O Procurador Regional Eleitoral do Ministério Público Federal, Fernando José Piazenski, analisou o ofício expedido pela promotora eleitoral perante a 1ª Zona, Alessandra Marques, relatando a possível prática de campanha eleitoral antecipada e possível compra de votos que envolve o vereador de Rio Branco, Jakson Ramos, e o deputado federal Sibá Machado, em áudio divulgado em reportagem de ac24horas e determino a remessa dos autos de Ramos ao Procurador-Geral de Justiça do Acre para que sejam distribuídos a um dos Promotores Eleitorais com atribuição para atuar no feito.
Segundo a promotora eleitoral do MPAC, “os fatos, conforme se pode extrair do áudio em comento, demonstram a realização de campanha eleitoral fora de época por ambos os envolvidos, com especial gravidade para o médico Jakson Ramos (que é quem realmente fala no áudio), e que, mais grave do que isso, o médico e vereador Jakson Ramos realiza cirurgia em pessoas na rede pública, onde ele exerce o cargo de médico, em troca de votos na próxima eleição”. O vereador da capital faz um desabafo através de um áudio sobre a cooptação de seus apoiadores por um assessor do deputado Sibá Machado.
A promotora de Justiça, Alessandra Marques destaca que “é evidente que o áudio traz a confissão do vereador Jakson Ramos de que está desafiando a legislação eleitoral, isso sem mencionar que a prática descrita ali configura improbidade administrativa, porquanto o médico estaria usando cargo público de médico para fins ilícitos, ao arrepio da legislação em vigor.” Pelo fato de o vereador não possui foro por prerrogativa de função perante o Tribunal Regional Eleitoral, o Procurador Regional Eleitoral do MPF, Fernando José Piazenski, determinou que a investigação de Ramos ocorra no âmbito da promotoria eleitoral do MPAC.
Já o deputado federal Sibá Machado, apesar de ser apenas citado pelo vereador Jakson Ramos, poderá ser investigado pela Procuradoria Regional Eleitoral do Ministério Público Federal, no caso do áudio que vazou das diretoras da fábrica de preservativos Natex, durante uma reunião com trabalhadores faz um tipo de coação para que eles votem no parlamentar petista, “notadamente em relação ao apoio político. O que não impede, s.m.j, que no decorrer da investigação seja descortinada sua participação no ilícitos mencionado”, destaca o despacho do Procurador Regional Eleitoral do MPF, Fernando José Piazenski.
No áudio vazado, Ramos não esconde o desconforto com possíveis rasteiras políticas quando foi derrotado na disputa por uma das 24 cadeiras na Assembleia Legislativa em 2016. Ele atribui a derrota que sofreu nas urnas a suposta ação de lideranças políticas do grupo de Sibá Machado, ao citar uma visita recente que fez a uma liderança do município de Acrelândia, que fechou antecipadamente que o apoiaria nas eleições desse ano, mas mudou de ideia. Sem demonstrar que o apoio faria falta, Jakson dispara: “Ele fez um fechamento de apoio e mudou de opinião, beleza. Beleza porque eu ampliei meus apoiadores lá. Não vai fazer falta. Respeito ele pela história dele do PT”, decreta o petista.
Apesar de afirmar que não estaria se importando com a perda da liderança do interior, Jakson Ramos declara apoio a Léo de Brito, além de revelar a mágoa com membros do grupo de Sibá Machado. “Todo mundo sabe que meu candidato agora é o Léo de Brito. Meu candidato preferencial a deputado federal. Não estarei tirando voto de nenhum deputado federal em que pese o que tenham feito comigo em 2016, que eu sei. Agora, eu não vou tolerar que estejam fazendo caça às bruxas, como o seu Michel fez em 2014, tirando apoiadores meus de Porto Acre e Plácido de Castro e levando pro Jonas Lima. Onde ele não tinha votação, ele praticamente multiplicou por 200 as votações”, ressalta.
O petista afirma que respeita o trabalho de Sibá Machado, “mas alguns membros da equipe dele, principalmente o Michel tem adotado uma postura escrota de estar detonando com minhas lideranças, que são associadas ao Sibá. As pessoas que trabalham com o Sibá e estão trabalhando comigo, todo trabalho que estou fazendo está se convertendo para o Sibá”. Jakson revela que tem usado a profissão para garantir votos. “Pacientes que eu opero, que eu consulto, que eu faço exames, que não são poucos não. Tem liderança minha com ele em Capixaba, Plácido de Castro e todo trabalho que estou fazendo que não é pouco para essas lideranças, eu tenho reafirmado que essas pessoas devem estar votando no Sibá”.
Uma das ferramentas políticas do vereador petista para chegar a Aleac seria o voto de gratidão. Jakson Ramos considera que os votos das pessoas que precisam de tratamento de saúde “é um voto muito útil e gigantesco”. Ele revela ainda que o trabalho foi ampliado com a conquista do mandato de vereador de Rio Branco, “porque agora eu tenho equipe e eu tenho mandato de vereador. O que fazia anteriormente, agora está sendo muito maior. Eu vou ser eleito independente da ajuda ou não. Agora, eu peço respeito às pessoas que já estão comigo e são também Sibá, porque da mesma forma eu respeito. Eu não vou tolerar esse tipo de atitude de ninguém. Estão que isso fique claro para toda equipe”.
No final do áudio, Ramos afirma que poderá usar a tribuna da Câmara de vereadores para denunciar seus companheiros de partido. “Cada pessoa que será tirada de mim, eu agora tenho plenário para poder falar a respeito disso e colocar um posicionamento nesse sentido. Sei que isso não é postura do Sibá. Sei que vem de parte de membros da equipe dele. Eu gostaria que isso fosse corrigido a partir de hoje”. Em tom arrogante, o vereador afirma que “não é tirar 100 votos de mim que vai deixar de ganhar minha eleição não, porque eu estou trabalhando para muito voto, não pouco não e agora com certeza em que pese 2016 foi da mesma forma, nós vamos estar repetindo esse trabalho e multiplicando por 10”, finaliza.
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