Quando passar a faixa governamental, dia 1 de janeiro de 2019, Sebastião Viana estará selando, 20 anos de gestão do Partido dos Trabalhadores no Acre. Marcus Viana (PT) vai dar sequência ao que a oposição chama de oligarquia? Gladson Cameli (Progressistas) ou Coronel Ulisses (Sem partido) vão conseguir quebrar essa hegemonia? Bem, isso só nos dias 7 ou em caso de segundo turno, dia 28 de outubro teremos a resposta.
As duas derrotas que o governo de Sebastião Viana sofreu na Assembleia Legislativa na semana passada não são tão sintomáticas da situação que vive o partido dos trabalhadores no Acre e no Brasil, quanto à vaia que a primeira dama, Marlúcia Candida pegou durante evento contra o racismo e as declarações raivosas do presidente do partido, deputado Daniel Zen, ao chamar o sindicalismo de “decadente”.
“Sob a égide do PT, o mundo do trabalho reforçou a sua organização, se esse movimento entrou em decadência, o PT caminha junto nessa ladeira”, disse Manuel Carvalho ao avaliar a história de Lula e o sindicalismo brasileiro.
Sem a sobrevivência esperada nas eleições de 2016 e a rearticulação do partido em 2018, com Lula, o partido visivelmente chega às eleições deste ano sem novos líderes, discurso velho e sem poder de articulação das massas, uma de suas maiores marcas. Marcos Viana – prefeito de Rio Branco – foi o único prefeito a se reeleger em 2016, para isso, teve que abandonar o tradicional vermelho e o principal símbolo do partido: a estrela.
Em recente avaliação sobre o contexto político, o senador Jorge Viana (PT-AC) disse que o “grande erro do PT foi não ter mudado a política”. Pré-candidato à reeleição, Jorge sabe das dificuldades que a sigla enfrentará, principalmente, se for confirmada a prisão de Lula. Mas, por outro lado, o senador e o grupo petista se confiam em uma tendência confirmada pelos eleitores do Acre: o voto no candidato, independente do partido.
Para cientistas políticos, como a professora Helcimara Telles, da UFMG, essa fragmentação partidária e o descrédito do eleitor nos partidos influencia para imprevisibilidade do resultado das eleições este ano.
Uma coisa é certa. Independente de toda a crise vivida pelo Partido dos Trabalhadores no Brasil, a população do Acre parece ter um respeito maior pelos filhos de Wildy Viana (in memoria) – político que já militou pela organização ruralista UDN e pela ARENA – ambas organizações de direita, tanto é que desde 1998, votam em Jorge e Sebastião, que revezaram cargos de prefeito, governador e senador no Legislativo e Executivo, ou nos nomes por eles indicados, como Binho Marques, em 2008 e Marcus Viana em 2016.
Jorge Viana (JV), atual pré-candidato à reeleição ao Senado, é tido, por exemplo, como o melhor dos governadores dessa era petista no Acre. Capaz de reduzir drasticamente os números da violência quando assumiu o governo, na era de Hildebrando Pascoal, JV é lembrado ainda pela reforma administrativa e estrutural que elevou a autoestima dos servidores públicos, além do alinhamento do pagamento dos servidores públicos, atrasados na época.
“É difícil esquecer do que o Jorge Viana fez como governador, ele recuperou a autoestima dos servidores”, disse a aposentada Maria Costa.
Quando entregou o cargo de governador em 2008, deixou na cadeira do maior cargo público do estado, o professor Binho Marques. Mestre em gestão e planejamento, formado em história, Binho foi eleito com o objetivo de manter o conceito de florestania, uma espécie de cidadania adaptada à floresta amazônica.
Binho só não conseguiu emplacar uma das principais mensagens de seu governo: o Acre como o melhor lugar para se viver na Amazônia. Passou a ser lembrado a partir de janeiro de 2010, quando passou a faixa para Sebastião Viana, exatamente por ter deixado o Acre e fixar residência em Brasília.
