A Copa do Mundo da Rússia teve seu primeiro jogo marcante. No grande clássico ibérico disputado nesta sexta-feira (15), Portugal e Espanha empataram por 3 a 3 em Sochi e, agora, dividem a segunda posição do Grupo B, que tem o Irã na liderança. Em atuação memorável, Cristiano Ronaldo fez os três gols portugueses, enquanto Diego Costa (duas vezes) e Nacho marcaram pelos espanhóis.
A partida marcou a estreia do técnico Fernando Hierro, substituto de Julen Lopetegui no comando da Espanha. Cristiano Ronaldo quebrou três marcas ao mesmo tempo: se tornou o primeiro português a disputar quatro edições do torneio, igualou um recorde de Pelé e dos alemães Klose e Seeler ao marcar em quatro mundiais seguidos, e igualou Puskas como o maior artilheiro europeu a história de todas as seleções, com 84 gols cada.
Na quarta-feira (20), Portugal encara Marrocos em Luzhniki às 9h (de Brasília); no mesmo dia, às 15h, Irã e Espanha se enfrentam na Kazan Arena.
De longe, o melhor. Ele converteu o pênalti no canto direito do gol, deu passes impressionantes – que só não viraram assistências porque os companheiros de equipe não aproveitaram –, reclamou com o time e ainda fez mais dois gols. Um deles com falha de De Gea, o outro em bela cobrança de falta.
Cristiano Ronaldo já conquistou quase tudo: título nacional, continental, e até mundial a nível de clubes. A Copa do Mundo é o que falta para a consagração absoluta do atual melhor jogador do mundo, que se tornou o primeiro português a disputar quatro edições do torneio na história. Ele ainda igualou um recorde de Pelé e dos alemães Klose e Seeler ao marcar em quatro mundiais seguidos.
Sua busca pela perfeição é tamanha que chegou a se mostrar irritado com os companheiros portugueses em diversas oportunidades: Gonçalo Guedes, por exemplo, errou ao não devolver a bola para o craque e ouviu reclamações.
Tratado pela imprensa europeia como interesse do Real Madrid, o goleiro do Manchester United não voltará para o hotel com a aprovação do maior craque do time merengue: aos 44 do primeiro tempo, Cristiano Ronaldo finalizou e contou com uma falha gigantesca de De Gea para fazer o segundo de Portugal.
Não é comum que a Espanha tenha um centroavante livre o suficiente para dar passes de calcanhar, como fez Diego Costa. Foi assim que Portugal cedeu espaço demais para os adversários durante boa parte do jogo – tempo suficiente para o próprio Diego Costa girar diante da marcação e chutar no cantinho do gol para empatar aos 23.
Os portugueses chegaram a reivindicar o uso do árbitro de vídeo para conferir se o atacante teria agredido o rosto de Pepe, mas o italiano Gianluca Rocchi não atendeu ao pedido. Isco chegou perto de fazer o segundo três minutos depois, quando soltou uma bomba no travessão e viu a bola bater em cima da linha e voltar – o árbitro disse que o sensor não sinalizou a entrada da bola.
A incerteza passou a rondar a Espanha depois da demissão inusitada de Julen Lopetegui, que trocou a seleção pelo Real Madrid. Mas o novo técnico Fernando Hierro fez uma boa estreia, apesar do empate. Ele promoveu algumas mudanças na equipe: a entrada de Nacho na lateral, Koke no lugar de Thiago no meio-campo e a escalação de Diego Costa como centroavante.
É evidente que o consagrado estilo de jogo da Espanha não mudaria em menos de uma semana sob o comando de um novo treinador, mas a seleção pareceu nervosa e afobada até o gol de Diego Costa – algo que podemos atribuir ao fato de que Cristiano Ronaldo abriu o placar de pênalti logo aos 4 minutos. Depois disso, se mostrou mais relaxada e começou a envolver a adversário com seus tradicionais passes rápidos.
Foi ele que cometeu pênalti sobre Cristiano Ronaldo, que abriu o placar logo aos 4 minutos da partida. Mas foi o golaço de Nacho aos 13 do segundo tempo que, por alguns instantes devolveu e a confiança à Espanha. Não foi o suficiente: o golaço de falta do camisa 7 definiu que o espanhol vai para casa com um gosto amargo na boca.
O zagueiro espanhol é visto como o atual vilão do futebol. Depois de lesionar o egípcio Salah na Liga dos Campeões e de ser acusado de levar o goleiro Karius a uma concussão, Sergio Ramos é o jogador que mais divide opiniões atualmente. Curiosamente, hoje teve de marcar um colega de Real Madrid: o astro Cristiano Ronaldo. Teve vida fácil com os outros atacantes de Portugal, mas não com o camisa 7, que fez o que quis em campo.
A Espanha não vence uma estreia de Copa do Mundo desde 2006, quando bateu a Ucrânia por 4 a 0. De lá para cá, foi derrotada pela Suíça em 2010, ano em que foi campeã, e goleada pela Holanda por 5 a 1 em 2014, no Brasil – acabou eliminada na fase de grupos. Nesta sexta, a “maldição” se manteve.
A situação de Portugal é parecida, mas ainda mais grave. A seleção não vence uma estreia há 10 anos, quando bateu a Turquia na Euro 2008 (posteriormente, perdeu para a Alemanha na Euro 2012 e na Copa de 2014, e empatou com a Islândia na Euro 2016).
Há quem pense que as maiores rivalidades do futebol estão na América do Sul, mas Espanha e Portugal não se dão bem – antes de qualquer esporte, a rivalidade existe por motivos geográficos. “Da Espanha, nem bom vento, nem bom casamento”, diz o mais famoso ditado popular dos portugueses.
A explicação da frase é simples: a Espanha é montanhosa e leva ventos secos a Portugal no inverno – deixaremos aberta para interpretação a parte que fala sobre casamento. No futebol, a rivalidade cresceu nos últimos anos muito em função de Cristiano Ronaldo, que joga em Madri; além disso, a Fúria eliminou os portugueses na Copa 2010 e na Euro 2012.
FICHA TÉCNICA
PORTUGAL 3 X 3 ESPANHA
Data e hora: 15 de junho de 2018, às 15 horas (de Brasília)
Local: Estádio Olímpico de Fisht, em Sochi (Rússia)
Árbitro: Gianluca Rocchi (Itália)
Auxiliares: Elenito Di Liberatore e Mauro Tonolini (ambos da Itália)
Cartões amarelos: Bruno Fernandes (Portugal); Busquets (Espanha)
Gols: Cristiano Ronaldo, aos 4 minutos e aos 44 do primeiro tempo, e aos 42 do segundo (Portugal); Diego Costa, aos 23 minutos do primeiro tempo e aos 10 do segundo, e Nacho, aos 13
PORTUGAL: Rui Patricio; Cedric, Pepe, Fonte e Raphael; William Carvalho, João Moutinho, Bernardo Silva (Quaresma), Gonçalo Guedes (André Silva), Bruno Fernandes (João Mário), Cristiano Ronaldo
Técnico: Fernando Santos
ESPANHA: De Gea; Nacho, Piqué, Sergio Ramos e Alba; Busquets, Koke, David Silva (Vazquez), Isco e Iniesta (Thiago Alcântara); Diego Costa (Aspas)
Técnico: Fernando Hierro
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