POR GUSTAVO SCHMITT, ENVIADO ESPECIAL DE O GLOBO
CURITIBA — Depois de uma viagem silenciosa de São Paulo a Curitiba e de uma madrugada mal dormida, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve um discreto desjejum na cela da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba: café preto e pão com manteiga. O café da manhã para os presos da Lava-Jato que estão sob custódia da PF foi servido às 7h45. O almoço chegou às 11h: arroz, feijão, macarrão, um pedaço de carne e salada. À tarde, o ex-presidente pode ver TV. A expectativa é que possa assistir ao jogo do seu time, o Corinthians, que disputa a final do Campeonato Paulista contra o rival Palmeiras.
Apoiadores do ex-presidente dormiram a uma quadra do local. Na noite de ontem, houve confrontos entre a polícia e os manifestantes. O esquema de segurança na região foi reforçado na manhã deste domingo com cordões de isolamento e bloqueios em algumas ruas próximas ao prédio da Polícia Federal. A Polícia Militar bloqueou um quarteirão ao redor do prédio para evitar tumultos.
Na noite de sábado, durante o voo até Curitiba, Lula ficou a maior parte do tempo calado e estava visivelmente exausto. Um interlocutor descreveu o estado de ânimo do petista como de certa apatia. Ao descer no heliponto da PF, já em Curitiba, o ex-presidente não demonstrou nenhuma reação ao ouvir fogos de artifício lançados por manifestantes que comemoravam sua prisão e caminhou normalmente até a cela.
Petistas reclamaram que a PF manteve os manifestantes muito próximos ao prédio, o que fez com que os fogos de artifício estourassem perto da aeronave que levava o ex-presidente para cumprir pena. Antes de dormir, o ex-presidente conversou com seu advogado, Cristiano Zanin Martins.
Lula chegou na noite deste sábado à sede da PF, onde cumprirá a pena de 12 anos e 1 mês pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Ele se entregou em São Bernardo do Campo, 26 horas após o final do prazo dado pelo juiz Sérgio Moro.
Depois do café da manhã, o petista teve direito a uma quentinha no almoço. A simplicidade do cardápio será uma rotina para Lula nos proximos dez dias, período inicial de adaptação em que o petista não poderá receber o “jumbo”, que é a sacola de comida trazida pela família dos presos. Nesse primeiro momento, o petista também não poderá receber visitas, com exceção de seus advogados.
Apenas três agentes da Polícia Federal têm acesso ao petista. Como a sala onde Lula está não tem grades, os policiais combinaram um código com o ex-presidente: duas batidas na porta caso precise de algo. A defesa legou para ele um jogo de roupa de cama.
Na PF, Lula terá um horário reservado para o banho de sol, com cerca de duas horas diárias. Uma das preocupações do petista é manter a rotina diária de exercícios físicos — Lula já gravou vídeos em que mostra a ginástica. Na PF, só há um pátio onde é possível fazer caminhadas durante o banho de sol. Não há aparelhos de ginástica. Alguns presos que por lá passaram, como o empresário Marcelo Odebrecht, improvisavam exercícios aeróbicos e alternavam com flexões de braço. A sala destinada a Lula fica no último andar do edifício e tem apenas 15 metros quadrados.
No mesmo prédio da PF, estão o ex-ministro Antonio Palocci e o empreiteiro e sócio da OAS, Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro. Embora não tenham fechado delação premiada, os dois denunciaram Lula em seus depoimentos ao juiz Sergio Moro. O depoimento de Pinheiro, inclusive, foi importante para a condenação de Lula no caso do tríplex.
Na noite de sábado, nove pessoas ficaram feridas, quando apoiadores do petista tentaram entrar no prédio e agentes da PF reagiram com bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha. A confusão teve início no momento em que o helicóptero, que levava o ex-presidente, pousou no heliponto da PF. Houve explosão de duas bombas onde estavam os manifestantes e, segundo o tenente-coronel Mário Henrique do Carmo, a PF reagiu com gás lacrimogêneo. Manifestantes atiraram, em seguida, paus e pedras. Um policial militar foi atingido. Os oito manifestantes feridos foram encaminhados a hospitais próximos à superintendência.
Às 23h50m, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, chegou ao prédio da superintendência para buscar mais informações sobre os feridos.
— Viemos para saber o porquê dessa ação violenta que atingiu os nossos manifestantes. Enquanto o ex-presidente Lula estiver aqui vai haver caravanas e vigílias. A PF tem que estar preparada pra garantir a segurança — disse.
VIGÍLIA
Na manhã deste domingo, o PT distribuiu uma nota que afirma que o ex-presidente dormiu “tranquilamente e não foi maltratado pelos agentes” da PF. Afirma também que Lula “continua sereno e tranquilo. Sua força vem do carinho do povo e ela alimenta de volta esse sentimento”.
O material diz ainda que a vigília em Curitiba será “permanente” e que estão “sendo agendadas visitas de líderes internacionais”. E divulga o endereço da Superintendência para que os simpatizantes enviem cartas a Lula.
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