Na semana que passou tive a oportunidade de andar por cinco municípios do interior, Xapuri, Epitaciolândia, Brasiléia, Cruzeiro do Sul e Feijó. Conversei com centenas de pessoas sobre a percepção que elas têm a respeito das eleições de 2018. A minha constatação é que na disputa para o Governo nada está decidido. No entanto, é inegável que existe um natural sentimento forte de mudança depois de 20 anos do PT no poder. Mas há uma curiosidade sobre como será a campanha no interior do pré-candidato da FPA, Marcus Alexandre (PT). O PT ainda tem uma base forte relacionada aos cargos de confiança. Quanto ao candidato da oposição, Gladson Cameli (PP), para a maioria das pessoas que conversei significa o único que teria condições de vencer a FPA. O Coronel Ulysses (PSL) ainda não é muito conhecido no interior. O mesmo em relação ao Lyra Xapuri (PRTB). Eles terão que gastar muita sola de sapato se quiserem ter alguma chance na disputa.
A hora da estrela
A campanha eleitoral será de tiro curto. Apenas 45 dias de propaganda de rádio e TV. Assim os nomes mais conhecidos da política acreana levam enorme vantagem sobre os outros. Isso vale para o Governo, o Senado e os cargos de deputado Federal e estadual que estarão em disputa.
Questão de apoio
As chapas majoritárias precisam se atentar na escolha dos candidatos proporcionais. Os pretendentes a deputado federal e estadual são aqueles que levam os nomes dos majoritários aos lugares onde naturalmente não terão tempo de visitar. Quem tiver candidatos proporcionais melhor articulados estará em vantagem.
A hora dos Judas
Por outro lado, muitos desses candidatos a federal e estadual estão preocupados apenas em garantir os seus mandatos. Assim alguns farão “corpo mole” em relação aos candidatos ao Governo e ao Senado. Ou seja, se encontrarem eleitores que votarão em majoritários do outro lado não farão esforço nenhum para mudar os votos.
Desgaste
Essa “briga” e “rompimento” do ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, Vagner Sales (MDB), com o atual, Ilderlei Cordeiro (PP), não trouxe vantagem para nenhum deles. Observei muitos seguidores “leais” do Vagner se bandeando pro lado do Ilderlei. Claro que o fato de Ilderlei estar no cargo e com a caneta na mão ajuda muito. Todos querem ser amigos do rei.
Será?
O Ilderlei me falou que não foi ele quem lançou o seu tio Rudiley Estrela (PP) para deputado federal. E ainda garantiu que sempre pediu apoio nos seus discursos para a deputada federal Jéssica Sales (MDB), antes do rompimento acontecer. Mas não foi assim que entenderam. Agora, realmente fica difícil acreditar porque Ilderlei e Rudiley além de parentes sempre foram amigos muito próximos. Essa candidatura foi o pomo da discórdia entre Vagner e Ilderlei.
Primeiro round
Depois do rompimento, Rudiley será o candidato de Ilderlei. Vai jogar pesado para tentar elegê-lo deputado federal. Será uma espécie de primeiro round na luta entre Ilderlei e Vagner, que deverá se prolongar até 2020 quando disputarão a prefeitura de Cruzeiro do Sul.
Vantagem
Jéssica leva uma vantagem sobre Rudiley no Juruá. Além da influência de Vagner ela conseguiu angariar a simpatia de muita gente com a sua maneira simples de ser. Jéssica tem luz própria e conquistou aliados com o seu empenho para conseguir verbas extra-orçamentárias nos ministérios do MDB.
Peso morto
Os candidatos que tiverem o presidente Michel Temer (MDB) no seu palanque podem se preparar para a “peia”. O preço da gasolina e do gás de cozinha nas estratosferas faz as pessoas sentirem na pele o resultado de uma gestão “desastrada” que tirou muitos direitos da população.
Reduto petista
Não se enganem, o município mais petista do Acre é Feijó. A única maneira da oposição reverter esse quadro será com uma boa atuação do prefeito Kiefer Cavalcanti (PP). Se nos próximo meses Kiefer tampar os buracos das ruas e melhorar a sua ação na zona rural as coisas podem melhorar para a oposição.
Avaliação antecipada
Kiefer poderá passar por um teste eleitoral antecipado da sua gestão. O seu irmão Marcos Cavalcanti, que ainda não decidiu em que partido se filiar, será candidato a deputado estadual. É aquela história, se for bem votado o prefeito fica por cima, mas se for um “fiasco” compromete a sua gestão.
Estrada
Marcos Cavalcanti tem estrada na política. Foi o vice do ex-prefeito cassado de Feijó, Juarez Leitão (PT). Também vereador no Bujari e em Feijó. Era o político da família. Mas Kiefer saltou na frente quando ficou suplente de deputado estadual em 2014 e se elegeu prefeito em 2016. Kiefer e Marcos eram filiados ao PSB antes de migrarem para o PP de Gladson Cameli.
Nome leve
Quem também deve ser candidato a deputado estadual por Feijó é o vereador Mauro Deferson (PT). Com a bênção do ex-prefeito Francimar Fernandes (PT), Mauro deverá ter uma boa votação no munícipio. É um vereador atuante e da ala dos petistas mais liberais. O rapaz é afeito ao diálogo sem radicalismo ideológico.
Dobradinha
Por outro lado, o ex-prefeito Merla Albuquerque, filho de Francimar, deverá sair do PT e se filiar ao PHS para concorrer a uma vaga de deputado federal. Irá por coligação que está sendo articulada entre PSOL, PROS, PV e PHS, na disputa proporcional. A chapa terá os nomes de dois ex-deputados federais, Fernando Melo (PRO) e Henrique Afonso (PV).
Fogo cerrado
Nas minhas andanças por Brasiléia ouvi muitos elogios para a gestão da prefeita Fernanda Hassem (PT). Mas também críticas em relação a parentes que trabalham na sua administração. A sensação que tive é que quanto melhor for a gestão da Fernanda, mais perseguida será por desafetos antigos.
Ainda sobre o Alto Acre
Quem também está bem na fita é o prefeito de Epitaciolândia Tião Flores (PSB). Ali a prefeitura é um híbrido entre a FPA e a oposição, já que seu vice Raimundão (PP) é Gladson até a alma. Por outro lado, parece que os erros da primeira gestão de Bira Vasconcelos (PT) não serviram de aprendizado. As reclamações são enormes em relação a sua administração. Será um problema para o PT nas eleições de 2018.
Corra que ainda dá tempo
O prazo para se decidir sobre filiação partidária e candidatura é dia 7 de abril. Quem não se filiar ou trocar de partido até lá terá que ficar onde está ou não ser candidato. O mesmo vale para secretários e secretárias das gestões estaduais e municipais. Quem for tentar a sorte nas eleições de 2018 terá que abandonar os seus cargos para não ficar inelegível.