Logo após o anúncio do PMDB de rever a sua política de coligações na oposição, que pode levar ao afastamento da candidatura ao Governo de Gladson Cameli (PP), conversei com o senador. Ele me disse estar tranquilo:
“O PMDB é maior de idade, maduro e deve saber o que está fazendo. Eles podem ficar à vontade. Estou pensando é no futuro do Estado e trabalhando no meu mandato de senador. Agora, saibam que ninguém vai me empurrar um vice garganta abaixo. Vou escolher alguém que seja da minha total confiança. Não quero saber dessas brigas pessoais (se referindo as desavenças entre Márcio Bittar- PMDB – e o deputado federal Major Rocha – PSDB) Isso é um problema deles. Estou montando uma chapa para contemplar a todos e estou cumprindo todos os acordos firmados. Ouvi o Bittar falar um monte de coisas a meu respeito e simplesmente relevei e fiquei tranquilo para não criar confusão. O PMDB já tem seu espaço garantido na chapa majoritária. Agora tenha a certeza que quem vai dizer quem será o meu vice sou eu. E ainda não disse quem será. Então estão brigando por algo que ainda não foi decidido. Até o dia 15 de março vou anunciar. E tenha outra certeza, que serei candidato mesmo que seja só pelo meu partido, o PP,” desabafou Gladson.
Entenda o caso
É um “blefe” do PMDB para pressionar o Gladson sobre a vice?
Li atônito a matéria do jornalista Ray Melo sobre a “possível” saída do PMDB da coligação que terá o senador Gladson Cameli (PP) como candidato ao Governo. Tenho o maior respeito pelo presidente do PMDB, deputado federal Flaviano Melo (PMDB), mas essa possibilidade, na minha opinião, é praticamente nula. Algumas questões não batem. Por exemplo, o outro candidato da oposição é o Coronel Ulysses (Sem Partido) que teria possibilidade zero de ter o apoio do PMDB. Se essa possibilidade não existe, quem seria o candidato do PMDB ao Governo? Não vejo no momento nenhum nome trabalhado para uma possível candidatura própria. Outro fator é que a nota assinada pelo Flaviano fala em rever as políticas de coligações na oposição e não de afastamento da chapa que está sendo articulada. Se isso acontecesse como o Flaviano e a deputada federal Jéssica Sales (PMDB) iriam se reeleger? O PMDB tem nomes suficientes para ter coeficiente eleitoral para a eleição dos seus dois principais deputados acreanos? Então tudo me parece uma forma de pressão para que o vice não venha do PSDB. O PMDB quer que o conselheiro do TCE, Valmir Ribeiro, seja o indicado para a chapa com o Gladson. Além disso, para muitos peemedebistas o senador Petecão (PSD), por não estar unido ao candidato do partido Bittar, não agrada e querem os tucanos longe da chapa majoritária, segundo o que tenho ouvido de algumas fontes. É um jogo de pôquer. Resta saber se o Gladson vai pagar para ver se é um blefe ou se realmente o PMDB tem cartas para vencer a parada.
O pomo da discórdia
Na quinta, 2, o senador Gladson Cameli esteve em visita ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) acompanhado do deputado federal Major Rocha e da pré-candidata ao Senado, Mara Rocha (PSDB). A audiência de Cameli com o presidenciável ao lado Rocha e Mara deve ter “incomodado” dentro do PMDB.
Um mais um
Essa visita dos três ao Alckmin pode ter sido interpretada como a certeza de que Mara Rocha será indicada a vice pelo Gladson. Isso contraria os interesses do PMDB. Sem dúvida uma confusão que ateou fogo na estabilidade dessa ala da oposição. Recentemente escrevi que as chapas majoritárias tanto da oposição quanto da FPA ainda podem sofrer reviravoltas. Aguardem.
Jogando pra vencer
O lançamento de Mara ao Senado foi uma jogada brilhante do deputado Rocha. Uma recente pesquisa, que não se sabe quem encomendou, a coloca com uma porcentagem alta na disputa. Assim ficou mais que qualificada para ser a vice. Sem falar no fato de ser mulher e conhecida em todo o Acre. Essa visita ao Alckmin fechou a equação. Dificilmente deixariam o PSDB fora da chapa majoritária.
Jogo perigoso
O PMDB já tem o ex-deputado Márcio Bittar (PMDB) como candidato ao Senado. Agora, também quer indicar o vice. Se o jogo acontecesse só nos bastidores seria mais fácil. Mas como cada movimento se torna público a imagem de “racha” e “desentendimento” dentro da oposição fica mais consolidada para a população.
Ponta do iceberg
Nessa altura o Gladson já deve ter sentido na pele que não será fácil essa sua candidatura ao Governo. Por incrível que pareça, não por conta dos adversários do PT, mas pelo “fogo amigo” e o jogo de interesses que campeia dentro da coligação oposicionista.
Órfãos
Agora, e se o Gladson se cansar de brincar nesse jogo? Como ficariam as coisas? É o nome mais forte que a oposição tem há muitos anos para ganhar o Governo, mas que está sofrendo uma pressão enorme para poder se viabilizar. Realmente não dá para entender.
Deve estar rindo
Por outro lado, o presidente do DEM acreano Bocalom, deve estar se divertindo e se enchendo de razão com essa confusão. Praticamente é certo que perderá o domínio do DEM para o deputado federal Alan Rick (DEM) na próxima Convenção Nacional do partido. Assim deve trilhar o caminho de um partido menor e continuar apoiando o Ulysses.
Sem pista pra correr
Uma outra questão é que a candidatura do Bittar ao Senado sem o Gladson se enfraquece. Como vai se viabilizar para a campanha? Precisa de um candidato forte ao Governo. Sem isso fica muito difícil disputar uma eleição que tem pretendentes a senadores muito fortes.
Precipitação
Todas essas confusões acontecem porque as eleições no Acre são demasiadamente antecipadas. Imagina, faltando ainda cinco meses para as convenções partidárias todas as chapas majoritárias dos grupos políticos do Estado já estão formadas. Acho uma grande precipitação. O normal nessa fase ainda são as especulações sobre quem irá disputar a eleição. Mas por aqui antecipam em quase um ano essas decisões. Na realidade, ao contrário do que alguns colegas jornalistas e políticos acham, escolha de vice deve acontecer próxima as convenções. É uma carta na manga que pode ser usada para se conseguir alguma vantagem para a campanha. Veja se há contentamento na indicação do vice do candidato da FPA Marcus Alexandre. Ainda existem muitos questionamentos. Mas como diria João Saldanha, vida que segue e aguardemos os próximos capítulos dessa novela.
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