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Casal venezuelano ganha 1,5 milhão de bolívares por dia vendendo brownie em Porto Velho

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Da redação ac24horas

Há 37 dias que a família de Janeide Lopes, em Porto Velho, aumentou. Ela, o esposo e mais três filhos decidiram abrigar o casal venezuelano Migueliz Vásques e Jhosgli Gonzales, que assim como milhares de refugiados, buscam dias melhores no Brasil, que se transformou no paraíso dos venezuelanos.


No almoço desta sexta-feira santa (30), Migueliz e Gonzales não tiveram dificuldades de incluir o cardápio santo tradicional com peixe amazônico. Católicos fervorosos, desde a quarta-feira eles pagam promessas na Igreja Nossa Senhora de Fátima, localizada no bairro Areal, zona central da capital de Rondônia.


Gonzales aceitou falar com exclusividade ao ac24horas¸ dos motivos que levam milhares de venezuelanos fugir da Venezuela. Ele e a esposa, desde o dia 8 de fevereiro decidiram sair da capital federal da República Bolivariana de Venezuela, Caracas, passando por Puerto La Cruz e a primeira parada em Boa Vista.


“Já em Boa Vista ficamos sem dinheiro e dependemos da ajuda de uma amiga que serviu de ponte, conseguiu hospedagem e comida grátis por uma semana. Chegamos em Manaus e viemos de barco, andamos cinco dias para Porto Velho”, relatou Gonzales.



Em Porto Velho, o casal encontrou abrigo na casa de Janeide Lopes, dona de casa que tem um trabalho social na Escola Estudo e Trabalho, há cem metros de sua residência. Com o filho mais velho de Janeide, o bacharel em direito Erick Sabino, o casal aprende a mesclar elementos fonéticos do espanhol com português, o famoso portunhol, que garante a sobrevivência de Migueliz e Gonzales.


“Eles chegaram aqui e dividiam um miojo no almoço e na janta”, conta Janeide.


Agora, mesmo dividindo algumas refeições com a família rondoniense, o casal venezuelano fatura entre R$ 10 e R$ 100 por dia com a venda de brownie (sobremesa de chocolate da culinária dos Estados Unidos). O que no Brasil muitos gastam em apenas um dia, para o casal representa muito.


“Esse dinheiro daria para comprar um quarto de cesta básica e garantiria alimento por uma semana para uma família com dois filhos. Quando a coisa é boa, faturamos aqui em Porto Velho R$ 100 por dia, cerca de 1,5 milhão de bolívares,” contou Gonzales.



O dinheiro que Migueliz e Gonzales estão juntando servirá para eles seguirem viagem até a Buenos Aires, destino final do casal venezuelano. Diferente dos hermanos que fizeram um fluxo migratório até Boa Vista – onde pretendem ficar e serem explorados por mão de obra barata – o casal que chegou em Porto Velho enxerga na Argentina a possibilidade do pagamento mais justo para as profissões que eles trazem na bagagem.


“Argentina pela possibilidade de pagar melhor um relações públicas, tem mais emprego” explicou o publicitário Gonzales.


Mas essa não é a única diferença entre os venezuelanos que ficam em Boa Vista e os que ampliam a sua migração pelo Brasil a fora. “Existem os venezuelanos que lamentavelmente se aproveitam da situação do país e abusam da bondade do povo brasileiro, fazem maldades”, comenta Migueliz que é formanda em sociologia.



Quando questionados do que estão fugindo, ambos são realistas. “Estamos fugindo do governo Maduro, da insegurança, da falta de emprego, da crise social, política, econômica”, acrescenta Gonzales.


Ainda de acordo o casal de imigrantes, não há comida na Venezuela, as crianças, além de passarem fome, não podem pegar ônibus para chegarem à escola. Com o salário mínimo de 1.300 Bolivas, segundo Gonzales, compra-se apenas duas cartelas de ovos. “Você pode ter dinheiro, mas não pode comprar comida, não há alimento, não existe um grão de arroz”, complementa Migueliz.


Sem conseguir concluir sua graduação por falta de docentes naquela que já foi a maior faculdade da América Latina: a Universidade Central de Venezuela (UCV), Migueliz sonha com o fim da ditadura e de poder voltar ao seu país. Só não sabe em quanto tempo poderá realizar esse sonho.


“Nosso país já foi referência em turismo, como não sonhar em voltar a uma cidade tão linda assim. Não sabemos quando, mais um dia voltaremos a viver com dignidade”, concluiu Migueliz.


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