O Sicoob/Bancoob será o primeiro sistema de cooperativas de crédito a conduzir operações de crédito do FNO – Fundo Constitucional de Financiamento do Norte. É o que permite um convênio no valor de R$ 40 milhões assinado em Belém (PA), nesta quarta-feira, 19, entre o Banco da Amazônia e a entidade cooperativista.
A assinatura do convênio aconteceu na sede do Banco da Amazônia durante uma reunião com a participação do presidente da instituição financeira, Marivaldo Melo, e dirigentes do sistemas de cooperativas do país: Sicoob/Bancoob, Sicredi/Bansicredi, CredISIS e Cresol.
O Fundo Constitucional de Financiamento do Norte tem o objetivo de contribuir para a promoção do desenvolvimento econômico e social da região, através de programas de financiamento aos setores produtivos privados.
O convênio de repasse do FNO contempla as regiões rurais e urbanas, inclusive pequenos e grandes empreendedores e produtores.
Durante o encontro foram informadas as bases e condições de repasse dos recursos. Pelo convênio, o Banco da Amazônia repassará os recursos às instituições operadoras com base nos cronogramas de desembolso das operações por estas contratadas ou em periodicidade preestabelecidas entre as partes.
O presidente do Sistema OCB/AC, Valdemiro Rocha, que participou da reunião, lembra que a partir de janeiro iniciam as operações. Ele classifica o convênio como um momento histórico.
“O documento reflete a operação que já vai poder ser feita a partir de janeiro de 2018. Foi uma luta de mais de dois anos, foi uma luta de muito tempo. É um divisor de águas”, diz.
O presidente do Banco da Amazônia, Marivaldo Melo, foi o principal condutor do processo, das discussões até a assinatura que permite, na prática, a participação das cooperativas na operacionalização do FNO.
Marivaldo Melo afirma que a instituição financeira conseguiu romper uma resistência interna para ampliar seu alcance nas mais diversas cidades do norte do país.
“Vai gerar bons resultados para o Banco da Amazônia e aumenta a possibilidade do acesso. É um momento importante. Superamos uma resistência interna. Vale lembrar que nós não temos as cooperativas como concorrentes, mas sim como parceiras”, lembra.
Para sair do papel, o convênio contou com a mediação política dos senadores Sérgio Petecão (AC), Valdir Raupp (RO), Cidinho Santos e José Medeiros, do MT, e do deputado Luiz Claudio Pereira Alves (RO).
“Quem trabalha com a pecuária, com a produção, e que precisa desse recurso não pode esperar, quer pra hoje, pra agora, e a burocracia às vezes atrapalha, sem falar na impossibilidade que o Banco da Amazônia tem de atender a demanda. Agora, com as cooperativas vai facilitar muito”, salienta Petecão.
O governador do Acre, Sebastião Viana, também teve fundamental importância junto à presidência do Banco da Amazônia no processo que culminou na efetivação da parceria por acreditar que o cooperativismo é o caminho mais rápido para a concessão de crédito para pequenos, médios e grandes empresários da cidade e do campo.
“A palavra que mudou a história da economia do mundo, a partir do século 19 até o final do século 20, foi uma só pra economia: crédito. Então a coisa mais importante para desenvolver qualquer região é a palavra crédito. E eu intermediei junto ao presidente Marivaldo, porque o sistema de cooperativas tem agilidade do crédito que às vezes o sistema financeiro do bancário público não tem. E isso vai facilitar muito. O presidente Marivaldo foi sensível, abriu uma primeira linha de R$ 40 milhões, e eu penso que isso vai trazer um benefício social grande. Vai ajudar a economia, vai ajudar empresários rurais, vai ajudar empresários a acessar o crédito em condições operacionais mais fáceis. Foi um prazer ter ajudado”, diz o governador.
Convênio e parceria com as prefeituras
Nos últimos 30 dias dois importantes acontecimentos convergiram para a expansão do cooperativismo brasileiro: o convênio com o Banco da Amazônia e a lei aprovada na Câmara dos Deputados que permite às cooperativas de crédito captarem recursos das prefeituras e de instituições municipais incluindo empresas comandadas pelos Municípios brasileiros.
São medidas que fortalecem a essência do sistema cooperativista, que é a proximidade com a sociedade por meio da ampliação dos serviços cooperativistas via prefeituras e disponibilizando créditos do FNO.
Vale lembrar que a matéria que trata da parceria com as prefeituras foi aprovada na forma de um substitutivo determinando que se os recursos movimentados pelos municípios forem superiores ao limite do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), de R$ 250 mil, a cooperativa deverá obedecer aos requisitos prudenciais estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Já o convênio com o Banco da Amazônia prevê que as cooperativas comecem a disponibilizar créditos a partir de janeiro de 2018.