Nunca vi Cruzeiro do Sul, o segundo maior município do Estado, tão dividido politicamente como nos tempos atuais. Com forte tradição oposicionista, jamais teve um prefeito eleito pelo PT, Cruzeiro vive um momento tenso na sua política interna. A causa dessa situação é o “desentendimento” entre o atual prefeito Ilderlei Cordeiro (Progressista) com o ex Vagner Sales (MDB) que a cada dia parece ter mais desdobramentos. As consequências dessa disputa interna poderão atingir em cheio a candidatura ao Governo de Gladson Cameli (Progressista), com os descontentamentos gerados. Ontem recebi um whats do vereador Marivaldo Figueiredo (Progressista) pedindo aos seus eleitores para que orem para que não perca o seu mandato na Câmara de Cruzeiro. O vereador era do MDB e um dos principais aliados de Vagner. Dentro do prazo estabelecido pela legislação, já que é pré-candidato a deputado estadual, se bandeou para o Progressista, acompanhando o Ilderlei. Mas acontece que segundo uma fonte que consultei o MDB, naturalmente, pediu o mandato de Marivaldo por infidelidade partidária. Todos esses acontecimentos mostram que as coisas entre MDB e Progressista em Cruzeiro do Sul não andam nada serenas. Obviamente que o Vagner não deve estar satisfeito em ver os seus “aliados” se bandeando para os lados do agora “desafeto” Ilderlei. No pano de fundo está o Progressista de Gladson se fortalecendo com mais dois vereadores, o Marivaldo e a Lucila Brunetta (Progressista), que também optou em seguir para o lado do atual prefeito. O fato é que os dois sempre foram muito próximos ao emedebista, a Lucila, inclusive, esteve nas duas gestões do Vagner como secretária de saúde. Um verdadeiro fogo cruzado que poderá fazer vitimas políticas de todos os lados.
Pergunta e resposta
Indaguei ao vereador Marivaldo pelo Whats sobre quem estava querendo tomar o seu mandato. A resposta: “Os caciques do MDB da política do Juruá, por eu não aceitar ser puxado pelo beiço e estar embaixo dos pés deles. Optei por estar do lado do povo”, disse o vereador pelo APP.
Confirmação
Também pelo Whats o ex-prefeito Vagner Sales confirmou que o MDB pediu na Justiça os mandatos dos vereadores Marivaldo e Lucila. “Os mandatos de acordo com a legislação não são deles e sim do partido. Por isso o MDB pediu,” afirmou Vagner.
Questão jurídica
Consultei um advogado especializado em causas eleitorais. Segundo ele, será muito difícil os dois vereadores manterem os mandatos. O MDB deve reaver as duas cadeiras na Câmara Municipal, me disse o jurista. Ele explicou que teria que haver uma motivação muito forte dos vereadores ou então uma carta de autorização do partido, justificativas ideológicas são insuficientes nesses casos.
Novela longa
O fato é que alguns aliados de Vagner Sales estão mudando de lado. O poder de uma caneta de um executivo municipal é inegável. Essa novela, ao contrário do que alguns pensam, só está começando. Até 2020 a audiência cruzeirense poderá esperar muitas emoções.
Pé quente
Se os vereadores Marivaldo e Lucila perderem o mandato um dos suplentes que deverá assumir será o Carlinhos (MDB). Se isso realmente acontecer será a quarta vez que Carlinhos fica de suplente nas eleições para vereador de Cruzeiro do Sul e algum fato extra urnas o leva diretamente para o mandato. Um histórico e tanto.
Surfando na fama
Encontrei o meteorologista acreano Friale no Mercado Novo, no Centro de Rio Branco. O cara é uma celebridade. Muita gente pedindo para fazer fotos e autógrafos. Friale me disse que deverá ser candidato a deputado estadual pelo Patriotas. Mas já adiantou que o seu sonho mesmo é ser governador do Acre. Aguardemos a marcha do tempo…
Ficha limpa
A extinção da investigação contra o senador Jorge Viana (PT) deu mais um impulso à sua campanha à reeleição. Os “desafetos” não poderão acusa-lo mais de “ficha suja”. Jorge se tornou um verdadeiro andarilho durante a pré-
campanha tendo já visitado todos os municípios acreanos, em 2018.
Acre: um Estado refém das facções criminosas
Mesmo localizado na tríplice fronteira, com o Peru e a Bolívia, o município de Assis Brasil é um dos lugares mais pacatos do Acre. Assim quando leio sobre uma chacina naquele lugar meus nervos ficam à flor da pele. Parece que estamos entrando num estágio de caos social com a ação das facções criminosas no Acre. O pior é que as forças de segurança pública do Estado jogam a responsabilidade para o Governo Federal que, por sua vez, realmente parece não conseguir conter a violência nem no Rio de Janeiro sob intervenção federal, que dirá no longínquo Acre. Mas o que não consigo realmente entender é que se 90% dos brasileiros, segundo as mais recentes pesquisas, sabem da ineficiência do Governo Temer (MDB), como os petistas acreanos da gestão querem esperar ajuda dali? Na minha opinião, existe uma enorme irresponsabilidade nessa questão. O Governo acreano tem que tomar as suas providências indiferente de ajudas externas para preservar a vida da nossa população. E os sintomas dessa guerra de facções não começaram hoje. Há pelo menos quatro anos que temos sinais claros das atuações desses grupos criminosos. Enquanto escrevo as parcas linhas dessa coluna as manchetes do AC24horas registram quatro tentativas de homicídios e uma assassinato em Rio Branco durante o jogo Brasil e México. Se isso não requer uma declaração de estado de emergência não sei mais o que estão esperando para tomar essa medida.
Jogo político
Os nossos políticos da oposição que apoiam o Governo Temer e os do PT estão comendo mosca. A situação da violência do Acre requer uma unidade política para resolver esse problema muito além dos palanques eleitorais. A questão não são votos, mas vidas que estão se perdendo diariamente. A diplomacia precisa imperar para que se restabeleça a ordem no Estado. Esse jogo de empurra de um lado e outro só aumenta mais os macabros índices de assassinatos, a maioria de jovens, no Acre.