Uma vez me encontrei com o Pastor Agostinho da Igreja Batista do Bosque (IBB) nos corredores da ALEAC e ele me disse: “Nelson eu não quero saber de política. Tenho outros compromissos espirituais muito mais importantes”. Esse diálogo se deu porque, na ocasião, eu queria saber algumas posturas do sacerdote em relação a acontecimentos políticos daquele momento. Por isso, estranhei duas coisas: primeiro o batismo do prefeito Marcus Alexandre (PT), no final de dezembro no IBB, que teve as fotos amplamente divulgadas nas redes sociais. E a excelente e esclarecedora entrevista que o Pastor Agostinho deu ao jornalista Luiz Carlos Moreira Jorge. Nos dois casos não há como negar o viés político. O condutor do rebanho de fiéis da IBB confessa o seu apoio ao Marcus para o Governo do Acre e ao Bolsonaro para a presidência da República, em 2018, além de deixar nas entrelinhas a sua decepção com o deputado federal Alan Rick (DEM). Aliás, durante a campanha de 2014, encontrei com Alan e o Pastor em Cruzeiro do Sul. Não sei se era pedindo voto ao pupilo ou tratando de assuntos eclesiais. Mas Agostinho esqueceu de falar na entrevista ao Crica da influência que a sua igreja também exerce sobre a gestão do prefeito de Cruzeiro do Sul, Ilderlei Cordeiro (PMDB). Pelo menos é isso que as pessoas comentam e, claro, Ilderlei assumidamente faz parte do rebanho da IBB. Uma bênção, meus irmãos.
Mais política em Nome de Deus
Na Assembleia de Deus do Acre as coisas também andam bastante agitadas em relação a política aqui da terra. Lendo as excelentes reportagens do Luciano Tavares, no AC24horas, sobre as mudanças de rota do principal grupo de assembleianos acreanos fiz a seguinte leitura. O grupo religioso fará parte de uma dissidência da Assembleia Secular, comandada pelo Pastor Samuel Câmara, irmão do deputado federal Silas Câmara (PR) e cunhado da ex-deputada Antônia Lúcia (PR). Por mais que o Pastor Gonzaga, que recebeu recentemente uma honraria do prefeito Marcus Alexandre, evite falar em política, a soma de um mais um é sempre dois. A Missionária que deve ser candidata a deputada federal certamente está comemorando a reviravolta da Assembleia de Deus do Acre.
Caminhos abertos
Por outro lado, a tendência é a Assembleia de Deus tradicional cair nas mãos do Pastor Pedro Abreu que, por acaso, é sogro do deputado estadual Jairo Carvalho (PSD). Me disseram que eles pretendem abrir novas igrejas para reforçar a denominação evangélica secular no Acre. O ano de 2018 promete ser bastante agitado nas igrejas pelo Estado afora.
Entre o Céu e a Terra
Claro que a religião e política não andam de mãos dadas só entre os evangélicos. No Acre, as correntes mais progressistas da Igreja Católica, também já exerceram influência sobre os rumos do Estado, em outros tempos. Quem não se lembra das ações do Bispo Dom Moacyr Grechi? Ele foi uma espécie de guru para as primeiras gestões do PT no Acre.
Entre os santos do Céu
Durante a inauguração de uma escola na Cidade do Povo, não faz muito tempo, o padre Asfury, católico, afirmou que se o governador Tião Viana (PT) não fosse para o Céu nem ele que é padre iria. Portanto, não é preciso perguntar qual o partido da simpatia do sacerdote de Xapuri.
E tem mais…
A Igreja do Bispo Macedo, Universal do Reino de Deus, no Acre, tem uma ligação estreita com o grupo da deputada estadual Doutora Juliana (PRB) e do presidente da Câmara da Capital, Manuel Marcos (PRB). Uma candidata natural à reeleição e o outro a deputado federal. O PRB é um dos partidos da FPA.
Olho vivo
Durante as eleições de 2018 é preciso que o TRE e outros órgãos de fiscalização fiquem atentos. Acho que qualquer cidadão ou cidadã tem o direito de fazer as suas escolhas políticas. Mas um líder religioso não pode influenciar diretamente seus fieis que procuram uma igreja para alimentar a alma e não receber doutrinação política. Por incrível que pareça a nossa Constituição de 88 estabeleceu no Brasil um Estado Laico, ainda que na prática não seja isso que assistimos diariamente.
Colado na sombra
Tenho visto muitas fotos do senador Gladson Cameli (PP) nas suas andanças pelo interior. Sempre ao seu lado o cunhado deputado estadual Nicolau Júnior (PP) e o pré-candidato a federal Rudiley Estrela (PP). Seriam os dois prioridades para Cameli eleger em 2018?
Bola nas costas
O ex-prefeito Vagner Sales (PMDB) fez das tripas o coração para eleger Ilderlei prefeito. Agora, o apoio do gestor vai para o tio Rudiley. Ainda que a deputada federal Jéssica Sales (PMDB), filha de Vagner, seja quem mais coloca recursos para a prefeitura de Cruzeiro do Sul. Vai entender a política.
Zum, Zum, Zum
Parece que Ilderlei vai se livrar dos seus secretários indicados por Vagner. Esse é assunto do momento em Cruzeiro do Sul. Se isso for verdade acho coerente para os dois lados. Vagner se livra da responsabilidade de um eventual fracasso da gestão e Ilderlei monta a equipe com a sua cara e o seu jeito. É um negócio de judeu, bom pra todo mundo.
Perda da mamata
Claro que para alguns que receberam como secretários municipais nos oito anos do Vagner e continuaram com o Ilderlei não é bom negócio. Mas tiveram um tempo largo para fazerem um pé de meia. Depois não dá para servir a dois senhores ao mesmo tempo. Terão que optar entre apoiar a Jéssica ou o Rudiley.
Assim não…
Assisti a um vídeo do senador Gladson Cameli prometendo na Câmara Municipal de Mâncio Lima resolver o problema da estrada que liga o município a Cruzeiro do Sul. Ponto um, a responsabilidade é do Estado através do Deracre. Ponto dois, utilizar uma empresa particular para tapar os buracos da via pode dar uma confusão judicial tremenda em ano de eleição.
O teatro é nosso
Meus leitores de Tarauacá mandaram críticas severas à prefeita Marilete Vitorino (PSD). Segundo me explicaram o belo Teatro José Potyguara esteve fechado desde que a prefeita assumiu. Mas foi reaberto para um “suposto” ato político com o presidente do Banco da Amazônia, Marivaldo Melo, pré-candidato a deputado federal pelo PSD. Agora, se o evento foi institucional ou político fica para o Ministério Público Eleitoral apurar. Mas de qualquer maneira uma imprudência sem fim. Como se diz no Acre, deram cabimento para os adversários falarem…