Parece que o caminho encontrado pelo Governo petista para trazer paz aos acreanos é uma “guerra” de informações desencontradas tentando provar à população que está “tudo sob controle”, como já declarou uma vez Emylson Farias (PDT), quando ainda era secretário de segurança. Mas o pior é que o seu sucessor na pasta parece tê-lo superado em pérolas ditas na mídia. Em recente entrevista para uma emissora de rádio Vanderlei Thomas afirmou, segundo o G1: “essa guerra se instalou e precisamos se acostumar a ela. Não vivemos a mesma realidade que vivíamos sem essa instalação. É claro que não podemos naturalizar as mortes”. Depois as declarações do atual secretário tiveram como alvo a imprensa. “Os meios de comunicação contribuem nisso, são formadores de opinião. Os órgãos de comunicação não têm ajudado nisso, de divulgar uma cultura de paz, no sentido de alertar a sociedade enquanto a essa agregação e luta que é de todos nós” Fico a imaginar que talvez o ideal seria que todos os jornalistas se calassem diante da tragédia homicida que se abateu sobre o Estado. Talvez nós comunicadores devêssemos propalar aos quatro ventos que na “Suíça da Amazônia” só se morre de “tosse” ou de “susto”.
O outro lado
O Governo do Estado entregou recentemente 18 viaturas para as forças de segurança. Além disso, garante que os policiais do Acre têm o quinto melhor salário do Brasil. Também que houve uma redução recente de 21,33% nos homicídios em Rio Branco.
Oposição crítica declarações do secretário
Senador Sérgio Petecão (PSD) – “Uma pena ouvir isso de um secretário de segurança, mas até entendo porque esse cidadão não é do Acre. Ele não conheceu o Acre da paz. Deve ser normal essa situação lá onde ele morava.”
Deputado federal Major Rocha – “Lamentável que ao invés do secretário procurar uma solução tenha entregado os pontos. Depois de 20 anos de governos do PT parece que a equipe já mostrou que não vai resolver o problema quando diz que a população precisa se acostumar. O Acre precisa de um Governo que dê menos desculpas e seja mais efetivo em soluções. O governador Tião Viana assinou o programa ENAFRON (Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras) do Governo Federal que destina equipamentos e recursos financeiros para serem investidos nas fronteiras. A atual gestão precisa parar de usar o Governo Federal como desculpa para as falhas da nossa segurança. Agora, mesmo que o Governo Federal não estivesse ajudando em nada, ainda assim a responsabilidade é do Governo do Estado que não pode deixar o povo nessa situação.”
Senador Gladson Cameli (Progressistas) – “Foi uma declaração infeliz. O problema de segurança é de gestão. É preciso envolver toda a classe política, os poderes e a sociedade. Se nós juntos não tomarmos providências dando condições para que os nossos policiais tenham recursos técnicos para executarem os seus trabalhos não chegaremos a lugar nenhum. Agora, ficar procurando culpados e falando besteiras na mídia e querendo jogar a culpa na imprensa é politicagem e loucura.”
A visão dos políticos da FPA
Deputado federal Léo de Brito (PT) – “É preciso entender melhor essa declaração do secretário. Ele quis dizer que essa luta tem que ser enfrentada com todo o rigor e que vai demorar naturalmente ainda para chegar ao final. Eu entendo que as facções não serão vencidas facilmente. Antes não havia essa situação para enfrentarmos e temos deficiências nas fronteiras com a falta de aparelhamento por omissão do Governo Federal. A bancada acreana no Congresso Nacional fez uma emenda de R$ 70 milhões para investir na segurança pública. O Governo Temer (MDB) cortou o valor pela metade e ainda não liberou nada. Agora, nós conseguimos na Câmara aprovar o Sistema Único de Segurança que prevê uma integração plena de todas as forças policiais. Sem ação conjunta não encontraremos uma solução para essa violência. É uma luta de muitas batalhas.”
Deputado estadual Daniel Zen (PT) – Líder do Governo na ALEAC –
“Acredito que estejamos passando por uma situação muito crítica e delicada na área de segurança pública. A interiorização do crime organizado, no Norte do país, se tornou uma realidade, pela posição estratégica em relação aos países vizinhos, produtores de cocaína. O Brasil é o segundo maior consumidor de drogas do mundo e hoje as principais rotas de entrada de drogas no país passam pelo Acre, na fronteira com Peru e Bolívia. Acredito que o Governo do Acre tem feito a sua parte, tanto na repressão, com ampliação do efetivo das polícias, de viaturas, armas, munição, coletes, equipamentos, presídios e valorização profissional. Como também na prevenção, a exemplo dos investimentos em educação de tempo integral, educação profissional integrada ao nível médio, colégios militares, centro de estudos de línguas, instituto de matemática, ciência e filosofia e todos os projetos que visam dar oportunidades aos jovens. Há, de fato, gargalos no custeio, nas despesas correntes do dia-a-dia das delegacias e quartéis, como combustível para viaturas, decorrente da crise econômica, gerada pela política desastrosa do Governo Temer. Há ainda um problema de legislação penal, processual penal e de execuções penais que, no Brasil, são muito frouxas. E há uma omissão histórica, de todos os últimos 30 anos, do Governo Federal, no que tange aos investimentos no controle e vigilância de nossas fronteiras. Com uma legislação penal fraca e baixo investimento na vigilância de fronteiras, o trabalho da segurança pública estadual se torna igual a enxugar gelo.
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