As empresas do pai do senador Gladson Cameli (PP), Eládio Cameli, receberam nos últimos cinco meses R$ 58 milhões do governo de Amazonino Mendes (PDT), no vizinho Estado do Amazonas. De novembro de 2017 a março deste ano, a Etan Engenharia, a Colorado e a Amazônidas embolsaram estes quase R$ 60 milhões do erário.
A informação foi divulgada pelo jornal “Diário do Amazonas” e está baseada no portal da transparência. O jornal lembrou a longa relação de amizade entre o governador Amazonino Mendes e a família empresária-política que tem influência no Acre e no Amazonas. Gladson Cameli é pré-candidato ao governo do Acre em 2018. O tio do senador, Orleir Cameli, foi governador acreano entre 1995 e 1998.
Eleito em outubro do ano passado para um mandato-tampão, Amazonino Mendes também pretende prolongar sua estadia no Palácio Rio Negro, a sede simbólica do governo do Amazonas.
A liberação generosa dos pagamentos às empresas da família se deu justamente no primeiro mês de Amazonino à frente do governo. O valor, de acordo com a reportagem, corresponde a mais da metade do total pago ao longo de todo o ano de 2017.
Segundo o “Diário do Amazonas”, em dezembro o desembolso para as empreiteiras somaram R$ 23 milhões; foi o maior pagamento feito pelo governo a todos os prestadores de serviços.
O jornal lembra os longos casos de denúncia envolvendo Amazonino Mendes e a família Cameli, com contratos milionários assinados sem licitação. Entre as empresas beneficiadas estava a Marmud Cameli.
A relação entre os Cameli e os governos do Amazonas foi o ponto forte abordado pela campanha da então candidata ao Senado Perpétua Almeida (PCdoB) para tentar enfraquecer Gladson Cameli (PP). Os governistas diziam que Gladson seria o “quarto senador pelo Amazonas”.
As empreiteiras dos Cameli são conhecidas por financiar campanhas de políticos das mais diversas matizes no Acre e no Amazonas. Entre os financiados estão os irmãos Viana no Acre e os últimos governantes amazonenses.
Procurado pela reportagem, o senador Gladson Cameli (PP) disse que desde a década de 90 – quando seu tio, Orlei Cameli foi eleito prefeito de Cruzeiro do Sul e em seguida governador do Acre, as empresas de sua família mudaram as sedes para o Amazonas, já que não poderiam participar de licitações ou executar obras licitadas pela administrações do empresário que ocupou a cadeira do executivo.
Gladson Cameli destaca que, apesar de não fazer parte do conselho administrativo da empresa ETAM que pertence a Eládio Cameli, as quantias recebidas são de obras estariam sendo executadas e foram licitadas dentro da lei, obedecendo todos os trâmites burocráticos. O senador destaca ainda que o assunto virou notícia por interesse político, já que período eleitoral se aproxima.
“Tudo isso é por causa de ano político. Todas as obras que a empresa de minha família estão executando foram licitadas e estão sendo concluídas. Quem trabalha tem que receber, pagar trabalhadores, fornecedores e seus impostos. Desde que Orleir foi eleito governador, em virtude de não poder participar de licitação, por impedimentos legais, a empresa mudou para o Amazonas”.
Cameli ressalta que não há nenhum tipo de favorecimento por parte de Amazonino Mendes, que foi eleito governador após a cassação de José Melo (Pros). “As obras foram licitadas antes de Amazonino Mendes assumir o governo. São obras que estão em execução e em fase final. Licitadas e fiscalizadas como manda a lei, todas com contrato e documentação regular”, enfatiza.
“Minha família trabalha no Amazonas desde 1994 – justamente para não incorrer em erro desobedecendo qualquer tipo de lei. “As obras estão sendo concluídas, os contratados estão regulares, as medições apresentadas. Está bem nítido na documentação assinada entre o Estado e a ETAM. Tanto que os número foram disponibilizados e se tornaram públicos. Não há irregularidades”, diz Cameli.
O pré-candidato atribui a exploração dos contratos da empresa de seu pai a fato de ele ser pré-candidato ao governo do Acre. “A política suscita essas denúncias descabidas. É de conhecimento geral que minha família não trabalha no Acre porque meu tio foi governador e resolvi ser político, mas tudo vira motivo para ataques e tentativas de denegrir meu nome. É lamentável”, diz Gladson Cameli.
O senador destaca que, “tenho as mãos limpas. Nem mesmo a tentativa de me envolver na Lava Jato funcionou. Eu não sou investigado por nenhuma das instâncias judiciais, mas isso incomoda pessoas que não conseguiram provar suas inocências e permanecem investigadas e sob suspeição, tentando colocar na mesma vala comum quem representa risco para seus planos de poder”, finaliza.
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