova do fracasso desse grupo político é a Expoacre, um evento simples, que se tornou um fiasco, em 2018,” afirmou Cameli.


Nem eles
O interessante é que a cavalgada da Expo sempre foi também um evento político democrático. Ou seja, os candidatos da oposição também pegavam uma carona para se promoverem durante o evento. Em 2018, nem isso. Nenhum candidato majoritário deu as caras para despertar a simpatia dos eleitores.


Vantagens
Quem deve ter gostado do fracasso da cavalgada foi a prefeitura da Capital. Pelo menos esse ano não teve que convocar uma equipe especial para limpar a sujeira deixada pelos cavalos e o lixo das comitivas que simplesmente não apareceram.


Nem ele
A tradição da Cavalgada é o governador abrir o evento montado no seu cavalo acompanhado pelo séquito de assessores. Em 2018, no momento da abertura da Expoacre Tião Viana (PT) estava no Juruá participando das convenções partidárias que indicaram o seu candidato Marcus Alexandre para a disputa do Governo.


Vida que segue
O fracasso da Expoacre não vai tirar o sono de nenhum acreano. Quem sabe o modelo do evento já esteja desgastado. Acho que o próximo Governo deveria investir em novas alternativas econômicas. Talvez incentivar as iniciativas regionais nos municípios. A Expo pode ser uma árvore que não dá mais os frutos esperados.


Indefinição
Nunca tinha visto uma eleição a presidente da República no Brasil tão morna. Na verdade, os eleitores ainda nem sabem quem são os candidatos o que dirá escolher os seus votos. Nem a esquerda e nem a direita conseguiram se organizar com candidaturas fortes. Paira no ar uma interrogação enorme.


Onda Bolsonaro
Todas as pesquisas publicadas até agora colocam Jair Bolsonaro (PSL) na frente quando o nome de Lula (PT) é retirado. No entanto, nessas mesmas pesquisas, Bolsonaro não vence nenhum dos outros candidatos no segundo turno. Isso revela um teto para Bolsonaro o que tira o seu favoritismo de vitória.


Todos contra um
O desempenho ruim de Bolsonaro nas projeções de segundo turno é facilmente explicável. No caso do candidato conseguir ir para o segundo turno a tendência é de todos os partidos e forças políticas se juntarem contra ele. Não será fácil Bolsonaro ganhar essa eleição.


“Lula Livre”
Agora, é muito temerária a posição do PT ao insistir em manter Lula candidato. Não vejo possibilidade jurídica da sua candidatura. Se a sua prisão é justa ou injusta é com a Justiça. Mas o fato é que com a condenação por um colegiado, Lula cai na Lei da Ficha Limpa. Esse é realidade que não deve ser superada por um casuísmo abonado por quem quis tirar o Lula do jogo. Seria uma contradição.


“Centrão” forte
Apesar dos números das recentes pesquisas não serem animadores para o presidenciável Geraldo Alkmin (PSDB) a sua candidatura é forte. A tendência ao conservadorismo deverá se impor nesta eleição. Mas não acredito que radicalize para uma opção nacionalista como a de Bolsonaro. Com a força política dos partidos do Centrão, Alkmin poderá decolar para o segundo turno.


Sem paciência
Falta diplomacia para o presidenciável Ciro Gomes (PDT) postular reunir a esquerda em torno do seu nome. O estilo do cearense é meio do Seu Lunga, ou seja, bateu levou. Parece que para o Ciro todas as perguntas feitas a ele são idiotas. Isolado no PDT acho muito difícil o Ciro conseguir decolar e chegar ao segundo turno.


Isolada
A presidenciável Marina Silva (Rede) tem se mantido fiel ao discurso de sustentabilidade. Mas falta uma articulação política mais eficiente do seu grupo. Como pretende ir ao segundo turno com alguns segundos de tempo de rádio e TV? Marina terá que se mostrar muito forte para sobreviver na selva das candidaturas poderosas quando a eleição esquentar.


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Nelson Liano Jr.

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