Após duas reuniões com o governador Tião Viana (PT), o pré-candidato ao Governo, Marcus Alexandre (PT),o senador Jorge Viana (PT) e lideranças dos 15 partidos da FPA decidiram ter duas chapas para deputado federal. Conversei com o Jorge que me disse o seguinte: “Essa decisão é um recado para muita gente boa que deseja ser candidato pelos partidos pequenos virem. Esse partidos vão enfrentar a cláusula de barreira e precisam garantir no mínimo 1,5% dos votos em pelo menos 9 estados. O PT que está indicando os candidatos a governador e a senadores precisa também fazer o seu sacrifício. Mas é uma oportunidade de renovação da FPA com a chegada de novos pretendentes ao parlamento,” salientou. O senador do PT revelou ainda que advogou nas reuniões que ao contrário da oposição, que quer apenas um chapão para federal, essa decisão abre novas possibilidades para a renovação política da FPA.
Salvando aliados
Um outro aspecto que Jorge Viana comentou diz respeito as situações dos deputados federal Sibá Machado (PT) e estadual Jonas Lima (PT). Os dois parlamentares ventilaram a possibilidade de desistirem de suas candidaturas à reeleição devido a problemas internos no partido. “Tive uma reunião de mais de três horas com o Sibá e o Jonas. Acredito que uns respeitando os outros será mais fácil unir para se alcançar o objetivo desejado. Num momento político delicado que o país atravessa não podemos prescindir de companheiros valorosos como o Sibá e o Jonas,” afirmou.
Cachimbo da paz
O senador também confirmou que nos próximos dias Sibá Machado e Jonas Lima terão uma reunião com Tião Viana e Marcus Alexandre. A tendência é que os problemas internos se resolvam para que os parlamentares da tendência DS fumem o cachimbo da paz com os “desafetos” da DR e sejam candidatos.
Inserção
Claro que essas duas chapas não interessam aqueles que já possuem mandato e de uma certa maneira prejudica o PT na busca pelas vagas de federal. Mas os partidos menores acabam sendo uma chave importante para alavancarem as candidaturas majoritárias. Sem oportunidades a política não se renova.
A lição que fica
Como qualquer coligação política a FPA também tem os seus problemas internos, que não são poucos. Mas adotam uma postura de tornarem públicas as desavenças depois de resolvidas nos bastidores. Se a oposição adotasse essa maneira de jogar o jogo político evitaria muitos desgastes desnecessários.
Política é coisa de mulher, sim!
Para comemorar o Dia das Mulheres vou abrir espaço para que três mulheres importantes da nossa política possam manifestar as suas posições a respeito da participação feminina na vida pública do Acre.
Deputada estadual Leila Galvão (PT)
Ela está no seu primeiro mandato na ALEAC, mas já foi prefeita de Brasiléia por duas vezes. Mais recentemente ajudou a eleger uma outra mulher para a prefeitura do seu município, Fernanda Hassem (PT).
– Deputada quais as conquistas das mulheres na política acreana?
“As maiores conquistas das mulheres na política do nosso Estado são os espaços que estamos construindo gradativamente pela força da nossa luta. Queremos ocupar as diversas esferas que possibilitam o nosso desenvolvimento social. Eu tive a oportunidade de assumir uma prefeitura e vejo muitas vereadoras nas Câmaras,
temos a vice governadora Nazaré Araújo (PT). Isso reflete as nossas conquistas. Ainda não conseguimos eleger uma governadora do Estado, mas a gente tem sonhos. Não tem sido fácil e a luta vem de muitos anos”.
– Deputada como a senhora analisa o fato de, por enquanto, a chapa majoritária da FPA, não ter nenhuma mulher?
“A gente poderia ter construído juntos com os partidos e a sociedade a possibilidade de termos um espaço mais representativo para que as mulheres pudessem participar desse processo de 2018. Vejo como um retrocesso. Poderíamos estar participando como titulares na disputa majoritária. Mas a nossa luta continua com esperança e união. Temos que lutar para ocupar os nosso lugares e não ficar esperando que a sociedade nos contemple com esses lugares. Nós mulheres representamos a maior parte da sociedade e temos capacidade, disciplina, determinação com tudo aquilo que a gente faz. Vamos continuar lutando sempre por um mundo melhor, mais justo e igualitário.”
Deputada estadual Eliane Sinhasique (MDB)
Jornalista e umas da principais comunicadoras do rádio acreano. Vereadora, deputada e candidata à prefeitura da Capital, em 2016.
Perguntei à deputada se não é uma discriminação às mulheres o fato de não haver candidatas nas chapas da FPA e da oposição para as eleições de 2018. Ela respondeu:
“Esses dias encontrei com uma pessoa muito importante no Estado, a vice governadora Nazaré Araújo (PT), que também tinha a vontade de ser candidata ao Governo. E alguém perguntou pra ela: ‘Por que não você a candidata?’ Ela disse: ‘Porque eu não tenho um pênis’. Há um machismo muito grande e quem domina as executivas, os diretórios e as presidências dos partidos são homens que não vêm com bons olhos a participação feminina, o que é muito lamentável. Mulheres são muito mais empenhadas, dedicadas. Mulheres têm medo de errar e, por isso, são mais caprichosas, honestas e trabalhadoras. Temos vontade de resolver as coisas de forma célere. Seria fundamental que tivéssemos para o Governo do Estado e outros cargos majoritários candidatas das mulheres. Os eleitores tanto femininos como masculinos deveriam ter essa opção para verificar essa qualificação das mulheres de fazer acontecer. Coisa que a gente não vê em alguns homens que empurram os problemas com a barriga. Ao passo que a nossa própria condição feminina nos faz fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Dar um peito na boca da criança enquanto mexe o arroz e fala ao telefone com a amiga e a roupa está de molho para lavar. Então a gente consegue ler e assinar documentos estando atentas, com uma percepção mais apurada, um sexto sentido maior do que o dos homens. Estamos dando passos. Há pouco tempo nem tínhamos o direito de votar. Atualmente podemos votar e sermos votadas que já é um grande passo. Quanto a política digo que não é coisa pra mulherzinha, mas para mulherão. A gente precisa ter sangue no olho e deixar a nossa ternura de lado para ser pragmáticas e fazer com que as coisas andem.”
Deputada estadual Doutora Juliana (PRB)
Ligada à Igreja Evangélica e deputada de primeiro mandato.
-Como a senhora vê a participação da mulher na política do Acre?
“Se eu falasse que houve evolução da participação das mulheres na nossa política estaria longe da realidade. Para falar isso nós precisávamos de uma representatividade maior. Veja que na ALEAC temos 24 deputados e apenas quatro são mulheres. Na Câmara Municipal de Rio Branco a mesma coisa. E também em cargos de outras áreas. A mulher ainda está longe daquilo que temos capacidade de assumir.”
– E o fato das chapas majoritárias aparentemente não terem representações femininas nas eleições do Acre?
“Acho que deveria haver uma reflexão sobre isso. Temos mulheres capazes de estarem ocupando uma vaga dessas. Acho que está faltando que as mulheres se empenhem mais para mostrarem a capacidade que têm.”
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