Roberto Feres*
Esta noite choveu bastante. Ao menos o bastante para causar inundações em muitos lugares da cidade.
Áulicos de plantão contam que foi a maior chuva que já aconteceu num mês de fevereiro e até apresentam números: 277,4mm em apenas 10 horas. Francamente, o que mais me impressionou foi a precisão de 4 dígitos.
Sobre maior chuva do mês, acho que me tornei especialista. Ainda na década dos 1990 o Emílio Assmar me chamou para falar de drenagem urbana em seu programa de entrevistas da TV Acre, após uma maior chuva já ocorrida até então num mês de março. Durante a construção do Parque da Maternidade dei outra entrevista, dessa vez para o Jorge Said, na TV Rio Branco, após uma maior chuva já ocorrida até então num mês de junho, salvo engano e, no ano passado fui provar um capuccino no Bar do Roberto Vaz após uma maior chuva ocorrida num mês de outubro.
Embora a bibliografia considere que uma chuva seja muito forte quando a taxa é igual ou superior a 50 mm/h, deflúvios entre 60 e 80mm em uma hora não são assim tão incomuns na Amazônia. A média na noite de ontem foi inferior a 30mm/h.
O Problema todo é que o último estudo sobre drenagens realizado para Rio Branco foi em 1985 (Plano Diretor de Drenagem / Rede Engenharia), quando a cidade mal passava do Horto Florestal, ao norte, e da Corrente, ao sul. O Calafate era quase outra cidade. Impermeabilizamos o solo com pavimentos e construções, reduzimos drasticamente a vegetação e não fazemos qualquer manutenção sistemática das redes.
A cidade não conta nem com um cadastro mínimo da tubulação de águas pluviais enterrada sob as ruas.
Houve um tempo, nas décadas de 1960 e 70, que a prefeitura construiu redes de drenagem com manilhas de cerâmica e com tijolos formando arcos. Algumas dessas obras existem até hoje no bairro do Bosque e no Centro de Rio Branco.
Nos anos 1980 também muito investimento foi realizado em saneamento e drenagem, recuperando áreas degradadas na Estação Experimental, Floresta, Vila Ivonete, Tropical, principalmente.
A partir daí os investimentos em drenagem passaram a ser cosméticos, dando ênfase às melhorias superficiais e ignorando as boas técnicas do Saneamento na construção e separação das redes de esgoto e drenagem, como exemplo nos projetos do Habitar Brasil da década de 1990, na baixada da Sobral, que erguia as ruas e deixava as habitações sujeitas às inundações, ou os diversos parques ao lados dos igarapés, já dos anos 2000.
Mas as pessoas têm culpa, porque descartam seus resíduos indevidamente e contribuem para o entupimento das redes!. Certamente há uma boa dose de verdade nessa afirmação, porém redes sem manutenção e mal construídas darão problemas sempre.
Chuvas que acontecem após uma longa estiagem, como as de setembro ou outubro, realmente carregam para as drenagens uma porção maior de detritos depositados indevidamente nas ruas. Muitos restos de construção, areia, solo solto ou até mesmo móveis e restos de poda doméstica são um grande problema nos finais do verão amazônico, porém estamos no mês de fevereiro quando muita água já lavou essas redes.
A questão é técnica: projeto bem feito, obra bem feita e manutenção bem feita. Político não ganha nada com saneamento em ordem, mas a população perde muito com o que não funciona.
*Roberto Feres é Engenheiro Civil
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