Em ano eleitoral, a procissão de São Sebastião, em Xapuri, no interior do Acre, no dia 20 de janeiro, sábado passado, virou um palco para políticos candidatos.
O xapuriense Emylson Farias, candidato a vice de Marcus Viana, e o trio de candidatos a senador: Ney Amorim e Jorge Viana, ambos do PT, e Márcio Bittar (PMDB), se converteram, louvaram, oraram, fizeram promessas a São Sebastião no dia em que mais de 10 mil pessoas foram às ruas de Xapuri se render ao padroeiro, o mais guerreiro dos santos da igreja católica.
2018 é um ano de “conversão” de políticos. Vale qualquer coisa pelo voto: descer às águas do batismo, carregar vela, levantar as mãos, andar quilômetros descalço, rezar, orar, passar em corredor de sal, tocar atabaque, tomar banho de sal grosso e sabonete ungido, beber água ungida, segurar o “cajado de Moisés”, tomar o chá de ayahuasca, caminhar com tijolo na cabeça, marchar para Jesus… É a velha máxima maquiaveliana que casa muito bem com uma pseudo-religiosiodade: os fins justificam os meios. O discurso ecumênico, ainda que carregado de uma falsa convicção espiritual, em nome da conquista eleitoral.
Sebastião Viana, que não é candidato a nada, também foi à procissão. E faz isso todos os anos. É católico convicto. Não perde uma peregrinação santa em Xapuri, Rio Branco, Tarauacá ou Cruzeiro do Sul.
Márcio e Jorge Viana ainda participaram da corrida de São Sebastião. Ney também foi à missa, e Emylson Farias, sempre ao lado de Sebastião Viana, no primeiro banco da igreja, fez o gesto do sinal do cruz e seguiu toda a liturgia do começo ao fim.