Não é um exagero afirmar que infelizmente o Acre está se tornando um dos mais violentos estados do Brasil. Durante o jogo da Seleção Brasileira contra o México pelos menos quatro tentativas de homicídios e um assassinato foram registrados. Nas comemorações da vitória da bola mais sete jovens perderam a vida à bala num bar em Rio Branco. A maioria das execuções descritas nas páginas policiais revelam quase sempre uma moto com dois encapuzados armados, tiros, cadáveres no chão e fuga pelas ruas da cidade. Ninguém sabe, ninguém viu e, na maioria das vezes, ninguém é preso. Assim as crônicas das mortes anunciadas pelas facções vão se sucedendo e vitimando pessoas em todos os municípios do Estado, como aconteceu na recente chacina de Assis Brasil. Muitas das vítimas jovens que encontraram no tráfico de drogas uma ilusória “solução” para fazerem parte da sociedade de consumo e também poderem ter modernos celulares, veículos, dinheiro no bolso e respeito nas suas comunidades. Marginalizados sociais tratados por muito tempo com um “paternalismo” estatal que visa sempre mais o “voto” do que a oferta de um caminho para a construção de vidas. Então a realidade cruel cobra a sua taxa numa “disputa insana” em que os times foram substituídos por denominações como Comando Vermelho, Bonde dos Treze, Terceiro Comando. A diferença é que a regra das brigas entre esses times não é o xingamento ou bate boca para saber qual o melhor, mas quem tem mais poder de fogo. Os pesados e sofisticados armamentos são os argumentos que dão razão para um lado ou outro. Enquanto o juiz da partida, a polícia, assiste impassível sem poder fazer muita coisa sofrendo com armamentos obsoletos, baixos salários e a falta de combustível para as viaturas circularem e disciplinarem as contendas mortais. Nas arquibancadas ou assistindo pela televisão, o Governo do Estado e o Federal, empurram a bola um para o outro pra influenciarem a opinião pública sobre quem é o mais ou menos culpado pela mortandade de tanta gente nos municípios do Acre. Mas não apresentam soluções à sociedade enquanto a pilha de corpos vai se amontoando trazendo luto fechado para pais e mães, sofrimento para as jovens viúvas e orfandade para as crianças que deverão protagonizar, num futuro próximo, o ciclo de dor, morte e sofrimento, por falta de oportunidades reais, outra vez. E assim segue a roleta russa escolhendo suas vítimas enquanto o dinheiro fácil do tráfico de drogas constrói castelos de poder bem no meio da sociedade dominada pelo medo e a incompetência dos seus gestores públicos. Uma partida sem vencedores, mas com muitos perdedores.
Silêncio e medo
Em Cruzeiro do Sul são poucos os que ainda se arriscam estar fora de casa depois das 22hs. As ruas estão desertas na cidade à noite. Muito medo e a consciência de que o perigo real pode custar a vida dos incautos. O mesmo em Xapuri, Sena, Tarauacá, Feijó e todo o interior acreano.
Empoderados
É fácil imaginar o que está acontecendo. Pegue como exemplo um jovem que nunca teve nada e viu seus amigos terem tudo. Coloque uma arma moderna com poder de fogo na sua mão. Ele agora não é mais um “marginalizado” mas membro de uma organização que pode ditar as regras. Tem “proteção” e o senso de “justiça” ditado pela organização a que pertence. Simples assim.
Flagelo anunciado
Isso aconteceu nos grandes centros urbanos brasileiros e agora se repete no Acre. E muita gente que poderia ter contido esse fluxo mortal estava mais preocupada com suas próprias vaidades, biografias históricas e puxa-sacos
palacianos que sugam os parcos recursos deste Estado. Deixaram o mal se enraizar e agora não será fácil removê-lo.
Política cruel
Investimentos em segurança pública nunca trouxeram muitos votos. Não tem sido prioridade no Acre assim como na maioria dos estados brasileiros. Vítimas da violência se transformam rapidamente em números e números podem ser maquiados por bons marqueteiros. Enquanto obras faraônicas geram grandes inaugurações, badalações, matérias na mídia, biografias e dinheiro fácil a ser “requentado” para investimentos eleitorais.
Pra não dizer…
A situação da violência no Acre chegou a um ponto tão extremo que é preciso colocar a polícia na rua, melhorar os armamentos dos soldados, investir em novas viaturas e, sobretudo, em inteligência estratégica. É preciso aumentar urgente o efetivo. O Governo fez um concurso para policiais no ano passado, mas até agora não chamou ninguém. Obviamente alegando a falta de recursos que, na minha opinião, sobram para áreas muito menos urgentes do que a preservação da vida da nossa população. Uma contradição!
…que não falei das flores
Mas o que resolve realmente essa situação de caos social gerado pela violência é a educação. É a única cura possível para uma sociedade adoecida pela corrupção de quem deveria dar exemplos. Montanhas de dinheiro a serem aplicados no bem estar social utilizados para enriquecimentos pessoais. E não adianta armar o simples cidadão. É preciso dar a ele e a sua família oportunidades para estudar e ter um emprego digno. Lidar com os recursos públicos com sabedoria para transformar a sociedade. É preciso enxergar homens e mulheres como seres viventes e não apenas como números estatísticos. Sobretudo, aprender o verdadeiro sentido de servir e não de se servir na política enquanto os semelhantes padecem sob o fogo cruzado de pistolas e metralhadoras mortais.
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