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Ao afrontar promotora, deputado do PT nos dá uma lição de desfaçatez

Por
Archibaldo Antunes

O deputado federal Léo de Brito (antes Léo do PT), resolveu dias atrás passar uma descompostura na promotora de justiça Alessandra Garcia Marques, por conta de um ‘meme’ publicado por ela no Facebook, no qual Lula é retratado de forma jocosa. O petista, na crítica endereçada à promotora, foi extremamente duro e deselegante, ao contrário da Dra. Alessandra – cuja tréplica, confesso, me decepcionou pelo excesso de polidez.


Quem me conhece sabe que adoto o estilo “bateu, levou”, e às vezes espanco sem nem mesmo ter apanhado. Respeito, porém, o fato de dona Alessandra proceder de forma diferente da minha, ainda que considere a resposta que deu ao parlamentar do PT muito aquém do que ela merecia, dada a virulência do reclamante.


Sob o argumento de que a postura da Dra. Alessandra Marques nas redes sociais macula a imagem da instituição à qual ela pertence, Léo de Brito, no fundo, tentou cercear o direito de uma cidadã de expressar o que pensa, já que seu discernimento a coloca do lado oposto daqueles que continuam a cultuar Lula – a maioria dos quais certamente impelidos pela ignorância.


Coubesse ao próprio Léo de Brito o argumento que utilizou contra a oponente, não teria desqualificado ainda mais o Poder Legislativo ao entoar a ladainha esquizofrênica que tratou de golpe o processo de impeachment contra Dilma Rousseff. E também teria nos poupado de tentar amenizar a pilhagem engendrada pelos próceres do seu partido em estatais como a Petrobras e o BNDES.


Léo de Brito tem o direito de repetir as tolices costumeiras quando se trata de defender o legado de Luiz Inácio. Cabe-lhe também a prerrogativa de criar versões para a atuação do seu partido no poder, ainda que a realidade o desminta ao mostrar a instrumentalização do Estado e o uso da economia nacional para prolongar a estadia dos
companheiros no Palácio do Planalto.


O que lhe é vedado, acredito, é achar-se detentor do arbítrio de decidir quem tem ou não a prerrogativa de manifestar suas ideias políticas nas redes sociais, ainda que a postagem seja de autoria de uma promotora do Ministério Público. Além do mais, não esqueçamos o detalhe de que o personagem ironizado na publicação
de Alessandra Marques foi condenado em primeira instância a 9,6 anos de cadeia e responde a outros processos por corrupção.


A reação do deputado petista, ao qualificar de “escárnio” a publicação da promotora contra Lula, demonstra que a ‘igrejinha’ dos companheiros continua a não se ocupar da remissão dos próprios pecados, por piores que eles sejam. Léo de Brito, pelo visto, é do tipo que acredita que é o ladrão – desde que seja um correligionário – é quem deve mandar prender o juiz.


*Archibaldo Antunes é jornalista


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Archibaldo Antunes

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