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Jorge Viana: “Os retrocessos ambientais do Brasil são uma ameaça para todos”

Por
Nelson Liano Jr.

Está acontecendo em Bonn, Alemanha, até o dia 17 de novembro, a COP23 (Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas), o mais importante encontro ambientalista do planeta. Mais de 30 mil pessoas entre estadistas e técnicos de 190 países estão debatendo os impactos sobre o meio-ambiente das atividades produtivas industriais que geram o aumento da temperatura planetária. O Acre está presente com uma comitiva integrada pelo governador Sebastião Viana (PT), secretários, parlamentares e técnicos.


A COP dedicou o dia 14 de novembro à Amazônia. Nessa data o governador assinou um acordo que vai render R$ 100 milhões ao Estado doados pelos governos do Reino Unido e da Alemanha. Os recursos serão investidos em ações nas comunidades indígenas e também para fomentar a economia solidária sustentável através de cooperativas.


O senador Jorge Viana (PT) participa da COP como presidente de uma comissão parlamentar mista de senadores e deputados federais brasileiros. Nesta quinta, 15, preside um evento no Espaço Brasil para discutir a agenda legislativa que deve ser cumprida no Congresso Nacional para implementar o acordo do Clima, assinado em Paris, em 2015. Será uma mesa interativa dos parlamentares com as ONGs, empresários e governos para estabelecer ações práticas da redução de emissão de gases que afetam a temperatura do planeta.


Aumento do clima: um problema de todos
Numa entrevista, exclusiva ao Ac24horas, por telefone de Bonn, o senador acreano resumiu os propósitos da COP 23.


“A ameaça da mudança climática tem que ser enfrentada pela humanidade porque coloca em risco a vida no planeta. O custo de adaptação das cidades e aos seres humanos à mudança do clima é quase impossível de ser pago. Então o melhor é evitar que a temperatura planetária suba mais dois graus. Esse foi acordo de Paris que todas as nações assinaram. O desafio agora é como fazer que o modelo de produção e consumo seja de baixo carbono para que possamos ter uma economia sustentável e não esse modelo que esgota os recursos naturais, emite gases e altera o clima do planeta,” disse Jorge Viana.


A comissão legislativa teve recentemente uma reunião com a secretaria executiva da COP, Patrícia Espinosa, para analisar os problemas debatidos e as perspectivas de transformações dos paradigmas produtivos que afetam o clima.


“O Brasil tem um papel importante por ter sediado a Rio 92, que deu origem às COPs e, posteriormente, a Rio Mais 20. Mas o nosso país também é motivo de preocupação por conta do desmatamento. Nos governos Lula e Dilma houve uma redução de 80%, mas nos últimos três anos voltou a crescer e perdeu 10%. Na estatística mais recente houve uma redução de 34% de desmatamento na Amazônia. Isso é uma notícia boa, mas sabemos que a agenda negativa de meio-ambiente do Governo Temer é grande. Um exemplo foi a RENCA que queriam desmontar e só não aconteceu pela mobilização de artistas e do Congresso. Com isso fizemos o Governo voltar atrás. Mas tem todo tipo de ação capitaneada pela bancada conservadora que quer o retrocesso ambiental. E o Brasil tem uma responsabilidade muito grande porque tem 20% de toda a biodiversidade planetária está no seu território,” salientou Viana.


Trilhões para a destruição
Um dos assuntos relacionado ao Brasil na COP que tem gerado polêmica e a preocupação dos ambientalistas é a Medida Provisória (MP) assinada pelo presidente Temer e o ministro da Fazenda Henrique Meirelles.


“Todos foram pegos de surpresa com a MP 795, que no meio de uma austeridade concede um trilhão de isenção fiscal para as grandes petrolíferas explorarem o Pré-Sal, até 2040. Enquanto as nações querem tirar de circulação o carro movido ao combustível fóssil substituindo pelo elétrico, o Brasil vai na contramão da tendência. Isso virou um escândalo. O próprio ministro Zequinha Sarney disse que não concorda porque é um absurdo,” ressaltou o senador do Acre.


Jorge destaca ainda que o aumento da temperatura do planeta afeta principalmente quem vive na Amazônia.


“É preciso estar atento porque a mudança climática não é uma coisa para um futuro distante, mas que já está acontecendo agora. Como disse o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a atual geração é a primeira a sentir os efeitos das mudanças climáticas e poderá ser a última com possibilidade de fazer alguma coisa. Então todos têm a obrigação de combater a mudança do clima. No Acre já sentimos as alagações e as secas. Precisamos entrar na linha de frente da batalha para estancar esse processo. Tenho uma vida ligada à questão ambiental e vou continuar a trabalhar para alertar as pessoas dos riscos para a sobrevivência da nossa espécie no planeta decorrentes das mudanças climáticas,” finalizou Jorge Viana


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Nelson Liano Jr.

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