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Quando você confunde o escudo do Corinthians com o do Flamengo em uma camisa polo retrô e passa vergonha

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Leandro, o menino da foto acima e que não faz jus à sua importância, mas segue o baile, é afilhado da minha irmã e um misto de sobrinho-neto-filho (tudo junto e misturado), da minha mãe.


Léo, como o chamamos, completou 18 anos na quinta-feira, primeiro de fevereiro. Um adendo: é corintiano roxo, daqueles que briga, grita e defende o timão como poucos. Como bom torcedor fanático, ama camisetas de times e minha irmã já comprou várias, o que o deixa sempre muito feliz com a ampliação da coleção.

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Pois bem!


Léo queria comemorar o aniversário em uma pizzaria. No caminho abriu o presente que minha irmã comprou. Não há como definir em palavras sua alegria. Era um misto de venci-na-vida com glória-deus-aleluia, que só um presente que mexe com seu signo pode definir.


Outro adendo: Léo é duplamente especial. Primeiro porque é muito, muito amado. Segundo por conta de uma deficiência que o faz ter menos poros no corpo e sentir calor acima da média. Mas não há nele nenhuma deficiência intelectual ou cognitiva. Pelo contrário. É inteligentíssimo. E ama me zoar desde que aprendeu os primeiros passos.


Fiquei olhando aquela cena e lembrando do Léo pequenino batendo do portão de casa para ficar com minha mãe pela tarde toda, do garoto que nunca mexeu em nada, exceto no chocolate, porque é chocólatra desde o ventre, e que amava ficar no meu quarto vendo TV com o ar-condicionado ligado para fugir do calor. Nosso menino cresceu. É um jovem bonito e cheio de vida. Depois de tantas adversidades, é bom demais vê-lo em plena felicidade.


Mas tinha algo fora do tom na cena. Algo errado que eu não pude deixar passar batido, pois aquilo não tinha cara de Léo. Foi quando falei:


– Léo, quando foi que tu trocaste de time? E como assim ninguém me avisou que agora és flamenguista??


Meu amigo, graças aos céus que a Sara dirige devagar, eu estava no banco da frente. Léo me fuzilou com o olhar, deu uma pausa na alegria – estava literalmente acariciando aquele presente precioso e desejado para me rebater:


– Tá doidé? Charlene eu sou Curinthias!! Deus me livre de Flamengo!! Parece que não sei!! Sai de mim com essa Zica!!!


Ainda tentei argumentar:


– Mas Léo, essa camisa é do Flamengo, olha esse escudo…

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Minha irmã foi logo se defendendo:


– Comprei na Netshoes e lá dizia que era camisa-polo retrô do Corinthians, uma das mais vendidas do site. Ou seja, não tenho culpa de nada…


Léo suspirou de alívio como a dizer: ‘alguém tem juízo nessa família (que também é família dele)’ e continuou:


– Charlene tu é burra ó. Não tá vendo que isso é o escudo do Curinthians???? Tu não entendes nada de futebol mesmo… Tão inteligente, meu Deus e tão…


Não deixei que ele terminasse a frase e antes de mudar de assunto me defendi:


– É, não entendo mesmo de futebol, mas que esse escudo numa polo preta parece camisa do Flamengo, lá isso parece!!


Seguimos para a pizzaria e na volta fiquei pensando em como vivemos em um mundo dúbio onde nos confundimos frequentemente pelas aparências daquilo que não conhecemos. Que tecemos comentários sobre o que não entendemos e emitimos opiniões erradas em cima do que achamos que vemos.


Claro que o Léo não se magoou pelo meu comentário trocando o Corinthians – ô nome difícil de escrever, meu pai! – pelo Flamengo (insisto que o escudo é igual, só falta a estrela do mundial), mas insisto também que precisamos ter cuidado ao emitir opinião sobre o prazer, as paixões e os amores de outrem. No mais, parabéns pro Léo que segue corinthiano e viva eu com minha completa falta de conhecimentos futebolísticos, ou no popular, burrice mesmo. Como ele me ama, sempre desconsidera minhas escorregadas nessa área.


Talvez por eu ser meio-flamenguista, trouxe e trago todos a meu mundo. Leitura de cena é mais ampla que meu próprio mundo, limitado pelo que sei e por meus desejos.


A cena simples e singela me ensinou algo importante e profundo: o mundo do outro precisa ser observado com lentes que vão além do meio olhar de astígmata. Como eu te vejo nem é sempre como você me ver. Em tudo há que se respeitar a perspectiva dos que nos (se) rodeiam. Quão mais tolerante for o meu olhar. Às vezes o que vemos não é o que deve ser visto, o que percebemos não é o perceptível, o que entendemos no final é limitado ao que sabemos. Ver bem, perceber o real e entender o que se nos apresenta é uma habilidade chamada ‘leitura de cena’ – no caso a descrita.


Bons diassss!!!


Happy


Sábado foi dia de comemorar o aniversário de uma das pessoas mais especiais que conheço: pastora Fátima Arantes Batistela (na foto com o esposo, pastor José Daniel Batistela), que por motivos de agenda de trabalho, este ano comemorou a data em Natal (RN), mas com certeza vai ganhar celebração dos amigos no seu retorno. Pastora Fátima é amiga-mãe-conselheira de uma turma boa de loucos por Jesus que não desistem dos sonhos de Deus. Que ela possa continuar sendo sal e luz em nossa terra por muitos anos! Parabéns!!!



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