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Márcio Gaiote, amigo de Bruno Borges, volta ao Acre e abre o jogo sobre os planos do “Menino do Acre”

Por
João Renato Jácome

As polêmicas envolvendo Bruno Borges, o “Menino do Acre”, continuam dando o que falar. Agora, o amigo dele, Márcio Gaiote– acusado pela mãe de Bruno, Denise, de furtar os móveis do quarto do estudante que haviam sumido junto com o filho-, voltou ao Acre e fez revelações bombásticas sobre os planos de Bruno e a amizade que mantinha com o jovem.


Bruno, de 24 anos, desapareceu em 2017 deixando para trás vários livros  criptografados e, ainda, o próprio quarto com as paredes personalizadas, à mãe, com palavras também codificadas. Bruno chamou a atenção do mundo pela forma com a qual desapareceu e deixou dois dos amigos mais próximos bastante prejudicados.


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A dupla de colegas, Marcelo e Márcio, ambos com as iniciais “M”, não sabiam que iam ficar marcados como criminosos porque, como bons amigos, resolveram ajudar Bruno Borges a mostrar à sociedade o sonho e os pensamentos que tinha como jovem escritor e amante da filosofia e das artes.


Denunciado por falso testemunho, Gaiote diz que ainda hoje vive as consequências do escândalo: perdeu o emprego, a namorada e ainda precisa ver a mãe depressiva. Segundo ele, a mãe está nessa situação porque não conseguiu lidar com o drama vivido pela família. Além disso, contou o rapaz, é preciso ficar longe das redes sociais.


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A reportagem tentou conversar com Bruno ou mesmo o pai dele Athos, mas o empresário não atendeu às ligações. Por mensagem de texto, em tom ameaçador, o empresário do “Menino do Acre” disse que só vai comentar as alegações de Gaiote ao ac24horas, na Justiça. “As alegações dele serão comentadas na Justiça… Apenas”, informou.


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Gaoite, que retornou ao Acre há poucas semanas, resolveu abrir o jogo e falou, com exclusividade, ao ac24horas.com. bem orientado pelo advogado, Márcio começou a entrevista deixando claro que não quer prejudicar ninguém, mas sim fazer um esclarecimento à sociedade, deixando claro que não é, e nem nunca foi um criminoso. Veja abaixo.


ac24horas: Apesar de alguns negarem, você se considera amigo de Bruno Borges?


Márcio Gaiote: Olha, eu me tornei amigo dele. Nós nos tornamos amigos, e isso faz mais ou menos um ano, um ano e meio. Apesar de tudo, eu sempre fui amigo, e prova disso é o que eu fiz: ajudei o Bruno e nunca sai por ai fazendo calúnias ou difamando a pessoa dele.


ac24horas: Você foi cúmplice do Bruno em toda essa história. De que forma você o ajudou? Qual sua participação?


Márcio Gaiote: Na verdade, eu não sei como tudo isso aconteceu. A minha ajuda ao Bruno foi apenas de mão de obra, e nada mais que isso. Eu escrevia, ficava lá com ele, mas eu nunca soube ao certo o que ele estava produzindo. Quando ele mencionou o projeto, ele me testou algumas vezes, e eu disse que se não fizesse mal a ninguém, ele podia contar comigo.


ac24horas: Como foi saber desse projeto que o Bruno Borges tinha em mente?


Márcio Gaiote: Ele foi me contando aos poucos. Eu achei legal, até porque se ele tinha um sonho, um projeto, quem era eu para dizer que não ia dar certo. Tudo foi bem aos poucos: ele foi dizendo que fez uns livros, que queria fazer um lançamento e que seria muito conhecido. E eu, como amigo, disse que ele podia contar comigo.


ac24horas: Você foi acusado de roubar os móveis do quarto? Você roubou esses móveis?


Márcio Gaiote: O Bruno já estava retirando os móveis. Ele pediu ajuda porque não iria conseguir fazer isso sozinho, e pediu ajuda porque não ia conseguir guardar esse segredo. Fui eu, ele e o Marcelo. Ele pegou um Strada prata, do Restaurante Pão de Queijo, e levou. Ele ia doar para uma amiga, mas como no caminho ela não atendia, nós levamos para a minha casa. Ele me disse que precisava tirar de lá porque faria o lançamento do livro.


ac24horas: Você acredita que o Bruno armou tudo isso?