Já Sebastião Viana deixa o governo extremamente desgastado politicamente. Praticamente vinte anos depois, sua gestão entra para a história como a que perdeu o controle da base na Assembleia Legislativa. Os constantes atrasos nas folhas de pagamento dos servidores da saúde, estagiários e terceirizados, colocaram por terra a marca petista de governo bom pagador. Os resultados pífios da economia, mostram que o rompimento em 2010, com o conceito de florestania, a neo-industrialização, não saiu do papel. Sebastião foi acusado de fazer política industrial por decreto e de levar o estado a mais profunda crise econômica, sem solidez e capacidade de investimentos.
Mesmo com toda essa exaltação à família Viana, o Estado que entrou para a história pela primeira mulher a assumir o Palácio Rio Branco – Iolanda Fleming – não é unânime quando o assunto é eleição. Votos e escolhas são divididas.
Em 2010, quando Sebastião Viana foi eleito no primeiro turno com 50,50% dos votos, a maior quantidade de votos para presidente foi para o candidato do PSDB, José Serra, com 52%, contra 23% para Dilma Rousseff (PT) e 23% para a acreana Marina Silva (na época, do PV).
Em 2014, Sebastião Viana se reelegeu novamente com margem apertada de votos, um total de 51,29% contra 48,71% de Marcio Bittar, no Segundo Turno. Nessa eleição, Marina Silva venceu pela primeira vez uma disputa para presidente no Acre, com 41,99% e a candidata do PT, Dilma Rousseff, ficou em terceiro lugar, com 27,98%, atrás de Aécio Neves, que obteve 29,08%.
Sebastião Viana, ainda assistiu sua candidata ao senado, a comunista perpétua Almeida, levar uma surra de votos, perdendo para o deputado federal Gladson Cameli (Progressistas) por uma diferença acachapante. Cameli, também obteve mais votos do que o governador eleito.
As últimas pesquisas divulgadas a nível regional, no Acre, mostram um empate técnico e polarização entre Progressistas e PT. Gladson Cameli e Marcus Viana dividem a opinião do eleitor. Essa semana, a pré-campanha do coronel Ulysses ganhou um ingrediente a mais: o racha do MDB que decide na próxima sexta-feira, 23, que rumo tomar no cenário visando o Palácio Rio Branco.
Marcus Viana
Há praticamente 21 dias de deixar o cargo de prefeito do município de Rio Branco, Marcus Viana terá o desafio de dar continuidade ao projeto político da Frente Popular do Acre. Tem a seu favor a excelente avaliação na gestão da capital, mas precisa se tornar mais conhecido nas cidades do interior do estado, principalmente na região do Juruá e Alto Acre. Foi anunciado oficialmente pré-candidato dia 28 de outubro do ano passado, segundo Sebastião Viana, para dar ao PT e a FPA, “uma nova etapa”.
Gladson Cameli
Eleito senador com a maior votação da história política do Acre, com 218, 7 mil votos, o equivalente a 59,36% dos votos válidos, se credenciou como o melhor candidato das forças de oposição. Tido como uma espécie de governador dos prefeitos – devido sua presença nas cidades do interior – Cameli teve a favor o arquivamento do processo que enfrentou na Lava Jato. O senador prega a abertura do estado para o agronegócio. Sofreu essa semana baixa do MDB em sua coligação e deve enfrentar uma terceira via nas eleições deste ano.
Coronel Ulysses
Coronel na ativa pela Polícia Militar, lançou sua pré-candidatura com base no discurso de Jair Bolsonaro de uma “violência fora de controle”. Sem nunca ter enfrentado as urnas, buscou aliança com o ex-prefeito de Acrelândia, Tião Bocalom e pode receber a adesão do MDB em sua chapa majoritária. Tem a seu desfavor, o fato de não ter um partido e ser desconhecido em todo o estado.
Lira Xapuri
Locutor Comercial, Lira Xapuri reestreia no cenário político do Acre uma pré-candidatura folclórica. Ele nega, diz que o seu perfil é popular. Lançado pelo PRTB, ele afirmou que sua candidatura foi apadrinhada pelo assessor parlamentar do PRTB em São Paulo, João Garcia, que levou o seu nome a Levy Fidelix. “Somos o único pré-candidato ao governo do Brasil pelo PRTB”, confirmou Lira.
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