Quando ainda trabalhava em jornal de “papel” e escrevia uma coluna política diária – era bem lida, por sinal. Meu ex-chefe sempre chegava e dizia: Charlene essa coluna tá uma m., tá muito fraca. Só tem informação do centro, só tem informação da direita, só tem informação da esquerda. Não é assim que as coisas funcionam, Charlene! A coluna tem que ter esquerda, centro, direita, esquerda, centro, direita.
Um dia me irritei. Só assim meio rebelde, mas costumo me conter. Foi então que cumpri fielmente a ordem do chefe. Do meu jeito, claro. A coluna foi para as bancas com notas descendo ripa na esquerda, na direita e no centro.
Foi um Deus nos acuda! Sete da manhã ele estava no meu cangote; Tu é doida? Quer acabar comigo? Quer fazer teus colegas perderem o emprego? Quer fechar o jornal? Ao que respondi: ora, mas eu só fiz o que tu mandou. A coluna tem esquerda, direito e centro! Charlene, eu não sei onde estou que não te dou umas palmadas! Já chega, volta a escrever a coluna como antes. E tudo voltou ao normal… quer dizer, mais ou menos…
Você deve estar me perguntando, se chegou até aqui, por que estou dizendo tudo isso, né? É que tenho listo, visto e ouvido muita coisa sobre a política do Acre nos últimos dois meses. Não gosto mais de escrever sobre política. E até gosto, mas evito, porque essa minha veia rebelde, mulher-bomba sempre prevalece e aí eu me lasco, né?
Lembrei dessa história porque o Acre de hoje está muito semelhante ao daquela época, até porque alguns atores são os mesmos. E embora minha vontade seja a de fazer como no passado, serei mais moderada e vou apenas escrever algumas bobagens, afinal já não sou a mesma de tempos atrás. Sou, acredite, bem mais moderada, sem jamais perder a ternura.
Pois bem.
Hoje, sinceramente, o que os ditos grupos políticos acreanos de esquerda (?), direita (?) e o centro (?) estão a merecer é umas boas ripadas, umas boas verdades. Mas não de colunista de jornal escrito ou de site. Umas ripadas do cidadão mesmo. O senhor eleitor, o todo-poderoso e único verdadeiro e absoluto dono da verdade.
O que essa gente anda a fazer é de envergonhar o inferno. O nível de desrespeito, rasteira, traições e afins é de deixar o capeta de boca aberta. Nunca antes na história desse estado viu-se tanta sujeira jogada no ventilador (Santa Internet, Batman!!). E isso vale para todos os lados. Nem me venha com essa de que a oposição não se entende, os caras não sabem fazer política. A dita turma da esquerda também não fica atrás. Aliás, estão à frente em muitas coisas. E os de direita e de centro, onde quer que estejam, também não ajudam. Pelo contrário.
Política é a arte do diálogo, da convivência, das discórdias, rearranjos e acordos. O que li e vi ontem de pessoas de esquerda e de direita com essa decisão do MDB e as posteriores declarações do pré-candidato Gladson Cameli é de deixar de queixo caído o mais torpe dos vilões. Ofensas à honra, à vida, à família, à trajetória política de muitos. Xingamentos, avacalhações, preconceitos expostos à luz de grupos de WhatsApp (um viva às redes sociais e seus descalabros sem limites!), enquanto um outro grupo comemorava a desgraça alheia sem levar em conta sua própria desgraça.
Fiquei pensando… Esse povo que se diz dirigente, liderança, dono de votos, generais de mil, não estão trabalhando por um Acre melhor, mais justo ou pela continuidade de um bom governo. Estão todos preocupados com seu próprio umbigo, com suas próprias vantagens pessoais, com os cargos a conquistar ou a manter. O povo? Ah, o povo merece aquilo que Maria Antonieta mandou dar aos franceses: brioches. Só não podemos esquecer que a brincadeirinha dela gerou uma pequena revolta mundialmente conhecida como Revolução Francesa.
Os generais de mil, os senhores mais sábios que Salomão, precisam estar atentos para o fato de que os seus soldados, os soldados que realmente importam – e não os puxa-sacos que os seguem e (des)orientam – estão quietos e s devem ir à guerra em um único dia – sete de outubro – para e darem, no máximo, cinco tiros únicos e certeiros. E a continuar as coisas como estão, cuidado para que ao se receber os resultados das urnas, meus caros, não tenham que ficar a ver os navios prontos para o embarque rumo a Manacapuru ouvindo a música da Jojo Toddynho, aquela que diz:
– Que tiro foi esse???
Bom dia!
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