Márcio Gaiote: Não. Eu não acredito nisso. Eu acho que tudo que está acontecendo é uma consequência da forma com que foram se gerando os fatos, por conta da mãe dele que queria saber onde ele estava, e eu acabei prejudicado nessa história toda. A família não sabia onde o Bruno estava, ninguém sabia, e nem eu. Eu vi aquilo como uma “obra de arte”.


ac24horas: Existe um contrato entre você, Marcelo e Bruno. Como foi que surgiu essa ideia de dividir os lucros? Vocês exigiram isso?


Márcio Gaiote: Primeiro: eu nunca imaginei a proporção que isso ia tomar. Segundo: eu não acreditava muito no início. Ele me convenceu a assinar esse contrato, porque era uma forma de ele agradecer o que eu fiz, e também o Marcelo. Eu não fazia questão desse dinheiro. Antes, eu não sabia se daria certo ou não. Mas já se visava um lucro, é claro.


ac24horas: Você diz que não fazia questão desse dinheiro. Se não fazia, porque então procurou a Justiça?


Márcio Gaiote: Eu resolvi ir pra frente com isso, porque com o desaparecimento do Bruno toda a responsabilidade veio para cima de mim e do Marcelo. A minha família recebeu essas acusações de forma muito negativa, porque fui até acusado de furto pela mãe do Bruno. Ela dizia que eu tinha cometido um crime de furto, o delegado acatou. Eu tive que pagar advogado por conta disso. Também tive problemas com meu relacionamento. Algumas pessoas chegaram a dizer que eu havia matado o Bruno. Foi um impacto muito grande na minha vida.


ac24horas: Você tem mágoas da Família Borges, da Denise Borges? O que você quer de fato?


Márcio Gaiote: Não tenho mágoas, mas quero Justiça. Já me chamaram até de assassino. As pessoas que vivem em outros estados falaram coisas absurdas nas redes sociais. Eu precisei tirar as minhas redes, e precisei prestar contas socialmente sobre onde ele [o Bruno] estava. Eu fui taxado de ladrão. Eu já estava até morando em outro estado.


ac24horas: De fato, deve ser bem difícil conviver com esse drama, com polêmica diária. Mas, eu quero saber de você, o que mais te toca em toda essa história. Dá para dizer isso?


Márcio Gaiote: Ah! A pior coisa em tudo isso foi a minha mãe. Ela é professora há mais de década. A Denise foi à casa da minha mãe, como se fosse uma amiga, e depois fez uma denúncia como se eu tivesse roubado os móveis. Minha mãe estava trabalhando quando a polícia chegou lá na escola dela e a levaram para casa. Eles queriam cumprir um mandado de busca na minha casa. Foi uma vergonha, um constrangimento desnecessário a ela. Até hoje, para você ter ideia, João, ela não se recuperou. Está afastada, viajou para Minas Gerais, e está fazendo tratamento psicológico por conta de tudo que ocorreu. Isso me toca muito.


ac24horas: Como está a sua relação com o  Bruno Borges hoje? Vocês se falam?


Márcio Gaiote: Infelizmente, não. Não temos nenhuma relação. Depois que ele reapareceu eu falei com ele ao telefone uma vez. Sobre os livros, quando eu perguntei, ele me pediu para falar com o empresário dele [o próprio pai, Athos Borges], que ele repassaria as informações. Mas, com o Bruno, eu nunca mais falei. Infelizmente eu preciso passar por isso parar recuperar um prejuízo que eu tive.


ac24horas: Que  mensagem mais você quer deixar à sociedade?


Márcio Gaiote: Eu só quero dizer que quando o Bruno voltou, foi provado que eu não roubei nada, e que eu não sou nenhum tipo de criminoso. Diferente do que a mãe dele falou, eu sou inocente nessa história toda. Eu não sou bandido, sou trabalhador. Só por conta dessa denúncia, precisei pagar R$ 5 mil para um advogado me representar, e isso da noite para o dia. Então, assim, eu só quero isso, porque eu tive um prejuízo enorme sem ter cometido crime algum.


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João Renato Jácome

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