Aquele ditado “caso de ferreiro espeto de pau” está valendo para o deputado estadual Jairo Carvalho (PSD). Encontrei com ele nos corredores da ALEAC que comentava que havia acabado de receber o telefonema de um funcionário avisando que a energia da sua residência em Senador Guiomard havia sido cortada por falta de pagamento. Com bom humor, o parlamentar comentou: “A gente fica empenhado em ajudar as pessoas e acaba esquecendo de nós mesmos”. Esse “incidente” aparente banal mostra o espírito dos deputados na ALEAC no último ano da legislatura. Atualmente estão muito mais preocupados com as suas reeleições do que com os seus problemas domésticos. Na mesma roda de conversa estava o deputado estadual Chagas Romão (PMDB) que comentou: “Eleição é um negócio que mexe muito com a gente. Por isso mesmo desisti de me candidatar novamente à reeleição (já tem seis mandatos consecutivos). Nas campanhas a minha casa estava sempre aberta com pão de milho e ovos na mesa para os militantes. E os pedidos de ajuda dos eleitores cada vez maiores. Não estou reclamando, ao contrário, tenho muita gratidão a esse povo que me elegeu tantas vezes, mas está na hora de dar vez aos outros e ter sossego em casa. Não vou abandonar a política, só não quero saber de disputar mandato,” refletiu o Chaguinha, que virou uma espécie de guru para os deputados de primeira viagem. Todos pedindo dicas do caminho das pedras pra vencer eleição.
Questão de foco
Na ALEAC os deputados ficam pelos cantos falando das possíveis coligações para garantir a volta à Casa no próximo ano. Essa é a preocupação maior de cada um deles, estarem unidos a outros partidos com boas chances de reeleição. E lá não tem esse negócio de governistas e oposicionistas, todos se tratam cordialmente. Essa batalha insana e agressiva fica mais para os “bestas” das redes sociais que se agridem enquanto os políticos de todos os partidos se confraternizam muito além da ideologia.
Rumo “quase” certo
Nesse clima, pensando nas próximas eleições, o deputado Heitor Jr. (PDT) passou muito tempo reunido com os colegas parlamentares do Podemos, Raimundinho da Saúde e Joza da Farmácia. Uma “ave”, daquelas que fica de ouvido nas paredes da Casa, veio me dizer que Heitor deverá se filiar no Podemos. Uma chapa forte com três deputados com mandato.
Poucas palavras
O Joza da Farmácia não é de falar muito. Mas ele chegou pra mim e sentenciou: “Nunca vi isso. Só no Acre que os partidos e coligações não querem quem tem votos. No Amazonas é ao contrário, todos querem quem tem mais votos para aumentar a chance de eleger mais gente nas coligações”. Sabe que o Joza tem razão.
Não se enganem
O Joza não é de ocupar a tribuna pra falar. Quando o faz é com muito sacrifício. Mas tem um trabalho social de base no Juruá muito forte. Apesar de integrar a “bancada dos silenciosos” não deverá ter dificuldades para se reeleger. Joza passa a maior parte do seu tempo mais perto dos seus eleitores do que na Capital.
Um ou outro
Poucos minutos antes eu tinha me encontrado com o presidente do PDT, Luiz Tchê, que me confirmou que o clima com o Heitor não estava bom. “Ele não contribui com o partido,” reclamou. Em tempo, Tchê será candidato a deputado estadual depois de montar todo o jogo eleitoral para o PDT.
Novo “líder”
Um outro ponto a se destacar na sessão da ALEAC. Entrei no “serpentário” dos jornalista e enquanto cumprimentava os colegas ouvia o rumor do discurso do deputado estadual Antônio Pedro (DEM). De cada três palavras do parlamentar de Xapuri, duas eram elogiando o deputado federal Alan Rick (DEM).
Futuro previsível
Bocalom, atual presidente do DEM, que se cuide. Pelas falas do Antônio Pedro, é Deus no Céu e o Alan na Terra. Os dois querem apoiar a candidatura do senador Gladson Cameli (PP) ao Governo. Ao contrário do Bocalom que deseja o DEM alinhado com o Coronel Ulysses (Sem partido) na disputa. Será uma parada indigesta para o Bocalom. O DEM deverá ter o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM), como candidato à presidência da República e não irá abrir mão de dois parlamentares com mandatos. Assim não é difícil concluir para mão de quem a legenda irá depois da reunião do DEM, em Brasília, no dia 8 de março.
Ironias do destino
Por outro lado, quando a gente fala no nome do Alan para a deputada estadual Doutora Juliana (PRB) ela sempre fala: “Que Deus abençoe ele”, num tom de alívio. Parece que a saída de Alan do PRB não deixou saudades. A deputada do PRB irá fazer dobradinha com o presidente da Câmara de Rio Branco, Manoel Marcos (PRB), para federal.
Mineirice
O deputado Manoel Moraes (PSB) deverá ser um dos deputados estaduais mais votados nas próximas eleições. Trabalha com planejamento de campanha para os 22 municípios acreanos. É outro que não fala muito, mas está sempre com um olho no peixe e outro no gato. É um político de uma mineirice sem fim.
Do vera
Encontrei o vereador Roberto Duarte (PMDB) que fazia uma visita à ALEAC. Terno, gravata e barba por fazer. Ele me falou que nos próximos dias irá oficializar a sua pré-candidatura a deputado estadual. É um candidato forte sem
dúvida nenhuma.
Papo de índio
Li nas redes sociais uma postagem da jovem liderança indígena Biraci Jr. do povo Yawanawa de que não será mais candidato a deputado estadual. Devem escolher um outro nome para representar as nações indígenas na ALEAC. Pensa numa decisão acertada. Biraci Jr. e o seu pai, o cacique Biraci Brasil, têm uma representatividade em assuntos ambientais e sociais das minorias que ultrapassa as fronteiras do Acre. Entrar nesse jogo rasteiro das disputas políticas paroquiais provincianas seria uma perda de tempo.
A hora da confusão
Na oposição as articulações para vice e Senado ainda estão a todo vapor. Tem gente no PMDB que acha que o deputado federal Major Rocha (PSDB) e o senador Sérgio Petecão (PSD) deveriam se unir ao Major Ulysses. Segundo essa fonte, eles não falam a mesma linguagem do grupo que se articula em torno das candidaturas de Gladson ao governo e Márcio Bittar (PMDB) ao Senado. Por outro lado, mesmo dentro do PMDB, existem lideranças que não apoiarão o Bittar. Em vários setores da oposição o candidato do PMDB ao Senado também não é bem visto. Se preparem ainda para fortes emoções até o fechamento da chapa majoritária comandada pelo Gladson.
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