Por Cesario Campelo Braga*
O julgamento de Lula é apenas uma estrofe da opera bufa que tem sido tocada no Brasil, na tentativa persistente de enterrar nosso país e nos fazer voltar à condição de serviçais do capital internacional.
Essa ópera iniciou seu processo antes da vitória de Dilma contra o então “queridinho” Aécio Neves. Eles (a turma do grande capital) acreditavam piamente que conseguiriam interromper o ciclo progressista no Brasil em 2014 pelas vias eleitorais. Porém, ao serem surpreendidos pela força da resistência popular democrática que se refletiu nas urnas, abriram mão de qualquer pudor e colocaram em curso um processo de esfacelamento do Brasil para se locupletarem do governo e voltarem a fazer do Estado sua maior ferramenta de obtenção de lucros.
A vitória de Dilma sinalizava que o ciclo que iniciou em 2002 e que duraria até 2018, perdurando por 16 anos, poderia durar mais oito anos com a possibilidade de Lula voltar à presidência já nas eleições de 2018, assim promovendo um grande ciclo e mudanças tão profundas na reconfiguração da geopolítica global, que talvez fosse impossível voltar a colocar o Brasil de joelhos diante do capital poderoso dos Estados Unidos (EUA) e União Europeia (UE).
Em seu primeiro ato eles cassaram Dilma sem provas, o que acarretou crises de todas as espécies – politica, econômica, institucional-, abrindo espaço para que a ponte para o futuro, que religaria o Brasil a seus antigos colonizadores e o devolveria ao capital, fosse erguida sob a égide do combate à corrupção, tendo como ponto alto o fim das indústrias nacionais, a entrega de nossos recursos naturais e a desregulamentação do trabalho.
Na verdade, atiraram no que viram e acertaram o que não viram. O resultado político do primeiro ato foi tão nefasto para o povo brasileiro que inviabilizou eleitoralmente toda e qualquer figura proeminente que pudesse assumir as rédeas da situação e manter as ligações que a ponte havia construído.
O caos social resultante desse processo reunificou a esquerda, que outrora encontrava-se dividida em decorrência das políticas econômicas aplicada pelo governo Dilma, defendida timidamente pelo PT e rechaçada pela esquerda e as forças progressistas do Brasil.
Essa unidade viu em Lula condições eleitorais para retomar o crescimento econômico com distribuição de renda, fortalecimento da indústria nacional, equilíbrio no desenvolvimento regional, altivez nas relações internacionais e segurança para a classe trabalhadora.
A ópera que havia sido programada para apenas um ato devido ao anunciado fracasso eleitoral teve de ser revisada. A vitória certa de Lula, assim como a possibilidade clara de rever todos os pactos construídos no meio do golpe, exigia novos movimentos.
Em seu segundo ato condenam Lula sem provas, tentando inviabilizar qualquer possibilidade de retomada democrática por meio do sufrágio universal. Seguindo o receituário de todos os movimentos, a decisão, mesmo questionada por milhares de juristas, é justificada nos jornais.
As notícias seguintes já são a aceleração da reforma da previdência e o anúncio prévio da próxima sentença contra Lula nas instâncias superiores.
Os chefões do capital lutarão, sem medir consequências, para que Lula não possa ser candidato. E, se mesmo assim der tudo errado e o povo e as forças progressistas continuarem do seu lado, já sabemos que eles não terão pudores para escrever o próximo ato, mesmo que afrontando a democracia e o povo brasileiro.
*Cesário é Militante do PT
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