O entrevistado da semana da série de candidatos majoritários é o Coronel Ulysses Araújo (PSL), 46 anos, postulante a ser governador. Nessa entrevista ela fala da percepção atual que tem do Estado, as suas estratégias de campanha, plano de Governo que vai apresentar à sociedade e responde alguns questionamentos que lhe serão feitos durante os debates políticos. Acompanhe a entrevista:
ac24horas – Coronel Ulysses o senhor se sente preparado para fazer a gestão do Estado do Acre?
Ulysses Araújo – Totalmente preparado. Desde os 17 anos que sou militar. Com 19 anos fui um dos oficiais mais novos do Brasil, minha origem é o Exército. Durante a minha carreira na Polícia Militar (PM) tive a oportunidade de fazer vários cursos tanto no Brasil como no exterior. Estive na Itália, na Espanha, na França, Portugal e, nos Estados Unidos, passei dois anos fazendo curso de gestão em segurança pública. Aprendi tanto o trabalho de comando como de planejamento estratégico. Otimizar os meios com poucos recursos. Aprendi na PM a ser um gestor de crises e de administração para tocar qualquer unidade operacional. Tenho uma visão holística de que o nosso Estado e a Capital Rio Branco estão totalmente sem gestões no momento.
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ac24horas – Como o senhor vai se posicionar durante a campanha ao Governo? Qual vai ser a principal mensagem que pretende levar aos eleitores para acreditarem na sua candidatura?
UA – A principal mensagem é a questão da transformação social. Vamos trabalhar para que esse Estado seja desenvolvido e rico. Hoje não existe petista grátis, o cara só é petista porque tem benefícios pessoais ou está se defendendo para não ser preso. Isso tem levado o nosso Estado à miséria. Em 2016, registramos 1516 empresas que foram fechadas por falência. Isso significa que tivemos muitas pessoas desempregadas. Logo nos governos do PT que prometeram criar 70 mil empregos. É um paradoxo ver tantas empresas fechando. Na verdade, o que se criou foi muito desemprego. Não houve investimento na vocação do Acre que é o agronegócio e a pecuária. Isso vem desde o Vanderlei Dantas. Foi isso que o General Jorge Teixeira fez em Rondônia, abriu o estado para agricultura e a pecuária.
ac24horas – O senhor não acha que toda essa situação de aridez do Planeta Terra com a falta de água, que está diretamente relacionada com a Floresta Amazônica, tem que ser levada em conta? Derrubando mais florestas que o Acre vai se tornar um Estado rico?
UA – Atualmente é autorizada a utilização de 20% das nossas terras para a produção que representam um milhão de hectares. Hoje temos condições de produzir 500 mil hectares de agricultura mecanizada e também familiar, sem derrubar nenhuma árvore. Então, nós não precisamos desmatar nada para termos um Estado próspero com o agronegócio. Depois faremos uma nova análise para ver se é necessário tentarmos de maneira sustentável investirmos em outras áreas que abranjam os outros 80%. Chega um dinheiro aqui pra que a gente não derrube nenhuma árvore e não sabemos onde vão parar esses recursos que vêm a fundo perdido. Esse dinheiro tem sido desviado para algum destino que não é a qualidade de vida das pessoas que nasceram na Amazônia.
ac24horas – Coronel Ulysses, os seus adversários certamente farão uma acusação que o senhor teve muita proximidade com o PT. Tanto ocupando cargo de confiança no atual Governo quanto a sua empresa de segurança VIP tendo negócios com o Governo. Como o senhor vai explicar esse fato?
UA– É muito simples. Primeiro que nunca tive aproximação politica com o PT. A nossa empresa é familiar e a diretora é a minha esposa e não faço parte da administração, apesar de ser o mentor intelectual por ser da área de segurança. A VIP foi criada em cima de empréstimos bancários, o Governo nunca deu um centavo. Aliás, se dependêssemos do PT estaríamos falidos como as outras duas mil. A VIP só está de pé porque levou a empresa para fora do Estado. Temos parte dela em Rondônia e um projeto de ampliar para Manaus, no Amazonas. Não acreditamos no Acre porque o atual Governo não quer o crescimento do Estado. Eles tratam os empresários como se fossem bandidos. Todo contrato que a VIP tem com o Governo participou de licitação com várias outras empresas. Nunca fizemos conchavos para ganhar. Aliás, em alguns contratos com o Governo estamos há seis ou sete meses sem receber, o que me parece uma coisa proposital por eu ser candidato. Quanto a questão de cargos de confiança nem eu e nem minha esposa nunca tivemos. O único cargo de confiança que tive foi como subcomandante da Polícia Militar, por sete meses. Eles foram obrigados a me colocar. Eu não pedi, não fui pleitear, nem negociar isso. Me colocaram porque naquele momento eu era o único que preenchia os requisitos de ser coronel e ter competência. No momento, que vi que estavam de brincadeira para resolver as questões da segurança e mentindo para a população sobre as facções eu entreguei o meu cargo.
ac24horas – No que consiste essa mentira sobre a segurança?
