O primeiro semestre de 2018 apresentou uma mudança demográfica nos assassinatos registrados no Acre. De janeiro a julho foi detectada uma certa interiorização dos homicídios dolosos, com crescimento sobretudo nos municípios do Vale do Juruá. Segundo dados do Sistema Integrado de Segurança Pública, o aumento foi de 110% na comparação dos seis primeiros meses deste ano, com igual período de 2017.
Cruzeiro do Sul registrou, até a primeira quinzena de julho, 38 assassinatos em 2018; ano passado esse número foi de 18. O Juruá passou a ser uma das regiões mais cobiçadas pelas facções criminosas na disputa pelo controle das rotas do tráfico. A região é vizinha à porção peruana que mais concentra a produção de cocaína, com laboratórios localizados dentro da selva amazônica.
Outro município com aumento nas mortes é Plácido de Castro, fronteira com a Bolívia. Foram cinco homicídios detectados até agora, ante três em igual período de 2017. A área é outra rota estratégica para o tráfico de drogas. Houve elevação também na pacata Capixaba, saindo de dois para cinco homicídios – o município também tem como vizinho a Bolívia.
Em Rio Branco a queda foi de 17%: 160 assassinatos entre janeiro e julho de 2017 e 132 no mesmo intervalo de tempo deste ano. Em todo o Acre houve diminuição de 6,9%; 248 mortes em 2017 e 231 em 2018. Os dados apontam para uma média de 35 assassinatos por mês esse ano, ou quase um por dia.
Ao se fazer um retrospecto, vê-se que os índices de mortes violentas no Acre crescem ano após ano. Entre 2015 e 2017, por exemplo, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes subiu 115%.
O estudo aponta como principal causa para este crescimento a guerra travada entre as facções criminosas. De acordo com os dados, 70% das mortes se deram por “acerto de contas” entre os membros da mesma facção ou rivais.