Não foram apenas as divergências administrativas internas que provocaram o racha entre o prefeito de Ilderley Cordeiro e o grupo político de Vagner Sales (MDB) que o apoiou durante o processo eleitoral em 2016. Segundo informações de membros do primeiro escalão da prefeitura de Cruzeiro do Sul, Cordeiro teria usado o resultado de uma pesquisa de avaliação de sua gestão, supostamente encomendada pelo senador Gladson Cameli (Progressistas), pré-candidato ao governo, para justificar as demissões de seis secretários municipais indicados por Sales, o que poderá significar mais um capítulo na novela da crise que se instalou dentro do bloco de oposição.
Segundo ainda informações do servidor, o episódio teria provocado um mal estar entre Vagner Sales, Ilderlei Cordeiro e Gladson Cameli, antes mesmo do anúncio oficial no início do mês de fevereiro, quando familiares e pessoas ligadas ao atual prefeito teriam se antecipado e falado na mesa de um bar das demissões e os motivos que levaram Ilderley Cordeiro a mudar seu secretariado. Uma semana após a notícia vazar entre um gole e outro de cerveja, Cordeiro chamou os indicados de Sales para uma conversa. Eles foram informados do resultado da pesquisa de avaliação que pede mudanças de rumos na administração.
O primeiro convocado foi Ivo Galvão, que ocupava o cargo de secretário de finanças. Galvão recebeu uma ligação de um servidor municipal informando que o prefeito queria conversar, no mesmo dia. Por volta de 16h, foi a vez de Rosa Sampaio, surpreendida pela demissão quando visitava de forma informal a sede da prefeitura. Na sequência, Neto Vitalino, Mário Neto, Antônio Lisboa e Dayana Maia, foram notificados pelo prefeito que teria informado: “Olha, o Gladson mandou fazer uma pesquisa e mandou eu ler um relatório que os marqueteiros dele fizeram, e quando li fiquei preocupado e tinha que tomar uma decisão”.
De acordo com relatos de um ex-secretário que a reportagem não vai citar o nome, Ilderley Cordeiro disse que “desde que ganhei a população ficava me cobrando mudanças, mas eu não ligava. O povo questionava que eu prometia ser um governo novo e realizar mudanças, mas fiquei com vocês e apenas mudei de secretaria, mas agora, depois que vi o relatório, a população apresenta essa questão como desgaste. Porque não mudei, fiquei com vocês mesmo depois de oito anos de administração do Vagner”, disse o prefeito que tentou atribuir os erros administrativos ao fato da permanência de indicados de Sales.
Questionado por um dos ex-secretários que disse: “Nós ganhamos para continuar. Eu não estou entendendo, prefeito”. Ilderley se defendeu destacando que não poderia perder o apoio de Gladson Cameli, nem perder a disputa pelo governo do Acre. “O Gladson me chamou e me determinou: ou eu tirava vocês ou ele se afastava de mim, e eu quero ganhar o governo, tirar o PT, e não tem outro jeito. Não é nada pessoal”. Após a repercussão da demissão dos secretários demitidos e exposição dos motivos, Vagner Sales chegou a ligar para Gladson Cameli e fazer uma conversa dura com o pré-candidato ao governo.
Procurado pela reportagem, Gladson Cameli nega que tenha qualquer tipo de envolvimento com a crise ente Vagner Sales e Ilderlei Cordeiro. Ele nega ainda a existência da pesquisa que foi usada como justificativa para a demissão dos indicados de Vagner Sales. “O problema é do Vagner e do Ilderley. Eu nunca pedi para ninguém sair. Todas as vezes que acontece algo dentro da oposição tentam colocar meu nome. O único prejudicado nessas brigas sou eu. O Vagner me ligou, mas eu falei que o que tinha para falar sobre o assunto falei. Eu não apoio esse tipo de situação. Ilderley tem que sentar e conversar com o Vagner. Essa pesquisa é dele mesmo, eu não encomendei pesquisa nenhuma”, finaliza Cameli.
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