UA – Eles maquiavam todos os dados. Tinha X mortes e eles colocavam X menos. Estava acontecendo um determinado número de crimes e ficavam maquiando as estatísticas para mostrar que a violência estava diminuindo.
ac24horas – Como o senhor teve acesso aos dados reais, na sua concepção?
UA – Comecei a pedir para que a própria PM começasse a fazer um levantamento estatístico que era feito só na Segurança Pública. E a gente foi verificando que não batia. O próprio Ministério Público Estadual, através do promotor doutor Rodrigo Kurt, tem um levantamento que não bate com o da Secretaria de Segurança.
ac24horas – Caso o senhor vença a eleição qual seria a sua linha de atuação para combater a atuação das facções no Estado?
UA – Primeiro colocar a segurança pública como prioridade. No plano de Governo atual ela é trabalhada como um programa. Como não colocam como prioridade então não tem recurso, não tem viatura, não tem combustível e nem uniforme para os policiais. A segurança precisa de um investimento alto.
ac24horas – Mas me fale de uma ação prática para minimizar essa situação de violência.
UA – Precisamos dar oportunidade de emprego às pessoas. Muitas pessoas que estão fazendo assaltos são aquelas que não são do ramo.
ac24horas – Quer dizer que existe uma criminalidade maior fora das facções?
UA – Fora e dentro das facções. Porque o cara está fora e entra atrás de proteção. É uma questão de sobrevivência não ser visto como alguém que está fora do esquema do crime organizado. A gente verifica homens e mulheres que estão assaltando que não têm o cacoete para fazer aquilo. Assim colocam em risco a vida deles e das pessoas, porque não são profissionais. Fazem isso porque não têm trabalho, não têm emprego. Tivemos três gerações que foram perdidas dentro desse Governo da Florestania, desde que entrou o Jorge Viana (PT) até hoje quando está saindo o Tião Viana (PT).
ac24horas – As pesquisas já publicadas mostram que o senhor está em terceiro lugar. Qual vai ser o seu foco principal para tentar reverter? O Marcos candidato do PT ou o Gladson da oposição?
UA – Nenhum dos dois. Não me interessa o caminho que eles vão seguir. Vou focar num plano de Governo que tire o nosso Estado dessa crise que foi instalada por essa política da Florestania. Eu não quero saber da vida desses caras. Eles que apresentem os seus planos que vamos seguir com os nossos. A defesa da família, combate à corrupção, desenvolvimento do nosso Estado através do Agronegócio, agricultura familiar, pecuária. Vamos se voltar para a priorização da segurança com o eixo principal que melhore a qualidade de vida das pessoas na saúde e na educação. Vamos focar no enxugamento da máquina pública. Temos 23 secretarias e 37 autarquias. Rondônia tem apenas 11 secretarias e é um dos maiores produtores de soja, de café, de milho, de queijo, animais em cativeiro, é o estado que mais se desenvolveu. Aqui não temos nada. Se fecharem a balsa de lá pra cá o nosso Estado vai morrer de fome porque não produzimos. Aqui se tem a política de perseguir o produtor dando multas. Esse pessoal que não tinha como viver na zona rural veio para a zona urbana que inchou. A prova é que mais de 50% dos presos jovens são filhos de produtores rurais.
ac24horas – Evidentemente que o senhor está numa campanha para chegar ao segundo turno. Mas caso não vá, se a disputa ficar entre o Gladson e o Marcus? A sua tendência seria apoiar qual dos dois?
UA – Nós não trabalhamos com essa possibilidade. Temos certeza absoluta que iremos para o segundo turno. Eles que têm que decidir se vão apoiar a gente ou não.
ac24horas – Para concluir. O senhor se coloca como o candidato do presidenciável Bolsonaro (PSL). Ele é visto como um candidato que tem discriminação com as minorias de índios, de homossexuais, de mulheres. O senhor terá uma postura parecida com a dele na disputa do Governo do Acre?
UA – O Bolsonaro é uma pessoa e eu sou outra. Nós defendemos muitas ideias parecidas, porque temos a mesma formação e origem no Exército. Defendo a família, a questão do porte de armas para as pessoas de bem, inclusive, acredito que esse é um fator que diminui a violência. Defendo a propriedade e a livre inciativa. Acho que a imprensa aumenta muito em relação ao Bolsonaro dizendo que ele não defende as minorias. Pelo contrário, o que ele entende é que os direitos de todos são iguais perante a lei. A Constituição assegura isso. Vamos defender aquilo que o Estado de direito já defende. Não é preciso criar exceções para privilegiar raças e etnias.
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