Toda criança já foi viciada em algum jogo do videogame e já se imaginou vivendo naquele mundo virtual. E se você pudesse modificar ou melhorar aquele jogo que você sempre foi fã? E se pudesse criar o seu próprio jogo? Desenvolvedor de game é a profissão de muitas pessoas que estarão presentes no Campus Party Bahia, que será realizado entre os próximos dias 17 e 20, na Arena Fonte Nova, em Salvador.
A Campus Party é a maior experiência tecnológica do mundo que une jovens Geeks – pessoas que tem grande afinidade com tecnologia, eletrônica e jogos no geral – em torno de um festival de inovação, criatividade, ciências, empreendedorismo e universo digital. O evento acontece no Brasil desde 2008 e atrai além do público geek, empreendedores, cientistas e gamers.
Entre o público-alvo do evento, estão os desenvolvedores de games, um nicho que prospera em tendência oposta à crise que assola o país. Em oito anos, o número de empresas desenvolvedoras de games aumentou quase 600% e o faturamento do setor no país cresceu 25% entre 2014 e 2016. Segundo dados da Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais (Abragames), hoje, existem aproximadamente 300 empresas de games no Brasil.
Sócia da empresa ERA Game Studio, a desenvolvedora de game Rafaella Moraes se apresentou na última edição do Campus Party que ocorreu em Salvador. A empresa está negociando para se apresentar novamente esse ano, mas dessa vez, trazendo uma novidade. “Nós desenvolvemos um novo tipo de jogo, o Live Game, que é um híbrido entre jogo digital e teatro. No ano passado, a gente apresentou uma demo do nosso jogo, o ES:CA:PE Subversão e, este ano, estamos negociando para apresentar o jogo completo. Se der certo, vai ser possível jogar as três fases do jogo no evento desse ano”, explica game design.
Formada em Design Gráfico pela Uneb, Rafaella fez uma pós-graduação em Game Design. A sua carreira começou em 2011 e tudo foi meio por acaso. “Eu sempre gostei de jogos e tecnologia, mas não sabia que era possível trabalhar com isso no Brasil. Foi uma professora da faculdade que me apresentou o grupo de pesquisa Comunidades Virtuais lá da Uneb, onde eu estagiei e me inseri no mundo dos jogos”, conta.
Segundo Rafaella, a área de jogos tem bastante oportunidade. “A área tem espaço para vários tipos de conhecimentos e experiências. Normalmente, quando as pessoas pensam em jogos pensam em programação ou desenho, mas existem várias áreas dentro do desenvolvimento em que as pessoas podem se dedicar. O importante é encontrar o que você se identifica e começar a produzir”, aconselha.
O número apresentado pela Agragames confirma os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontam o crescimento real dos serviços de informática. Segundo o IBGE, o volume dos serviços de tecnologia da informação cresceu 4,2%. Outra pesquisa realizada pela NewZoo, uma das principais condutoras de pesquisa sobre a indústria dos games no mundo, mostra que, em 2016, o setor faturou US$ 1,6 bilhões no Brasil, um aumento de 25% em relação a 2014.
A história de Filipe Pereira é bem parecida com a de Rafaella, mas diferente dela, ele nunca teve aptidão artística. Formado em História, Filipe tinha mesmo era aptidão para pesquisa e foi isso que contribuiu para que ele ingressasse na carreira do desenvolvimento de jogos. “Foi a partir da minha expertise com pesquisa que me convidaram para ser pesquisador em um projeto que estava sendo desenvolvido pela UNEB. Era um jogo com temática histórica, então me convidaram para testar e fazer pesquisas. Essa foi a minha inserção na carreira”, conta.
Hoje, o desenvolvedor de game já tem dez anos trabalhando na área. Foi a partir de 2011 que começou a se dedicar realmente a essa área de atuação. A sua empresa de game Aoca Game Lab está desenvolvendo um projeto chamado Árida, uma franquia de jogos de exploração e sobrevivência no sertão inspirado na história de Canudos. “Mesmo estando no mundo do game, eu não larguei a História totalmente”, explica Filipe.
Pensando no cenário atual para a carreira de desenvolvedores de game Filipe é bem otimista. “Se formos olhar o panorama atual para 2008, que foi quando eu comecei, com certeza temos bem mais oportunidades. São mais empresas, mais opções de trabalho e muito mais jogos brasileiros e baianos sendo desenvolvidos. Claro que o cenário ainda é tímido se comparado com outras áreas e países que já tem o mercado de game há 20 e 30 anos, mas estamos trilhando um percurso bom. Só é importante lembrar que todo processo é feito de altos e baixos”, conclui o desenvolvedor de game.
Serious Games e jogos de Negócios
A produção de jogos digitais não se restringe apenas ao entretenimento. Um dos nichos com grande potencial de crescimento é o de serious games ou jogos empresariais – conhecido como jogos de negócios.
Em agosto de 2016, o Ministério das Comunicações lançou um edital que destinava 4,5 milhões de reais para financiar jogos sérios e aplicativos de celular. A ideia era estimular a indústria de games e tecnologia no Brasil, mas também estimular o serious games. O que define esse novo segmento é o fato dele ser criado para um propósito que não é apenas divertir.
O serious game pode servir como uma forma de treinamento – seja de pilotos de avião ou de médicos; pode ser uma campanha política ou uma forma de campanha publicitária. Pode ser também, uma notícia jornalística transformada em games ou uma ferramenta de ensino para professores. No edital do Ministério das Comunicações, esse jogos deveriam ter o objetivo de fazer o mundo melhor através da educação e da conscientização.
Também com o objetivo didático, existem os jogos de negócios. A partir de simulações, ele retrata atividades cotidianas dentro de um universo virtual. O jogo de negócios gira em torno de setores básicos de uma empresa: administrativo, financeiro, comercial, pessoal e produção. Além disso, ele pode desenvolver executivos para tomadas de decisões e ajuda colaboradores em funções específicas dentro de uma empresa.
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