Desde a última sexta-feira (29) as cidades acreanas já registram 14 execuções de pessoas que, segundo a polícia, estariam envolvidas na guerra entre as facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC). Outro saldo dessa carnificina urbana vivida pelo Estado são 25 pessoas baleadas no mesmo período.
As cenas de corpos amontoados retornaram ao noticiário policial após um curto período de trégua nesta guerra entre as facções. Desde o começo do ano se falava em um acordo de paz que CV e PCC teriam firmado após ambas terem consolidado seus territórios e rotas para o transporte de drogas. Ao que tudo indica, a guerra foi retomada.
Em entrevista à Rádio CBN Amazônia, o secretário de Segurança Pública do Acre, Vanderlei Thomas, disse que a população acreana precisava se acostumar com a situação. “Essa guerra se instalou e precisamos nos acostumar a ela. Não vivemos a mesma realidade que vivíamos sem essa instalação. É claro que não podemos naturalizar as mortes”, disse ele.
Segundo o último Atlas da Violência 2018, a capital Rio Branco tem uma taxa de 62,5 homicídios para cada 100 mil habitantes; os números superam até mesmo os do Rio de Janeiro, com 25,8/100 mil pessoas.
Desde 2015 os acreanos ficam no meio do fogo-cruzado deste “Acre em Guerra”, a série de reportagens do programa Fantástico, da Rede Globo, que bem retratou a situação da violência no Acre. De lá para cá, além destas chacinas quase semanais, outra prática dos criminosos é incendiar ônibus e outros bens do patrimônio público.
O governo tenta minimizar a situação afirmando que as execuções são resultados das disputas entre facções, não colocando na conta da chamada “violência normal”. Outra estratégia do governo é responsabilizar o Palácio do Planalto pela atual crise da violência ao não fazer sua parte na proteção das fronteiras.
Vizinhos dois principais produtores de drogas do mundo (Bolívia e Peru), o Acre se tornou um território cobiçado por estes grupos criminosos, que têm no tráfico sua fonte de financiamento. Uma das chacinas ocorridas estes dias foi em Assis brasil, município na fronteira com o Peru.
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