Não convidem o pré-candidato ao Senado, Márcio Bittar (MDB) e os indígenas acreanos para tomarem uma caiçuma juntos porque vai sair flechadas pra todos os lados. Ele escreveu e publicou um artigo intitulado, “O Maior Latifúndio
Improdutivo do Planeta” que deixou os índios furiosos. Para resumir o seu longo conteúdo, Bittar sugere que os índios brasileiros têm terras demais e que criam problemas com os produtores rurais. Dá a entender que as políticas de demarcação de terra das etnias são equivocadas e que os movimentos indígenas estão aparelhados por grupos do PT e movimentos sociais de esquerda. Também afirma que as populações nativas vivem na mais extrema miséria e sugere que só a produção nessas terras mudaria esse espectro. Evidentemente que pelo seu artigo Bittar já mostrou que tipo de atuação parlamentar, caso seja eleito, pretende ter em relação às políticas de demarcações de terras indígenas. As suas falas caíram como uma bomba entre as lideranças indígenas que reagiram através de um manifesto repudiando as afirmações de quem pretende ser um representante dos acreanos no Senado Federal. Diz um trecho do Manifesto: “Valorizamos as riquezas naturais ao mantê-las vivas, tirando delas o sustento para todas as sociedades e formas de vida no planeta. Ao contrário do que diz o pré- candidato, improdutivo é o modelo que ele defende para o Acre, baseado em pasto, agrotóxico, exploração de madeira. Não aceitaremos insultos e desrespeito ao histórico de lutas para a demarcação de Terras Indígenas e do bem-viver dos povos indígenas no Acre, no Brasil e no Mundo” afirmam os indígenas.
Vespeiro
Bittar, com esse artigo, conseguiu colocar todas as etnias indígenas do Acre contra ele. Quem irá apoiar um candidato que questiona os direitos indígenas conquistados através de muitas lutas? O pré-candidato do MDB mexeu num vespeiro.
Lado mais fraco
O que achei estranho nesse artigo do Bittar é a preocupação específica com as terras indígenas. Por que não questionar os latifúndios improdutivos dos ricos que servem só para a especulação? O fato dos índios serem os habitantes originais da nossa terra não vale nada? A preservação das florestas e da vida natural também não? Vamos cimentar e asfaltar o Acre?
Além da política
O meio-ambiente transcende questões políticas partidárias. Trata-se da própria sobrevivência da raça humana no Planeta. As florestas são os pulmões sadios do que restou de um mundo adoecido pela exploração insana de riquezas materiais. Da mesma maneira que a preservação cultural dos povos nativos é essencial para o conhecimento humano.
Caos
Transformar o Acre num deserto significará muito sofrimento para as nossas futuras gerações. Atualmente a maior riqueza do Planeta é a água. Esse é um tesouro a ser preservado. E água sadia depende dos cuidados com o meio-ambiente. Adianta estar nadando em dinheiro e morrendo de sede?
Falta pesquisa
Continuo acreditando que a Floresta Viva pode ser um ativo econômico importante para os acreanos. Basta investir em pesquisas para explorar suas riquezas sem devastação. Existe uma infinidade de óleos vegetais, frutas e plantas para usos medicinais e cosméticos. O que falta é um estudo serio e efetivo para uma produção sustentável que beneficie verdadeiramente os habitantes da floresta.
Onda de “atraso”
Virou moda ser conservador. Todos estão querendo pegar uma carona nos discursos ditatoriais que excluem mulheres, homossexuais, índios e outras minorias da sociedade. Se as pessoas não se despertarem a tempo haverá muito choro e ranger de dentes. Quem é que quer viver numa terra devastada, repleta de preconceito e intolerância?
No ar
O radialista Nonato Costa (PSB) está firme e forte na sua pré-candidatura a deputado estadual. Tem andado bastante pelo Juruá e conversado com moradores além da sintonia radiofônica. Pelos anos que Nonato está no ar acredito que poderá ter uma votação surpreendente. Quem sabe até um dia chegar a ser “senador”, como é chamado carinhosamente na região.
De volta
Por falar em Juruá, o pré-candidato ao Governo, Marcus Alexandre (PT) está novamente fazendo visitas na região. Obviamente que não foi expulso do Juruá, como diziam alguns boatos. O povo de lá é educado. Mas é preciso atenção porque eles recebem a pessoa em casa, conversam, servem café, mas isso não quer dizer que vão votar no visitante. É importante ouvir o que dizem depois que se sai da casa visitada. Aí já são outros quinhentos…
Voluntários
A Rede é um dos partidos que têm um dos menores fundos partidários. Assim o pré-candidato ao Senado Minoru Kinpara (Rede) pretende fazer uma campanha baseada no voluntariado. Pessoas que acreditem nas suas propostas e possam trabalhar por “amor à causa”.
Outro lado
Mas nem só de e militantes vivem as campanhas no Acre. Quem não conhece as famosas “listas”? Por alguns míseros reais se compra a consciência de muita gente. O voto pago significa o não compromisso com o eleitor. Usam a política não como um instrumento de transformação social, não para servir, mas para se servir e enriquecer. O pior é que essa sanha pelas benesses do poder se estende para familiares e amigos. A gente já viu esse filme muitas vezes de todos os lados ideológicos e partidários…
Fogo cruzado
Conversando com um amigo jornalista de Cruzeiro do Sul deu para entender que se formaram quatro grandes grupos políticos no município. Uns contra os outros. Tem as turmas do prefeito Ilderlei Cordeiro (PP), do Vagner Sales (MDB), do senador Gladson Cameli (PP) e dos petistas. Não tenho dúvida que será uma das campanhas mais agressivas que já se viu naquela terra. Porque as disputas não serão só para as vagas majoritárias ao Senado e ao Governo. Terão as paralelas para deputados federais e estaduais. Um caso, como exemplo, a tentativa de reeleição da filha do Vagner, Jéssica Sales (MDB), com o pretendente a deputado federal, apoiado pelo Ilderlei, Rudiley Estrela (PP). O que não irá faltar pelas bandas do Juruá é o fogo cruzado vindo de todos os lados.