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Moisés Diniz faz homenagem aos 80 anos da Academia Acreana de Letras

Por
Assessoria

O deputado federal Moisés Diniz (PCdoB) fez uma substantiva homenagem à Academia Acreana de Letras pelos seus 80 anos. Moisés é membro da academia e tem livros publicados, como O Santo de Deus, Bandeira Gêmea, Exclamações Populares e Palestina.


Segue a homenagem do parlamentar e escritor:


Os 80 anos da Academia Acreana de Letras é uma data magnífica, pela sua história, suas raízes e sua eterna relação com o Acre real, de seus instantes mágicos, de sua ancestralidade.


Quando alguém, além de nossas fronteiras, afirma que o Acre é um lugar especial, um pedaço encantado do Brasil, como se o seu povo fosse feito de diamante, os mais apressados enxergam uma defesa exagerada da territorialidade ou um acreanismo sem nenhum valor.


Quando a Academia Acreana de Letras completa 80 anos, como uma pedra de carvão que fala, tem sentimento, torna- se diamante, chora, resiste, torna-se dia, noite, amante… Então, a gente pode comparar.


Comparar o Acre com outros lugares desenvolvidos, bem dotados, nutridos. Inacreditável, como aqui as letras
influenciaram a vida, deixaram marcas na história.


Em 17 de novembro de 1937, acreanos de valor fundaram a Academia Acreana de Letras. Apenas 34 anos separavam aquela data mágica da data de nossa própria existência como povo.


Apenas 34 anos entre a existência do Acre brasileiro e a fundação de sua Academia de Letras, o lugar onde o palpável cede lugar ao abstrato da imaginação e da ternura das letras.


Ao nosso lado, o poderoso vizinho Amazonas demoraria 163 para fundar a sua academia de letras. Em 1755 era
constituída a Capitania do Rio Negro e somente em 1918 seria criada a Academia Amazonense de Letras. Esse o
exemplo do norte, da Amazônia.


Vamos ao rico sudeste. Minas Gerais, em 1709, já era o centro econômico da colônia, mas a sua academia de
letras seria fundada somente em 1909. Nada menos do que 200 anos depois da existência daquele rico lugar.


Exemplos não faltam. Em 1532 foi criada a Capitania de Pernambuco, mas a sua academia de letras foi criada
somente 369 anos depois, em 1901.


A própria Bahia, onde foi forte e simbólico o desejo de olhar para a imaginação do homem e a sua rebeldia, somente em 1724 foi criada a Academia dos Esquecidos e depois a Academia dos Renascidos em 1759, duas das primeiras tentativas de dotar o Brasil de uma entidade cultural capaz de congregar os interesses literários.


Ocorre que em 1572 já existiam dois governos no Brasil, o do Rio de Janeiro e o da Bahia. Assim, mesmo lá, a
Academia de Letras só surgiria 152 anos depois.


Nem o Brasil e os seus 500 anos de história escapam à comparação. A Academia Brasileira de Letras foi fundada
em 1897, nada menos do que 397 anos depois do descobrimento. Apesar de Machado de Assis.


Aliás, dezenas e centenas de anos depois de muitos fatos importantes. A Academia Brasileira de Letras foi fundada
89 anos depois que a Família Real chegou ao Brasil.


O príncipe regente D. João fundou o Banco do Brasil, o Jardim Botânico, a Imprensa Real e a Escola de Medicina,
mas não fundou a academia de letras.


Pedro II proclamou a Independência, mas ainda demorou 75 anos para ser fundada a Academia de Letras do Brasil.
Veio a Proclamação da República, mas não fundaram a Academia das Letras, que nasceria somente 8 anos depois.


No Acre tudo foi diferente. A letra nasceu primeiro, junto com a sua imaginação, a sua liberdade em relação ao
poder, a sua autonomia intelectual e a sua eterna utopia. Fazer do Acre uma terra de homens e mulheres livres, decentes e felizes.


Por aqui, como meninos no meio das águas, acabávamos de completar 17 anos que tínhamos governador e apenas 3 anos que havíamos conquistado o direito de ter representante no congresso nacional, apenas duas vagas
na imensidão do Brasil. Assim, acredito que a fundação da Academia Acreana de Letras, apenas 34 anos depois da nossa existência como gente brasileira, merece uma reflexão sobre a liberdade, a fraternidade e a igualdade que estamos construindo.


Que liberdade queremos para os nossos filhos? Que igualdade? Que fraternidade? Responder a essas interrogações é tarefa nobre daqueles que olham o Acre nos 70 anos de fundação da Academia Acreana de Letras.


Vida longa a todos vocês, queridos confrades e confreiras da Academia Acreana de Letras! Muito obrigado pela
travessia! Vocês nos trouxeram até aqui, cheios de luz,irreverência, utopia, amor à vida, abraços e poesia.


Encerro, fazendo um chamamento. Vamos utilizar o diamante que a vida nos deu, a força das letras, da literatura, da poesia e do conhecimento, para proteger a nossa juventude nos lugares mais frios, nas periferias, nos ramais, nas aldeias indígenas e nos rios.


Vamos levar letras e sonhos, algoritmos de esperança contra as drogas, o desamor e a depressão. Vamos
encontrar um jeito de erguer abraços, de letras, de esperança, de fraternidade juvenil, de vida contra a morte.


Vida longa às letras! Muito obrigado!


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Assessoria

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